Capítulo 6

POV HENRY

A partir desse momento, eu fiquei sem reação… “Camille? Camille pagou minha cirurgia? De onde ela tirou esse dinheiro?”

“Por que usou seu nome de solteira?”

Aceitei ir com aquelas pessoas, não só porque era cirurgia que supostamente me devolveria a visão e mais porque eu esperava que Camille aparecesse para me explicar o que estava acontecendo.

Porém, ela não apareceu…

Após a cirurgia e após algum tempo internado, finalmente eu pude retirar as ataduras e testar se o procedimento foi eficaz.

Depois de dez anos eu consegui ver a luz, a minha visão não estava nítida, mas eu conseguia ver cor e movimento.

— É normal que não esteja vendo com nitidez, tudo é um processo e aos poucos, a sua visão irá melhorar. — o médico diz, enquanto testa a minha visão com uma luz. — Descanse, tudo bem? E não se force muito. — ele diz e se levanta.

— Quando vou conseguir receber visitas? — pergunto, antes que ele me deixasse.

— Você sempre pode receber visitas, por que está perguntando?

— A minha esposa, ela não veio nem sequer uma vez?

— Ah… bem… é… as vezes as pessoas não querer importunar os pacientes, senhor Henry, provavelmente logo ela virá te visitar.

Dava para sentir na voz do médico o seu constrangimento, era óbvio que ninguém me procurou enquanto estive nesse hospital.

Fiquei por mais alguns dias internados, aquela clínica não era qualquer buraco, na verdade, tive ali um atendimento de alto nível. Isso era algo que me intrigava mais, como que uma mulher que até pouco não tinha dinheiro nem para comprar um pacote de macarrão para fazer o meu jantar, pagou por tudo isso?

E… já faziam tempo demais que ela não aparecia.

E… como será que Camille se parece? Como será o rosto dela? Como que hoje se parece aquele sorriso estranho que ela me dava?

Eu tinha muitas perguntas sobre Camille, mas ninguém me dava uma resposta.

Um dia antes de ganhar alta, finalmente recebi uma visita no hospital. Não foi de Camille, foi de um homem que dizia que estava representando ela.

E nesse momento, tive mais uma surpresa, aquele homem me trouxe um documento, para ser mais específico, ele me trouxe um acordo de divórcio.

No acordo, Camille abria mão de qualquer indenização, bens ou qualquer vantagem que teria direito com o divórcio. Ela estava me devolvendo o seu sobrenome e em suas poucas palavras escritas, estava me devolvendo tudo que me tirou.

— Isso está errado, eu não posso concordar com isso. Onde está Camille? A gente tem que conversar antes de decidir isso? — digo, pois tudo aquilo era inesperado e absurdo… um absurdo total.

— Pode conversar comigo, eu sou o representante legal de Camille.

— Não! Você não é a minha esposa. Existem coisas que só um marido e uma esposa pode conversar. Onde ela está? Ela está com medo que eu veja seu rosto? Diga a ela que eu não me importo com sua aparência e que não me deve nada, na verdade… sou eu que devo a ela.

— Impossível, a senhorita Camille nem nesse país está mais. Por favor, vamos fazer isso rápido, só assine estaremos terminados. Camille abriu mão de todos os seus direitos e por isso, esse divórcio será rápido e muito tranquilo para ambas as partes.

— Não… não, eu não vou assinar isso aqui. — digo e jogo no chão aqueles malditos papéis.

Pacientemente o advogado pega e diz:

— Se não assinar, tudo bem. Ainda assim eu consigo entrar com o divórcio. Só vai ser um pouco mais demorado, mas o juiz vai aceitar, já que houve a separação de corpos e Camille não está exigindo nada a você, além da sua liberdade.

“Liberdade…”

Essa palavra me esfaqueou como um punhal. Desde que Camille começou a agir estranho e após sumiu, tenho experimentado sentimentos estranhos quanto a ela.

“Por que ela não aparece para gente conversar? Eu estava começando a resolver as coisas e agora que enxergo, eu posso recompensá-la por tudo que fez por mim. Porque ela me deixou e foi embora sem explicações? Porque ela é medíocre, uma pessoa que pensa pequeno, que não está no meu nível. Quer saber? Camille é uma idiota!”

— Me dê esses papéis! — peço com rispidez, estranhamente fiquei muito irritado de repente.

Assino sem pensar, se ela quer se livrar de mim e continuar tendo uma vida medíocre, o problema é dela. Eu é que não vou a procurar.

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