Capítulo 12

POV HENRY

Assim como pretendia, voltei na casa da dona Hilda mãos vezes e era só eu chegar lá que ela me empurrava o Bento.

Eu perguntava sobre Camille e ela me dava respostas vagas, mas pelo menos não me destratava.

Bentinho me obrigou a ser babá dele, tanto que quando ele me via, estendia os braços para mim e ficava dizendo: “Babá! Babá!”

É… esperta era a dona Hilda que estava ganhando um salário extra de babá nas minhas costas.

A cada vez que eu ia lá, comecei a achar que o Bentinho era muito fofinho e me perguntava como ele se pareceria quando começasse a nascer cabelos naquela careca.

Olhar para ele me entretia, em seus momentos pacíficos ele só queria brincar, ficava entretido com os brinquedos sem preocupação nenhuma.

O Bentinho era feliz com pouco e eu me perguntava quando a gente perdeu isso, até porque, todo mundo já foi como o Bentinho algum dia.

Acabei me despedindo do Bentinho naquele dia, porque a senhora Hilda disse que a mãe dele viria o buscar.

Por incrível que pareça, acho que vou sentir a falta dele.

No fim de semana, Robert me ligou, ele disse que tinha conseguido uma festa importante para a gente ir. A princípio recusei, mas ele insistiu tanto, dizendo que aquele seria o evento do ano, que com certeza dessa vez eu encontraria uma mulher que me interessava.

Eu já sabia que não iria encontrar, porém, acabei aceitando ir só para Robert parar de me atazanar.

A festa foi em um hotel de luxo, no centro. O lugar estava mais lotado do que eu imaginei.

Tinham muitos repórteres, paparazzis e celebridades e eu cheguei até a ser reconhecido. Algo que eu nem imaginava.

Robert riu da minha cara, dizendo que eu deveria saber que já era uma pessoa importante. Que minha empresa era uma das mais lucrativas do meu ramo de negócios e é claro que muitas pessoas já estavam de olho no excêntrico Henry.

— Excêntrico? É assim que as pessoas me chamam?

— Claro! Você quase não aparece nos grandes eventos, está sempre em casa procurando por Camille embaixo da sua cama.

— Eu não gosto desses lugares barulhentos, já te disse Robert.

Robert revirou os olhos e acabamos entrando. Para minha surpresa tínhamos uma área VIP reservada só para nós dois. O que era bom, já que eu não precisava ficar no meio da multidão barulhenta.

— E aí? Quem vamos chamar para ficar com a gente?

— Eu… eu não sei.

— Você não viu ninguém que te interessa? Esse lugar está cheio de modelos internacionais e atrizes lindas passando o tempo todo. Ninguém te interessa?

Olhei para as pessoas que estavam no meio do salão e ninguém realmente me chamou a atenção.

— Robert, já conversamos sobre isso.

— Olhe ali, é a Mary de la Rosa! Ela é linda, modelo internacional, muito famosa. — Robert diz, como se não tivesse ouvido o que eu disse.

— Se você estiver interessado nela, chame ela para cá.

— Vou chamar!

Robert conseguiu que alguém trouxesse a tal modelo, porém, mesmo eu demonstrando desinteresse, ela não parava de tentar puxar conversa.

— Então você é o Henry, da indústria de exportação de commodities.

— Sim, isso mesmo. — digo sucintamente.

— Ei, não precisa ficar tímido, eu não mordo. Apesar que homens poderosos gostam de uma mordidinha, às vezes não é?

— Devem gostar…

— Você não sabe conversar com mulheres ou é assim mesmo no dia a dia?

— É que eu não estou de bom humor hoje. Tente conversar com o Robert, ele é seu fã.

— Ah, sim! Robert é um amor, eu já dei um autógrafo para ele, mas estou mais interessada em fazer negócios com você.

— Negócios? — pergunto, desconfiado.

— Sim, sabe… eu já sou famosa e conhecida por ser muito bonita, sou o tipo de mulher que homens poderosos procuram para acompanhá-los nos eventos. A minha proposta é, vamos engatar um relacionamento. Isso será bom para a minha carreira e também para o seu status.

Ela me surpreendeu, foi tão direta que fiquei sem reação.

— Olha, não precisa ser real, pode ser de mentirinha. É só para criar mídia para nós dois. Sabe, eu não queria aparecer por aí ao lado de um velho e a maioria dos homens ricos daqui tem idade para serem meu avô.

— Humm… bem… eu não… — bem nesse momento que iria responder, meus olhos foram atraídos para a entrada da festa.

Parei de falar imediatamente, na verdade até esqueci o que eu ia falar. A música, o som das risadas e conversas, sumiram e eu não ouvia nada.

Bem naquele momento acabou de entrar a mulher que despertou meu interesse. Na verdade, não foi só meu interesse, ela me despertou inteiro.

Meu coração até acelerou e por alguns segundos até esqueci como respirar.

Aquela sensação que eu tinha de que o mundo estava cinza e apagado se foi nesse momento. Ela não era cinza e apagada, ela tinha uma luz própria, algo tão forte que fazia tudo próximo a ela ganhar vida e cor.

Ela olhava procurando alguém e a minha vontade era gritar que ela já havia encontrado, que eu estava aqui.

Enquanto se movia seus cabelos ruivos brilhantes balançavam me hipnotizando.

Ah, agora eu sabia o meu gosto, o meu gosto era aquela mulher. Definitivamente eu gostava de ruivas, Camille também era ruiva, mas aquela ruiva que entrou na festa me fez pensar que era a única que podia me fazer esquecer Camille para sempre.

— Robert, eu quero que me apresente aquela ali! — digo apontando para ela.

Robert procura e quando a vê ele paralisa, parecendo que viu um fantasma.

— O que foi, Robert? Você não disse que podíamos chamar quem quiséssemos para cá? Eu quero aquela mulher espetacular!

— Henry… mas… e a Mary?

Ele diz e só agora me lembro que tinha uma mulher aqui e conversando comigo.

— Me desculpe, tá? Não vai ser possível aceitar sua proposta eu acho que estou apaixonado por outra. — digo sem desviar o olhar daquela mulher maravilhosa.

— Henry, me escute. Aquela mulher ali eu não posso chamar.

— Por quê? Você não disse que eu precisava conhecer outras pessoas para esquecer Camille? Eu tenho certeza que aquela ali vai me fazer esquecer, com certeza!

— Henry, eu não posso porque ela com certeza não vai aceitar vir ficar aqui com você. Henry, aquela ali é Camille.

Eu fiquei desconcertado e tonto. Aquela ali é Camille? Aquela mulher maravilhosa é a minha ex mulher? A garota esquisita e manca se tornou esse espetáculo?

Muitas perguntas passavam pela minha cabeça, até que, de repente o olhar de Camille encontrou o meu olhar. Nós encaramos por alguns instantes e assim eu tive certeza, era Camille, eu estava apaixonado por ela e ela me odiava.

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