Capítulo 4

POV HENRY

Claro! Ninguém vai descobrir e ainda, toda as dívidas vão para o nome de Henry, ele vai ficar mais ferrado do que já está! E nem vai ter os olhos da cara para se livrar da dívida.”

Eles começaram a rir, zombando da minha deficiência e eu me afastei, tentando pensar em uma solução para esse problema.

Sim, apesar de nunca ter mencionado isso para Camille, eu já sabia que a empresa da minha família pertencia a mim. A empresa não pertencia ao meu pai e sim a minha mãe e esta, quando se foi, deixou a empresa como herança para o filho.

Quando meu pai estava vivo e trabalhava o tempo todo, ele não trabalhava para o seu próprio negócio, ele trabalhava para o meu negócio.

Voltei para o quarto e disse:

— Alexa, encontre Robert Farias.

“Encontrado, Robert Farias, Engenheiro de Software.”

— Ligue para ele, Alexa.

— Sim, ligação iniciada.

O telefone toca algumas vezes e logo sou atendido.

— Henry? É… é você mesmo ou é Camille?

— Sim, sou eu.

— Nossa! Quanto tempo! Não te vejo mais desde o acidente. Você… err… você está bem?

— Sim, Robert, eu só estou cego.

— Ah, sim… mas o que importa é que está com saúde. Sabe, um dia desses eu encontrei Camille e ela me disse que você estava muito bem, que tinha se formado com as melhores notas na faculdade a distância. Ela falou muito bem de você.

Bufei, insatisfeito. O que eu menos queria ouvir agora era sobre Camille.

— Robert, eu não te liguei para jogarmos conversa fora, liguei para pedir sua ajuda.

— Ah, sim! Claro! Éramos melhores amigos na escola, é claro que eu vou te ajudar. O que precisa?

— O meu meio irmão está me roubando, ele colocou todo o dinheiro em uma conta na Suiça, você consegue encontrar?

— Ah, bem… isso geralmente não é tão fácil assim, mas você está com sorte porque para mim é fácil.

— Ótimo! Mas seja discreto, eu não quero que aqueles imbecis descubram agora.

— Ok! Pode deixar! Ah, Henry! Vamos marcar de sair um dia desses! Leve Camille.

— Não, Robert! Eu não quero sair e receber o olhar de pena dos outros.

— Mas isso é bobagem, você não vai nem ver, sabe…

— Olha, Robert, você será pago pelo seu trabalho, não insista para eu sair e me expor ao ridículo.

— Aaa… tudo bem. Bem, eu vou fazer o que pediu e logo retorno.

Robert era o meu melhor amigo antes de tudo acontecer e apesar de suas tentativas de aproximação, eu sempre o mantive longe. Eu posso não enxergar, mas só de imaginar que ele me olharia com pena, eu me sinto incomodado.

Se não fosse esse problema, provavelmente nunca teria lhe pedido ajuda.

O dia passou se arrastando e Camille não apareceu para fazer o meu almoço. Fiquei com fome, mas não reclamei, até porque, ela não tinha nenhuma obrigação comigo na real.

Eu estava com fome, mas na verdade o que mais me incomodava era pensar que talvez, ela não voltaria mais para casa.

Porém, ao entardecer, ela voltou. Soube quando ouvi gritos da minha madrasta.

Saí do quarto e a ouvi gritando com Camille.

Ela dizia que Camille roubou um pacote de macarrão de seu armário.

Camille tentava se defender, dizendo que só pegou emprestado, porque não pode comprar naquele dia alguma coisa para eu comer e que eu provavelmente eu estava com muita fome. Ela lhe garantiu que devolveria o pacote de macarrão assim que pudesse.

Mas mesmo assim, a minha madrasta continuava a gritar com ela e de repente, ouvi o barulho de louça se estilhaçado no chão.

— Socorro! Socorro! Chamem a polícia, essa mulher me machucou de propósito! — minha madrasta gritou.

— Mentira! Foi um acidente. Foi você mesma que se queimou tentando derrubar a minha tigela de macarrão. — Camille tenta se defender, porém, nem muito tempo depois, a polícia chega e pega Camille enquanto minha madrasta grita dramaticamente.

Algum tempo depois, quando a polícia foi embora com Camille, a ouço sorrindo:

— Que mulher idiota! Eu a odeio, a odeio!

Enquanto isso, meu celular vibra em meu bolso, atendo e era Robert.

Logo após falar com Robert eu volto para sala surpreendendo aquela bruxa encarnada.

Bato palmas, lhe chamando atenção.

— O que está fazendo aqui, seu! Seu aleijado! Volte para o seu quarto, vá! Está com fome, é? Pois não vai comer hoje! A sua babá não vai voltar tão cedo para te alimentar.

— Pois eu acho que ela vai estar de volta ainda hoje, porque se ela não estiver, quem não vai estar mais nessa casa será você.

— O que está falando, seu imbecil? Como vai conseguir me tirar da minha casa!

— Sua?! Você sabe muito bem que essa casa não é sua, essa casa faz parte da herança que minha mãe me deixou.

— Hahaha! Pois eu não vou sair e não vou buscar a sua empregada de estimação. Quero ver me obrigar!

— Hum, bem… Hoje eu ouvi algo muito interessante, sabia? Ouvi que o seu filho querido roubou todo o meu dinheiro, a sorte é que eu tenho um amigo que tem algumas habilidades interessantes, sabe? Ele sabe bem como hackear uma conta bancária e limpar, sem deixar rastros.

— S-sobre o quê você está falando, Henry?!

— Estou dizendo que mandei limpar a conta do seu filho ladrãozinho e que vocês não tem nada novamente. Estou dizendo que se você não tirar Camille daquela prisão e não começar a tratar ela como a verdadeira dona dessa casa, eu vou expulsar vocês daqui com uma mão na frente e outra atrás.

— Você não fez isso, Henry?!

Ouvi o barulho de estilhaços e sabia que ela tinha pegado alguns dos cacos.

— Fiz e se você me matar vai ser muito pior. Eu já fiz o meu testamento e tudo o que tenho vai para Camille e depois de tudo que você fez a ela, eu duvido que ela terá alguma pena de você. Se me matar, você estará na rua da armagura do mesmo jeito.

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