...ISABELLA...
“Mais uma”, Christian disse enquanto eu estava de costas, pegando um copo de água no bar.
“O quê?”
“Precisamos dançar mais uma música”, ele explicou, e dessa vez eu conseguia distinguir o cheiro do álcool em seu hálito. Ele olhou para um casal de meia idade, extremamente bem vestido. “Eles querem que a gente dança”.
“Mas eles querem assistir?”
“Eu não faço perguntas. Eles são clientes, eles querem que a gente dance, então a gente dança.”
“Ok”, eu disse, enquanto ele tomou minha mão e me puxou pra perto do casal.
“Isabella, minha queria, você está encantadora”, disse a mulher, cheia de botox.
“Obrigada”, eu disse antes que ela continuasse.
“Nós queremos muito ver vocês dançarem. Sabe o que dizem, não é? Dá pra ver o amor através da dança”, ela suspirou.
Se era amor que eles queriam, deverias estar procurando em outro lugar. Mas em vez de reclamar, acompanhei Christian até a pista de dança e deixei que ele me rodopiasse, contente de ter trocado o champanhe pela água. Se não fosse isso, eu não teria certeza de que o salmão grelhado continuaria em meu estômago.
Quando finalizamos a dança, esperei que Christian dissesse “obrigado” ou “você leva jeito” ou qualquer frase amigável. Afinal, eu havia feito um favor. Mas ele só mandou um joinha pro casal, atirou um olhar inexpressivo pra mim e foi embora.
“Encontrei você, Isabella”, ouvi David dizer, por trás de mim. Ele parecia genuinamente alegre, o que me deixou feliz por ele. De verdade.
“Encontrou”, eu disse, sorrindo. “Ficou tudo maravilhoso, você organizou um evento realmente incrível.”
“Que bom que gostou.” Ele pôs a mão no bolso do paletó e puxou uma chave. “Essa é a minha chave da suíte nupcial, minha linda. Eu já dei uma pro Christian. Vão, divirtam-se. Não há nada melhor que um amor jovem”, ele falou e pareceu que a ultima parte era mais pra ele mesmo do que pra mim. Ele se virou, bateu as mãos numa palma e foi embora antes que eu pudesse agradecer.
Sem querer mais saber daquela festa e sem saber pra onde Christian tinha ido, eu decidi entrar num elevador e ir logo pro ultimo andar do prédio. Os quartos luxuosos, a comida gourmet, as bebidas caríssimas, nada disso me deixava confortável. Pensei no papai e me forcei a lembrar: ele precisa de você.
Quando cheguei no andar, tive de caminhar muito até a porta da suíte. Passei a chave no sensor e vi a luz ficar verdinha. Então, empurrei a porta e entrei no cômodo, conseguindo respirar direito pela primeira vez desde que tinha andado até o altar.
Fechei a porta atrás de mim e acendi as luzes, tirando os sapatos e sendo capaz até de ouvir os pés agradecendo. Estava refletindo que provavelmente precisaria de ajuda pra tirar o espartilho quando ouvi uma voz, vindo de algum lugar ali dentro. Provavelmente era o Christian, né?
Fui em direção ao som, porque achei que ele me ajudaria a tirar aquele treco se eu pedisse gentilmente. Não de maneira sexual, é claro. Só o pensamento já era esquisito. Mas eu preferia dormir com uma roupa mais confortável do que aquele espartilho que mal me deixava respirar, e eu acho que a personal stylist cairia dura se eu dormisse com uma peça desenhada por Alexander Wang.
Então, abri a porta do quarto sem pensar duas vezes e... eu arquejei. Na minha frente, a imagem da maior cama que eu já tinha visto na vida, com lençóis exuberantemente brancos. Nela, estava o meu marido. E, de quatro, com a cara nos lençóis e a bunda no ar, gemendo cada vez que os movimentos ficavam mais rápidos, uma mulher morena e bronzeada.
Mas não era qualquer mulher morena e bronzeada. Era Sky, a maquiadora. Christian se virou ao me ouvir na porta. Ele não parou o que estava fazendo, nem sequer diminuiu a velocidade. Ele apenas sorriu. E ela continuou gemendo.
“Isabella, fecha a porta quando sair, tá?”
...****...
Era a noite do meu casamento e eu tive que sair da suíte nupcial em que deveria passar minha lua de mel o mais rápido possível. Voltei pro quarto que me deram na véspera e fiquei sozinha.
Não bastava transar com outra logo depois da cerimonia. Não, ele tinha que transar com uma mulher que eu conhecia, uma mulher que tinha passado o dia comigo. Uma mulher que deveria saber quantos poros eu tinha no rosto. Era como se ele quisesse me machucar de propósito, me punir por ter me casado com ele.
Ontem de manhã, depois de sair quase fugida do hotel, retornei pro meu quarto no Brooklyn. Emily estava em Heller, visitando a mãe dela, então o apartamento ficou todo pra mim.
Passei o dia inteiro vendo Metflix e pedindo delivery, mas hoje de manhã, quando acordei, não me senti nem um pouco melhor. Provavelmente porque eu sabia o que aconteceria hoje, mesmo que tentasse negar ou fugir. Hoje era o dia em que tudo se tornaria dolorosamente real.
Semana passada, David sugeriu que adiássemos a lua de mel até que Christian conseguisse fechar um negocio da empresa, pra que ele pudesse aproveitar bem a viagem sem precisar pensar em nada além dela.
Mas hoje... hoje era o dia em que eu deveria me mudar pro nosso apartamento. Eu estava prestes a passar um bom tempo com o meu marido, quisera eu ou não.
Eu pesquisei o endereço ontem, assim que David o enviou pra mim. Ficava no edifício mais exclusivo da Central Park South. Era a cobertura. O que significava que o ultimo andar inteiro do prédio era nosso.
Pelo que vi no ‘Google’, tinha vistas lindas do parque e de toda a cidade, um elevador privativo, um spa com sauna e seis quartos. Eu não conseguia acreditar. Seis quartos? Em Nova York? Eu fiquei olhando pros 27m² que eu dividia com a Emily. Era meio apertado, mas parecia um lar.
Eu demorei só uma hora pra arrumar minha mala e, então, fiz um sanduiche de manteiga de amendoim com geleia. Dei uma mordida, mas não conseguia engoli sem querer vomitar. Meu estomago parece se revoltar quando eu fico nervosa.
Joguei o resto no lixo e puxei a mala de rosinhas pra fora do apartamento, pegando o primeiro táxi que vi passar. Passamos por toda Manhattan e, num piscar de olhos, já estávamos em frente ao prédio.
Abri a porta do carro, mas, antes que eu pudesse colocar o pe na calçada, um dos porteiros uniformizados correu até mim, ele parecia perturbado pelo fato de que eu abri minha porta sozinha. “Bom dia, Sra. Knight”.
Eu me esquivei, mas logo me recompus. Ele não tinha culpa de que aquele era meu nome. “Bom dia”, eu disse, “Como você se chama?” Ele reagiu como se eu tivesse feito algo errado de novo.
“Pete.”
“Oi, Pete.”, eu disse. Eu não sabia muito sobre as regras não ditas que claramente eram tao comuns para quem trabalhava o tempo todo com pessoas tao abastadas, mas eu achava estranho não saber o nome de alguém que eu, com certeza, veria muito.
Pete pegou minha mala e me guiou através do enorme lobby, passamos pelos elevadores comuns até chegar ao elevador privativo da cobertura. “A senhora que que eu suba com a mala?”
“Não precisa, eu posso levar, se for mais fácil”.
“Como preferir, senhora Knight”. Já não aguentava mais ouvir alguém se referir a mim daquele jeito.
“Pode deixar que eu levo”, eu disse. Ele colocou a mala no elevador e esperou que as portas se fechassem entre nós. Eu me sentei no banco estofado (sim, o elevador tinha um lugar pra sentar) e tentei focar na minha respiração.
As portas se abriram e eu vi um palácio diante de mim. O exercício de respiração tinha ido pras cucuias. Tentei recuperar o fôlego enquanto colocava os pés pela primeira vez na entrada da minha nova casa.
A luz natural que entrava pelas janelas que iam do chão ao teto era ofuscante. Todos os ambientes da área de convício social eram integrados, o que significava que eu podia ver a sala de estar, a biblioteca e a cozinha de onde eu estava.
A sala era espaçosa e decorada em tons de bege, com quatro sofás pra quatro pessoas, um par de poltronas de couro creme e uma televisão tao grende que uma tela de cinema ficaria com inveja.
A cozinha parecia o sonho de um chef. A geladeira, o forno, o fogão eram todos de ultima geração. Apenas o melhor que o dinheiro poderia comprar. Na hora em que ia começar a admirar a biblioteca, ouvi uma voz no final do corredor.
Girei o corpo e vi uma senhora de aparência gentil, provavelmente na casa dos cinquenta anos, com um uniforme de camareira andando em minha direção. Seus movimentos eram tao rápidos e coordenaos que era hipnotizante observá-la.
“Olá”, ela repetiu e eu percebi que não tinha respondido.
“Oi”, eu disse. “Desculpa. Eu sou a Isabella...é...Knight. Acabei de chegar.”
“Sim, sim”, ela disse e, antes de chegar perto de mim, deu meia volta e retornou pelo mesmo corredor que veio. "Eu sou a Lucille. venha comigo. Vou mostrar o seu quarto”. O sotaque dela era definitivamente europeu, mas não identifiquei o país específico.
Eu a acompanhei, trazendo a mala comigo. Depois de passar por várias portas fechadas, finalmente chegamos na porta certa. Ela virou a maçaneta e me deixou entrar primeiro e eu preciso dizer que o cômodo era deslumbrante. Eu não estava decepcionada, pelo contrário.
“É deslumbrante”, eu disse pra Lucille. Mas ela só bufou (sim, isso mesmo) e se apressou de volta pro corredor.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
Vilma Alice
Isabella. O seu pai está bem na medida do possível e você não pode mudar a vida dele,dar-lhe de volta a saúde. ENTÃO:aproveita o dinheiro que você agora tem em troca do sacrifício da sua vida e vai estudar mais,depois disso tenha o sua própria empresa.Conversa com o seu sogro e deixa o escroto do "seu marido comer todas as b&*^%$#as que ele quiser.Se liberte dele mesmo estando presa por um contrato e quando terminar tudo você estará firme e forte para seguir em frente e ser feliz,encontrar um amor de verdade e ter o seu "PARA SEMPRE".com a pessoa que você realmente amar.
2025-03-13
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Patricia Mariana
Isabella querida, use o dinheiro desse escroto.pra estudar, montar um negócio, viajar muito e cuidar se...que ele fique comendo putanas por aí...viva e encontrei alguém decente pra você quando esse canalha te der o divórcio...feche seu coração e corpo pra esse escroto asqueroso
2025-02-15
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Rita de cassia Batista da silva
Só espero que essa mulher tome alguma atitude e ao mesmo tempo a autora não tenha enrolado tanto para as coisas se resolverem de preferência que ela dê um belo pé na bunda desse escroto asqueroso imbecil que estou com um nojo surreal 🤢🤢🤮
2025-03-18
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