POV HENRY
O tempo foi passando e do meu jeito, fui percebendo as pequenas mudanças, os passos desajeitados de Camile eu já não ouvia mais. Seu cheiro mudou e estranhamente eu ansiava sempre em senti-lo mais.
Meu pai morreu, minha madrasta tentou se livrar de mim e eu e Camille, acabamos nos casando, para me proteger.
Sim, aquela garota burra, além de perder toda a sua juventude cuidando de um homem cego e sem esperanças, ainda se casou com ele, só para que fosse legalmente a responsável por ele e ninguém pudesse decidir seu destino sem consultar a ela.
Nosso casamento não era só isso, uma proteção, um acordo onde só uma das partes tinha mais vantagens, naturalmente acabamos nos tornando íntimos.
No início, me sentia culpado, me sentia um crápula, me aproveitando de alguém que provavelmente fazia tudo aqui lo por mim apenas por uma dívida de culpa que, para mim, nem fazia sentido mais. Se Camille tivesse alguma culpa sobre o que aconteceu a mim, ela já pagou, a nossa relação se tornou injusta para ela. Não sei se foi o tempo ou alguma maturidade que adquiri, sabia que ela não tinha culpa pelo o que aconteceu.
Pensar assim, me fazia sentir o pior homem do mundo, um aproveitador, Camille não tinha que me levar nas costas pela vida toda.
Mesmo assim, mesmo me sentindo o pior homem do mundo, era covarde o suficiente para não por um fim naquilo.
Nas noites escuras, não resistia em procurá-la, talvez ela não fosse a mulher mais linda do mundo, talvez não fosse a mulher que sonhei, mas ela tinha um cheiro irresistível, sua pele era macia como veludo, seu gosto era saboroso como mel.
Quando estávamos transando, era o único momento que me sentia no controle, não precisava enxergar para encontrar sua boca, seus seios e sua böcetä.
Não conseguia tirar dos meus pensamentos o gosto do seu gözö, como ela estremecia nas minhas mãos, os sons de sua respiração e dos gemidos que ela tentava reprimir. Não conseguia resistir a vontade entrar com tudo dentro dela, de como ela ficava molhada, quente e totalmente refém do prazer nas nossas noites mais quentes.
Na hora, eu só queria mais dela, só queria mais prazer, mas depois que chegávamos ao ápice, eu só queria que tudo isso acabasse, que algum milagre acontecesse e me livrasse dessa vida de depender totalmente de outra pessoa, até para o sexo.
Eu não conhecia outras mulheres e me perguntava se aquilo era bom mesmo ou se com outras mulheres era muito melhor. Camille não deveria ser lá uma beldade, uma mulher atraente, talvez eu só sentia tanto prazer e atração, porque não podia lhe enxergar.
Comecei a me fazer essas perguntas e a partir dai, a culpa que sentia foi se amenizando, comecei a pensar que, talvez, dar a ela noites era uma boa troca por seus serviços, já que ela não recebia nada por tudo que fazia por mim.
Relaxei na banheira e deixei toda a culpa ir embora, meus cabelos tocavam meus olhos e isso me incomodava. Era apenas um resquício de um costume de quando enxergava, porque na real, aquelas mechas não atrapalham a visão que eu não tinha.
Pouco tempo depois, senti a presença de Camille, diferente de antes, agora ela era extremamente silenciosa, andava sempre descalço e com delicadeza, que provavelmente poucos a perceberiam. É estranho e eu não sei explicar, mas a cegueira despertou um novo sentido em mim, o sentido de perceber a presença dela.
Ela se ajoelhou e como se tivesse adivinhado meus pensamentos, aliás, provavelmente ela adivinhou, Camille acomodou as mechas de meus cabelos para trás.
Habilmente, começou a passar uma esponja embebida de sabonete líquido em meu corpo.
Ela foi descendo e eu fui ficando involuntariamente quente. Ser privado da visão fazia meus outros sentidos se aguçarem.
Cada movimento de suas mãos faziam ondas de calor me atacarem. Ela desceu até entre minhas pernas e eu já estava pronto. Meu raciocínio já estava lento e só conseguia pensar com a cabeça de baixo. Ela parou com a mão lá e ficou mexendo, claramente me provocando.
Não aguentei e peguei em seu braço e a puxei.
— Henry! — ela soltou um gritinho que me deixou surpreso.
— O que foi? Por que se assustou? Estava até pouco tempo atrás me provocando. Tire a roupa e entre na banheira logo.
— Ah… foi isso? Me desculpe, não foi intencional, eu só me distraí… Hoje não, tudo bem? Hoje eu estou cansada.
Levei alguns segundos para processar, nunca ouvi Camille dar alguma desculpa para me recusar.
— Você está mesmo tentando me afastar? Eu sou feio e asqueroso, Camille?
— Não Henry… Você é… você é atraente, muito atraente… — ela diz baixo, demonstrando timidez na voz.
O ar em volta de nós dois se movimentou e antes que ela se afastasse, a segurei mais forte pelo braço, a puxando para mim.
— Então entre na banheira. Se não acha que eu sou asqueroso, deveria aproveitar, já que não posso te pagar com dinheiro pelos seus serviços.
Senti seu corpo tensionar instantaneamente e ela, com delicadeza, se libertou do meu aperto e se afastou.
— Você me vê mesmo como apenas a sua empregada, Henry? — ela pergunta, me deixando sem palavras por alguns instantes. Eu juro que em todos esses anos, ela nunca havia me feito perguntas assim.
— Como eu te vejo? — “como eu a vejo? — Eu não a vejo, Camille, você sabe.
— Você entendeu o que eu quis dizer, Henry. Por favor, eu preciso ouvir de você, como você me vê? O que você pensa da mulher que sou?
— É sério mesmo, Camille? — como dizem, o silêncio vale mais do que mil palavras e foi exatamente o que ela me devolveu.
Me mexi desconfortavelmente na banheira, não pensava que aquilo seria uma conversa agradável. Ela me esperou paciente mente, até que eu disse:
— Eu penso, que… eu penso que você é estranha, não consigo te entender. Ninguém se dedicaria tanto a outra pessoa em troca de nada. Se fosse o contrário, você sabe que eu nunca faria o mesmo por você, não sabe?
Ela disfarçou, mas não tão bem, minha audição aguçada me fez ouvir sua respiração estremecer. “Ah droga, ela não vai chorar de novo, não é?”
Esperei algum tempo até continuar:
— Eu lembro de você, Camille. Lembro dos seus cabelos avermelhados e da sua magreza estranha. Lembro das suas sardas e do seu sorriso estranho. Sei que as pessoas não mudam muito quando crescem e que provavelmente se tornou uma mulher bem… digamos… uma mulher comum. Eu sei que o acidente não deixou nenhuma sequela no meu rosto, além da cegueira e sei que provavelmente eu devo ter uma aparência bem superior a tua.
Respiro fundo, não me sinto bem em dizer o que vou dizer, mas apesar de me sentir um crápula, não vou ser mentiroso nas minhas palavras.
— O que eu penso de você? Bem… eu penso que talvez tenha algum problema com sua autoestima, ou talvez, tenha criado alguma dependência emocional em mim. Não é normal que tenha abdicado de seus sonhos por alguém que não pode te amar.
Ouço-a respirando com cuidado, provavelmente tentando disfarçar novamente o seu choro.
— Essas coisas mudam, sabe? Quem sabe algum dia, você descubra que me ama.
— Não, Camille. É impossível amar alguém que você não pode enxergar.
Naquele momento ela saiu do banheiro e me deixou sozinho. Eu a esperei para terminar o banho até sentir a água gelar. Ela não voltou…
Me vi obrigado a tentar me virar sozinho, com dificuldade consegui sair da banheira. Derrubei coisas, escorreguei algumas vezes até encontrar meu roupão de banho.
Voltei para o quarto e mesmo não enxergando, sabia que estava sozinho ali, ela não estava lá…
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 65
Comments
Júlia Caires
ele pegou pesado demais com ela e sem necessidade, foi muito ingrato
2024-06-13
515
💖 케지아 라임 💜
Deve ser difícil depender dos outros, e entendo que ele se sinta culpado por fazê-la casar com ele, mas nada justifica tratá-la dessa forma, e homem... ela pode conseguir em qualquer lugar, independente de ser feia ou não. Então ele rever esse pensamento dele, com relação a ela. Infelizmente a cegueira dele, não o deixa enxergar o que está na cara.
2024-12-29
1
Vanedrigues
Ele poderia ter se tornado independente. Não era necessário q ela fizesse tudo pra ele, até um banho ele não toma sozinho?!! A real é q no fundo ele achava obrigação dela fazer tudo, exatamente tudo pra ele já q ele perdeu a visão salvando-a.
2024-11-25
0