...ISABELLA...
Eu tinha acabado de desligar a ligação com o David quando recebi as mensagens do Christian. O pai dele me avisou que haveria um jantar superimportante com clientes em potencial e que ele esperava que eu marcasse presença. E que seria muito legal, eu só precisaria usar o meu charme pra entreter o casal convidado.
Mas a ideia de ficar perto do Christian e fingir que éramos apaixonados era simplesmente absurda pra mim. Mas tentei pensar no papai. Ele precisava do tratamento, era a única opção. E, por mais difícil que fosse de admitir, eu estava muito agradecida por Christian ter ficado bêbado ontem
Porque isso fez com que eu não conseguisse contar a ele sobre o papai, o que significava que eu não havia violado o contrato. Como eu pude pensar que era uma boa ideia?
Dei uma olhada no closet, tentando encontrar meu look mais estiloso: um macacão de seda esmeralda que tinha uma amarração na cintura. Eu comprei com a Emily, uns anos atrás, e a intenção era usar na minha formatura em Harvard. Mas, de ultima hora, acabei usando um vestido mais simples, todo preto.
Mas hoje seria, finalmente, o dia do macacão. Tirei o cabide do suporte e o pendurei num gancho na parede. Penteei o cabelo, reparando no quanto ele havia crescido. Demais, até. Precisava de uma mudança.
Fui até a minha mesa e abri a gaveta, puxando um cartãozinho que o David havia me dado no dia do ensaio fotográfico. “Se precisar de qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, é só ligar pra esse número”, ele disse enquanto me entregava o cartão.
Digitei o numero no meu celular.
“Alô?”
“Oi, aqui é a Angela... Knight”.
Ouvi uns sussurros abafados ao fundo e, logo em seguida: “Ah! Oi, senhora Knight. Como podemos ajuda-la?”
“Eu queria cortar o cabelo”.
...****...
Quando saí do salão, meu cabelo estava uns três dedos mais curto, com camadas que o deixaram volumoso e sedoso. Eu sabia que o meu interior importava mais do que a minha aparência. Mas, em momentos como esse, quando eu me sentia perdida, dar uma ajeitada no exterior parecia ajudar bastante.
Meu cabelo continuava igual desde a hora em que saí do salão. As mechas repousavam sobre os meus ombros em ondas suaves, que pareciam estar sempre em movimento. Eu passei um pouco que maquiagem também.
O macacão caiu como uma luva. A seda realçava minhas curvas, a amarração deixava minha cintura bem marcada e o decote era elegante.
Quando cheguei ao lobby, Pete acenou para um táxi, eu entrei e abaixei o vidro pra apreciar as luzes da cidade. Quando o carro parou em frente ao restaurante, saí do carro e fui direto falar com a hostess.
“Mesa reservada em nome de Christian Knight”, eu disse, surpresa com a minha autoconfiança. Acho que foi o corte de cabelo.
Quando cheguei à mesa, percebi que todos já estavam ali. Christian estava elegante, com um terno muito chique. O ex-aluno dos sonhos de qualquer colégio tradicional. Sentados à sua frente, estavam os tais convidados superimportantes, eu presumi.
O homem tinha por volta dos 45 anos, cabelo grisalho e uma aparência amigável, mas atraente também. Ele vestia um terno azul-marinho e seu relógio reluzia sob as luzes do restaurante. A esposa, que estava ao seu lado, parecia uma modelo. Ela era muito elegante e tinha traços suaves, usava um vestido cor de pêssego com um decote bem chamativo.
Os homens se levantaram quando me viram. Christian colocou um braço em volta da minha cintura e me deu um beijo na bochecha, interpretando o papel de marido com excelência. Eu me encolhi na hora, mas acho que ninguém percebeu.
“Oi, amor”, ele disse bem alto.
“Oi”, eu respondi, tentando me lembrar de que aquilo acabaria logo.
“Jay Graden”, o homem diante de Christian se apresentou, estendendo a mão.
“É um prazer conhece-lo”, eu disse enquanto nos cumprimentávamos, a outra mao dele cobrindo a minha. Era um gesto afetuoso, que me fazia confiar nele.
“Olá, queria”, a esposa disse, de um jeito que quase me hipnotizou. Ela parecia ter saído de uma capa de revista.
Eu me sentei e, imediatamente, um garçom veio encher minha taça com vinho branco. Eu dei um gole, porque sabia que precisaria.
“Podemos falar de negócios? Eu sei que vocês estão procurando um novo proprietário pro hotel, e um rebranding com a assinatura da nossa empresa aumentaria a reptação de vocês no mercado...” Christian começou, mas foi interrompido.
“Para, Christian, nós nem pedimos as entradas ainda. Vamos segurar um pouco, em nome das moças.”
Conforme o tempo foi passando, fui ficando vermelha. Não sei se pela atenção que estava recebendo ou pelo vinho. Ou talvez fosse por contar tantas mentiras e fingir que tudo estava bem entre meu marido e eu, pensei.
“Com licença”, eu falei enquanto empurrava a cadeira para poder me levantar. Fui em direção ao banheiro antes que alguém tivesse tempo de reagir. Lavei as maos, desejando que não tivesse com tanta maquiagem pra poder passar uma água no rosto também.
Eu me olhei no espelho e esperei reconhecer a mulher que eu era antes de tudo isso. Mas não sei se a encontrei no reflexo. Quando saí do banheiro, senti uma mão no meu ombro.
“Ei”, Christian disse, “Olha, eu seu que eu caguei com tudo ontem à noite. Eu passei da conta. Acho que eu falei umas merdas sem pensar. Mas esse jantar é importante pra caralho. Então eu preciso que você me ajude e seja simpática, tá? Pode falar comigo como quiser depois que a gente for embora, ok?”
Seus olhos não conseguiam se fixar nos meus, como se ele não tivesse acostumado a se desculpar. Fiquei em choque. Achava que ele só ligava pra ele mesmo. Mas claramente ele também se importava com a empresa do pai.
Eu não o havia perdoado, mas também não queria prejudicar o David. “Tudo bem”, eu disse e me virei pra voltar à mesa. Quando nos sentamos, o casal estava olhando um pro outro, quase em transe. Eles só perceberam que nós havíamos voltado, porque Christian pigarreou.
“Ah, que maravilha”, o senhor Graden disse. “Espero que não se importem, mas pedimos uns antepastos”. O senhor Graden juntou as mãos. “Então, Christian, me conta um pouco sobre essa mulher que te enfeitiçou. É bom ver você se endireitando.”
Christian olhou pra mim e eu percebi que ele iria se embananar, porque não sabia nada sobre mim. “Ele sempre fica emocionado contando a história”, eu disse, tentando ajudar, o que fez com que o foco retornasse pra mim. “A gente se conheceu num restaurante chines.”
Eu olhei pro Christian. “Eu tinha acabado de sair de uma entrevista de emprego e precisava de algo pra me animar, o Christian também não estava num dia muito bom. A gente acabou pegando o pedido um do outro sem querer... e começou a conversar. O resto é história”.
A senhora Graden bateu uma palminha. “A entrevista era pra que?”, o senhor Graden perguntou.
“Um cargo de engenharia mecânica. Na Curixon.”
“Ah, eu conheço a empresa. Engenharia mecânica, é?” Ele ficou admirado. O maridinho também parecia estar meio espantado.
“Isso”, eu disse, “eu me formei nessa área, então era o que eu procurava mesmo.”
“Entendi. Você se formou onde?”
“Em Harvard”.
“Você estudou engenharia em Harvard?”, o senhor Gradem perguntou, absolutamente abismado. Ele olhou pra Christian, que tentava engolir o próprio choque pra não chamar a atenção. “Você, me querido, encontrou um verdadeiro tesouro”, o senhor Graden disse pro Christian.
O olhar de Christian permaneceu em mim por um tempo, mas eu já não sabia mais o que ele estava pensando. Quando ele abriu a boca pra falar, pela primeira vez desde que o conheci, suas palavras soaram genuínas. “Parece que sim”. Ele disse, pura e simplesmente.
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Atualizado até capítulo 44
Comments
iranete teofilo
Parece que agora é que começou a história vamos vê no que vai dá, né?
2025-03-05
0
Elisangela Libano
Cristian vai se surpreender muito com Isabela
2024-08-22
14
Rose Gandarillas
1⁰ soco de Bella no Christian, que achava ela uma qualquer. Engenheira mecânica por Harvard.
2024-08-26
0