Capítulo 9

POV HENRY

Mais uma noite passei, procurando na cama vazia alguém que sabia que não estava lá.

Amanheceu e foi o pior dia da minha vida, minha cabeça doía de uma forma que nunca senti. Me sentia, tonto, nauseado e arrependido, não deveria ter bebido tanto.

Pela casa procurei Tânia que me disse que havia uma caixa de remédios no meu quarto. E eu tive que subir a escada novamente até encontrar.

Logo tive que descer novamente para pedir ajuda a Tânia sobre qual remédio deveria tomar. Droga, se Camille estivesse aqui…

Parei meus pensamentos, já estou cansado de me lembrar sempre como ela me fazia falta.

— Senhor, chegaram algumas correspondências e algumas de Camille. O que eu faço com elas?

— Me dê que vou ver o que fazer, Tânia.

Logo ela me deu e eu corri para quarto. Queria saber se algumas daquelas correspondências me dariam uma ideia de onde Camille estava.

Bem, eram cobranças, nada que me desse uma ideia de onde ela foi parar.

Vi que Camille estava endividada, tinha cobranças de uns três cartões de créditos e cobranças da minha faculdade. Fiquei confuso, ela ainda estava pagando a minha faculdade?

Havia um outro envelope interessante, era um aviso que a recisão dela estava pronta para ela sacar. Li sem culpa, pelo jeito, Camille tinha sido demitida bem no dia em que foi embora.

Isso me deixava mais desconfiado, como ela conseguiu pagar minha cirurgia se ganhava um salário mínimo, estava endividada e ainda tinha sido demitida? Como?

Peguei meu celular e liguei para Robert, o chamei para irmos tomar um café juntos.

O levei para uma lanchonete, exatamente a lanchonete que Camille trabalhava.

Nos sentamos e olhei em volta, era um lugar precário, que condizia com o salário que ela ganhava.

— Por que me trouxe nessa espelunca, Henry? Próximo daqui tem um lugar bem melhor.

— Sabe que lugar é esse? É onde Camille trabalhava.

— Vai ficar falando na Camille de novo?

— Vou, Robert. Quer saber a verdade, eu a quero de volta. Talvez alguém daqui saiba alguma coisa e eu queria que me ajudasse.

— Cara, você tem que seguir em frente. Não disse que Camille te tratou mal.

— Não é bem isso, eu estava bêbado, tá? Camille antes de ir embora estava estranha, eu acho que ela estava magoada comigo. Talvez se conversássemos, poderíamos nos resolver. E quer saber, eu só posso dizer se me importo com a aparência dela no dia que a ver.

— Ah, cara… você tem certeza disso?

— Tenho! — acenei para a garçonete que logo veio nos atender. — Eu quero um café preto e uma torrada…

Fiz meu pedido, Robert também e logo chegaram os nossos pedidos.

Enquanto a funcionária nos servia, pedi:

— Senhorita, o gerente se encontra? — a atendente fez uma expressão de assustada e logo consertei — Não é nada sobre o seu atendimento, eu só queria fazer uma pergunta sobre outra funcionária.

A garçonete disse que estava sim e logo ele pareceu. Era um homem alto, calvo e usava um bigode com fios espessos. Tinha uma expressão de poucos amigos, como se de cara já não nos gostasse de nós dois.

Ignorei a expressão de poucos amigos do homem e logo perguntei:

— Senhor, estamos buscando notícias de uma ex-funcionária daqui, Camille. Lembrar-se dela?

O homem pareceu se irritar mais, seus lábios se contorceram e parecia até que ele ia rosnar.

— Você é mais um que veio aqui para ficar em cima de Camille? Como já sabe, ela foi demitida. Não vou admitir funcionárias que ficam se insinuando para os clientes.

Fiquei sem reação e Robert disse:

— Ah, cara! Que merda… eu te disse que não deveríamos mexer com isso. Claramente Camille não era quem nós pensávamos.

— Pois é, ela não era. Não passava de uma mulher fácil. Agora que respondi as suas perguntas, vou voltar para meu escritório, tenho mais o que fazer!

Parecia que Camille fez alguma coisa para aquele homem, não era normal ele ficar tão irritado.

— Está vendo, Henry? Eu acho melhor não procurar Camille, sabe se lá onde ela foi parar? E se ela estiver com outro?

— Não, eu não acredito que Camille iria me trocar. Alguma coisa aconteceu. Tente encontrar ela para mim.

— Vou fazer melhor, vou encontrar outra gata para você.

— Não, Robert! Já disse, eu quero Camille!

— Você não ouviu o ex chefe dela?

— Não acredito muito no que ele disse. Suas palavras pareciam mais despeito do que verdade.

— Ah, cara! E a morena de ontem? O que aconteceu?

— Não aconteceu.

— Como? Ela era linda!

— Era, mas… não gostei dela, acho que não faz o meu tipo de mulher, ok? Só encontre Camille, ok?

— Tá, eu vou procurar, mas só com uma condição.

A condição de Robert era que eu aceitasse me encontrar com outras mulheres, dizendo que eu não podia decidir por Camille sem ter conhecido outras. Então ele marcou um jantar com outra garota.

Dessa vez não era em uma balada, era em um restaurante. Um lugar de bom gosto e silencioso que servia pratos assinados por um chefe famoso.

Robert disse que conseguiu um encontro com uma mulher do meu nível e tinha certeza que eu iria gostar.

Eu não vou dizer o nome dela, já que acho irrelevante e só por isso já posso adiantar que foi mais um encontro que não deu certo.

No início até me diverti, ela era linda, loira, se vestia bem e parecia ser muito inteligente.

Era uma empresária que gostava de falar economia e negócios, algo que foi muito interessante. Cheguei a achar que poderíamos marcar mais encontros e quem sabe engatar um relacionamento, até que eu a elogiei, disse que tinha gostado muito dela, que gostava do fato de ela ser inteligente e ter seu próprio negócio.

Foi aí que ela começou a dizer que desde pequena tinha esse objetivo em mente, que nunca imaginou ser uma mulher que vive uma vida medíocre, (sim, ela utilizou essa palavra) cuidando de marido ou filhos. Ela se gabava de seus feitos e ao mesmo tempo menosprezava as outras mulheres.

Ela disse que essas mulheres que desistem de uma carreira e de seus sonhos só para viver uma vida de dona de casa eram retrógradas e burras.

Eu me senti um pouco desconfortável com ela, lembrei de todas as vezes disse isso a Camille e agora, ouvindo essas mesmas palavras saindo da boca de outra pessoa, percebi como eram palavras totalmente desnecessárias.

Agora, desde que Camille foi embora e eu comecei sentir falta do que ela fazia e ver todos os vestígios pela casa, percebi como ela era inteligente. Ela tinha três cartões de crédito para administrar suas dividas e ela gravou em áudio muitos livros de economia, o que demonstrava que tudo que eu sabia, ela também sabia.

Camille escolheu essa vida, não porque era burra e sim, porque amava um idiota.

Meu humor ficou péssimo de repente e logo me despedi e fui embora, abandonando aquele encontro fracassado.

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Comments

Alessandra Almeida

Alessandra Almeida

A ficha está caindo...está aos poucos percebendo o quão ela era importante pra ele. Creio que ele esperou a mudança dele até o último instante antes da cirurgia. Ela queria que ele a amasse pelo o que ela era e não por sua aparência. Quando ela perguntou e ele disse que não poderia amar alguém que ele não pudesse ver, foi a gota d'água pra ela🥺🥺

2024-07-18

293

Aureca's

Aureca's

pois é depois que perde é que vê que ela tem seu devido valor em sua vida, acho que esse tão amigo quanto o patrão dela deu em cima dela isso sim, por isso de tanta raiva do patrão porque ela não deu brecha pra ele assim como o amigo que quer quê ele esqueça ela, safado!

2025-02-21

0

Vanda Farias de Oliveira

Vanda Farias de Oliveira

É precisa sentir falta para valorizar uma mulher que deixou tudo pra ajudar um idiota como o Henry

2025-02-01

0

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