...DAVID...
Eu não conseguia acreditar que Isabella havia aceitado. Mesmo sendo um empresário de sucesso que era muito bem tratado por todos, eu ainda fiquei sem palavras. Havia algo tão inocente sobre ela.
E, mesmo assim, ali estava ela, fechando um negocio que a forçaria a mudar completamente de vida. Mesmo pagando as contas do hospital, ainda me sentia em dívida com ela.
Alguns dias se passaram desde que eu fui atrás dela no hospital e hoje era o dia em que nos encontraríamos para discutir os pormenores do acordo. Eu a convidei para tomar chá no Plaza e ela prontamente aceitou.
Quando ela perguntou “qual praça?”, eu não consegui segurar a risada. Ela era encantadora. Eu tinha acabado de sentar à mesa de sempre, no canto, com uma poltrona de veludo de cada lado.
Muitos dos meus sócios frequentavam o lugar, mas esse cantinho, escondido atrás de arranjos florais e decorações de mesa, ajudava a evita-los. Eu estava checando meu e-mail quando senti a aura do ambiente mudar, como se uma brisa atravessasse uma sauna, deixando todos que estivessem dentro do cômodo refrescados.
Levantei a cabeça e ela estava lá. Seu nervosismo era perceptível, parecia uma criança perdida. Não consegui não sorrir e me sentir ainda mais confiante com meu plano.
...ISABELLA...
Acordei assustava esta manhã, surpresa de ter dormido tanto. Eu tinha um compromisso marcado com David Knight no começo da tarde. Nossa, eu pensei, nunca achei que diria isso. O que as pessoas vestem para um chá da tarde?
Um terninho? Um vestido com babados? Eu pensei em pedir a opinião da Emily, mas aí eu teria que explicar quem eu encontraria e o porquê. E isso parecia um problema a mais, então eu coloquei a roupa de sempre, jeans e camisa, calcei minha bota preta preferida e saí.
Depois de pesquisar, vi que esse Plaza não era uma praça de verdade, era o Plaza Hotel. Frequentado por pessoas abastadas, o lugar tinha um misto de empresários e celebridades na lista de hospedes.
E esse chá da tarde não era só escolher entre camomila ou chá preto. Era um evento completo. Eu li tudo que pude enquanto estava no metrô, reparando no jeans desgastado que eu escolhi vestir.
Estava muito claro que eu era um peixe fora d’água. Comecei a ficar nervosa. Será que me deixariam entrar? Assim que eu passei pela porta, o concierge veio correndo e levantou a mão, fazendo com que eu parasse.
“Senhorita?”
“Ah, oi”, eu gaguejei. “Eu vim pra hora do chá?” Ele arqueou uma sobrancelha. “Vim encontrar o Senhor Knight”, eu disse, sem nem mesmo acreditar. Mas tocar no nome dele já foi o suficiente.
“Ah, perfeito”, ele disse, com um sotaque francês que o deixava ainda mais intimidante. “Me acompanhe”.
Assim que ele abriu as portas do salão, meu queixo despencou. A decoração era tão meticulosamente arranjada que parecia que eu a estragaria só por estar ali. Percorri o olhar mesa por mesa, me sentindo um ser de outro planeta.
Até que eu vi David ao fundo, em pé acenando pra mim. O concierge, ainda ao meu lado, arqueou a sobrancelha novamente. “Muito Obrigada”, eu disse suavemente e me desloquei entre as mesas cheias de pessoas que eu havia visto em revistas. Caramba.
“Sente-se”, David disse assim que fui chegando perto. Ele apontou para a poltrona diante dele e eu senti que estava sentando numa nuvem. “Obrigado por vir”.
“Obrigada por me convidar”, eu respondi, nervosa. “Aqui é incrível.”
“Aqui?”, ele disse, olhando ao redor. “Não é nada demais.” Mas ele deu um sorriso que me fez entender a piada. “Você vai se acostumar.”
“Acho que não.”
“Acredite em mim”, ele disse, “o glamour e a ostentação se esvaem. Há um limite pro numero de garrafas de champanhe que você pode comprar até perceber que não tem ninguém com quem compartilhá-las. Você está aqui por isso.”
“Você bebe champanhe na hora do chá?” Eu perguntei, confusa. Nessa hora, o garçom apareceu, de gravata borboleta. Parecia um modelo. Ele olhou pro David.
“Senhor Knight, o de sempre?” David assentiu suavemente e o garçom desapareceu sem nem olhar pra mim. David se ajeitou e eu percebi que ele estava se preparando para iniciar a conversa.
“Bom, Isabella, o que você pode não saber sobre meu filho, Christian, é que ele passou por muita coisa. Crescer com um pai como eu não foi nada fácil, ao contrario do que muitos pensam. Eu o pressionei muito. E pressão em lugares restritos...”
“Explode”, eu completei. E logo senti minhas bochechas corando. Eu acabei de interromper David Knight? Mas ele só concordou.
“Exatamente. O Christian está perdido ultimamente. E eu acho que você... você tem a capacidade de faze-lo ser mais pé no chão. Lembra-lo do que é importante. Essa é a minha proposta.”
“então, eu me caso com o seu filho e você garante que a saúde do meu pai... que as contas...”
“Eu cuidarei de tudo”, ele disse, com uma certeza que me passou muita confiança. “Desde que você nunca conte nada sobre esse acordo pra ninguém. Ninguém pode saber o motivo de você estar fazendo isso. Nem sua família, nem seus amigos, muito menos Christian, meu filho.”
Ele me deu um documento com trocentas páginas. Vi que era um contrato de pelo menos trinta clausulas. E aí pensei no meu pai, o homem que eu vi naquela cama de hospital, pálido e fraco.
Meu cérebro dizia que eu deveria parar e repensar, mas era como se minha mão se mexesse sozinha. Eu peguei a caneta da mão de David Knight e assinei o contrato. Com a mão ainda tremendo, tomei um gole do chá fumegante que o garçom serviu.
...****...
David: Às 15:00 no Central Park. Ensaio de fotos pré-casamento. Mando um carro te buscar?
Isabella: Não precisa. Vou de metrô.
Passaram-se alguns dias desde a reunião e David mandava instruções por mensagem. Eu nem sabia que existia isso se ensaio pre-casamento. Sim, eu sei que os noivos tiram fotos no dia da cerimônia, mas semanas antes?
David disse que eu poderia vestir o que eu quisesse, então, achei que seria algo casual. Mas assim que saí da estação Columbus Circle, vi o David na frente do parque. Ele estava diante de um trailer, aqueles que atores de Hollywood usam como camarim. Ele acenou pra mim e dava pra ver o seu entusiasmo.
“Isabella! Aqui!”
“Estou indo”, disse e assim que eu atravessei a rua, ele já abriu a porta do trailer pra mim e eu tive uma visão do apocalipse.
“Trouxe uma cabelereira, maquiadora e uma estilista pra você”, ele disse, juntando as mãos um uma palma. “Demore o quanto precisar. Vamos tirar as fotos na hora mágica.”
“Hora mágica?”, eu perguntei, porque essa foi a ultima coisa confusa na frase dele, entre tantas outras.
“Entre 16:30 e 18:30”, ele respondeu e suspirou. “Foi o que me disseram, pelo menos.”
Antes que eu conseguisse responder, uma das mulheres estilosas que estava dentro do trailer me puxou e fechou a porta.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Rita de cassia Batista da silva
Quero ver como ela vai explicar as contas do hospital pagas para a família e amiga e como vai lidar com o que talvez tenha a repulsa do badboy inconsequente .
2025-03-18
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Luzia Nogueira
quando Christian descobrir a vdd vai dar ruim
2024-08-31
0
🌹
Isabela vai sofrer muito com esse noivo que certamente não vai aceitar esse casamento de boas.
2024-08-29
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