POV HENRY
Fiquei sem reação, o bebê chorava e as vezes dava alguns gritos, ele parecia mais nervoso e eu não fazia a menor ideia do porquê.
Foi aí que começaram as primeiras agressões, ele pegou em meu cabelo e começou a puxar.
— Ei! Ei! O que é isso, acabamos de nos conhecer? Por que toda essa raiva?
Soltei meus cabelos de suas mãos, mas não parei de ser agredido. Ele pegou em meu rosto, apertando minha bochecha e começou a morder o meu queixo.
— Aí! Mas o que é isso?? Isso dói, cara! Você não é pequeno demais pra ter dentes?
Eu tive que o afastar, o peguei por baixo de seus braços e o mantive longe, enquanto ele esperneava.
— Dona Hilda! Preciso de ajuda! — grito, tentando escapar daquela situação.
— O que foi Henry?! Porque toda essa reclamação? Eu só fui pegar o tetê do nenê.
— O quê?!
— Tetê, a mamadeira dele! Meu Deus, não segura a criança assim, é por isso que ele está chorando tanto! — ela aparece já brigando comigo.
— Mas ele estava me mordendo e meu Deus, eu estou sujo de baba. Tem algum problema com essa criança, bebês não deveriam ser assim, tão…
— Chorões? Sim, Henry, bebês choram. É o jeito deles de se comunicarem, nós adultos também choramos, quando algo nos incomoda, sabia? Me dê ele aqui.
Me sinto aliviado quando Dona Hilda pega o bebê, ela o abraça e balança, tentando o acalmar.
— Eu não sabia que tinha que fazer isso, acho que cuidar de bebês deve ser muito difícil.
— Não é tão difícil quanto pensa, mais difícil é cuidar dos bebês adultos, Henry.
Senti que foi uma indireta para mim, porém não comentei nada. Sinto que eu devo ficar calado quanto a isso, prefiro evitar piorar as coisas.
Dona Hilda sentou-se e começou a tentar dar o tal tetê para o bebê, porém, ele estava recusando desviando da mamadeira.
— Eu acho que ele não quer mamar, talvez queira comer alguma coisa. Ele me mordeu de verdade, talvez achou que eu era um bife suculento.
— Bebês não comem bife, Henry. E a mordida de gengiva não dói.
— Não foi só gengiva, eu tinha certeza que tinha um dente bem afiado aí. Eu senti.
Impulsivamente vou até a senhora Hilda, me agacho e tento abrir a boca do bebê, ele se incomoda, ele parece um garoto muito estressado, mas acaba me deixando ver.
Olho me aproximo para olhar de perto e lá estava, quase não dava para ver, mas ele tinha dois dentinhos nascendo na parte de baixo.
— Ele tem dentes sim, senhora Hilda! Dê uma olhada.
Ela puxa o bebe e olha, até que diz.
— Meu Deus! É verdade! Nasceram os primeiros dentinhos! Mais que coisa linda. Vamos, Henry, pegue ele!
— Acho melhor não!
— Pega logo, Henry! — tentei me afastar, mas a senhora Hilda me empurrou o bebê novamente, não me dando escolha.
Ela correu e voltou usando óculos e apontando o celular.
— Vamos, Henry! Mostre os dentinhos do bebê para eu tirar uma foto. A mãe dele vai adorar saber que já nasceram os dentinhos do Bentinho. É por isso que ele está tão nervoso, coitadinho.
Revirei meus olhos, não estava interessado em participar daquela cena tórrida. Mas o que eu podia fazer?
Dona Hilda fez uma sessão de fotos, o bebê se mexia e quase sempre não dava certo. Demorou até ela conseguir tirar a foto perfeita.
Demorou tanto que o bebê acabou se acalmando e encostou a cabeça no meu ombro. Ele ficou lá, quietinho, como se eu fosse um porto seguro para ele. Foi estranho a sensação.
— Ah, já que ele ficou quietinho, eu vou terminar o almoço.
— Não, dona Hilda… — antes que eu protestasse, ela foi embora.
Andei de um lado para o outro, pensando no que fazer. Pensei em colocar o bebê no berço, mas quando eu tentava ele fazia cara de choro, então desistia e deixava ele babar o meu terno novinho.
— Deus, eu só vim aqui para saber de Camille e não para ser um babá. — digo, sem saber o que fazer.
— Henry! — ouço a dona Hilda me chamando e vou a passos apressados na direção do som.
— A senhora já terminou de fazer o almoço? — digo chegando na cozinha.
— Não, mas vá pra sala. Vai ficar em pé o tempo todo?
— Senhora Hilda é que… é que eu tenho compromissos hoje. — menti, na verdade eu tinha desmarcado tudo.
— Desmarca, você não acha que o Bentinho é mais importante?
— Claro que não!
— Pois ele é importante sim! Você não sente nada quando olha para ele? Não sente nadinha?
Afasto o bebê por alguns segundos, para olhar seu rosto. Ele estava com os olhos marejados e parecia um pouco triste. É, era de dar pena…
— Porque ele fez uma cirurgia tão pequeno? Deve estar doendo.
— Porque se deixar para fazer quando ele crescer, vai ser mais dolorido e a recuperação vai demorar mais. E ele deve estar mais chatinho por causa do dente crescendo, porque dói. Henry, ele se acalmou com você, vai ter mesmo coragem de deixá-lo desse jeito?
Soltei o ar, desanimado. Eu até que entendia aquele pirralho, entendia como era não conseguir dizer em palavras o que se sente.
— Tá, eu vou ficar mais um pouco.
— Ótimo!
Era para ficar mais pouco, mas acabei passando o dia lá. O bebê não quis sair do meu colo e praticamente me tornou seu escravo. Eu oferecia a ele brinquedos, mas ele ignorava, tudo o que queria era morder o meu queixo. E a senhora Hilda nem me defendeu dele, ela me obrigou a lavar bem o rosto, só para o bebê continuar a me fazer de seu mordedor.
Voltei para casa cansado, nunca esperei me tornar uma babá por um dia. Sei que a senhora Hilda deve ter feito isso comigo para eu não voltar lá e não perguntar mais por Camille. Mas ela estava errada, pretendia voltar lá mais vezes até ela me dizer onde estava a filha dela.
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Atualizado até capítulo 65
Comments
Maria Rita Silva Macedo
certeza que esse BB é o dele, e a Camille deve tá no hospital se recuperando da cirurgia, se me lembro bem ela tinha algum problema na perna e mancava... meu raciocínio tá certo Wan?????
2024-06-18
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Soraya Dias
O que será que aconteceu para ela deixar o filho tão pequeno com a mãe 🤔 e sim ele é seu filho viu Henry 🤣
2024-11-25
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Cida Lima
só acho que ele tem que saber do filho mesmo ele ter sido um babaca
2025-02-20
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