Capítulo 10

POV HENRY

Quanto mais o tempo passava mais eu descobria o quanto fui idiota e o quanto sentia falta de Camille.

Robert dizia que não havia encontrado nada sobre o paradeiro dela e sempre desconversava quando eu insistia que procurasse mais.

Acho que ele não estava muito animado para encontrar Camille, porém, para me arranjar estava empenhado.

Ele me disse que eu não gostava de mulheres muito atiradas como a primeira e que talvez não gostasse de mulheres arrogantes, então ele me arranjou um encontro com uma garota de classe mais humilde.

Ela também era bonita, tinhas os cabelos longos e castanhos, uma voz calma e um jeito tímido que me lembrava Camille. Por isso fiquei muito interessado no início, mas depois ela veio me dizendo algumas coisas que me fizeram fugir.

Primeiro, disse que gostava de cozinhar e que foi educada para ser uma boa dona de casa, algo que não tenho nada contra, mas após, disse que seu sonho era ter uma grande família e uma casa cheia de filhos.

Após me perguntou se eu queria ser o pai dos filhos dela, que eu tinha uma boa genética e que nossos filhos seriam lindos.

“Doida!”

Eu logo dei um jeito de escapar daquele outro encontro desastroso. Eu nem gosto de criança e não quero ser pai. Ainda mais ser pai de um monte de pirralhos.

Me lembro quando eu e Camille conversamos sobre isso e eu lhe disse logo para ela se proteger, porque definitivamente não podíamos ter filhos e se ela engravidasse a responsabilidade seria só dela.

“Meu Deus, será que fui um babaca em dizer isso também?”

Ah, droga! A cada lembrança que tenho das coisas que disse a Camille, me sinto mais culpado. Eu deveria ter conseguido pensar em palavras melhores para dizer a ela e pensando agora, se ela tivesse engravidado, provavelmente não teria me abandonado. Ou teria?

Só sei que, eu não gosto mesmo de crianças, mas… eu teria aturado o filho dela, só para tê-la comigo.

Mais algum tempo passou e Robert conseguiu mais encontros, uma mulher mais doida do que a outra. Na verdade, talvez elas não fossem doidas e sim, eu que não conseguia colocar ninguém no espaço vazio que Camille deixou.

Por isso, acabei recusando os encontros e comecei a me dedicar mais ao trabalho.

Nesse tempo tirei minha carteira e comecei a fazer outros cursos para me distrair.

Minha vida era totalmente sem-graça e eu percebi que minha vida como cego conseguia ser melhor do que minha vida de agora.

Quando eu era cego a única coisa que me faltava era o dinheiro e pensando agora, só me faltava por minhas próprias escolhas, a minha cegueira não era só nos meus olhos, eu me achava tão coitadinho que não percebia que já podia dar uma vida melhor para Camille mesmo naquela época.

“Ah, Deus! Eu estou arrependido, tá? Aprendi a lição, ok? Agora já pode me trazer a minha esposa de volta.”

Fiquei em silêncio, esperando algum sinal de que alguém me ouviu. Olhei para a porta do meu quarto e fiquei lá, esperando a porta abrir e ela voltar.

Eu já estava enlouquecendo com a falta que sentia dela e… como posso sentir a falta de alguém que eu ainda não consegui enxergar?

Em algum momento acabei dormindo e pela manhã, acordei desanimado. Cheguei até a sonhar com Camille, mas sonhei com a Camille esquisita da minha adolescência. Sonhei com aquele sorriso cheio de ferros de seu aparelho e no sonho eu fazia algo que nunca fiz para ela, eu correspondia o seu sorriso.

Nesse momento eu fiquei relembrando o sonho e passeando por aquelas lembranças antigas, até que me veio na mente algo que ainda não tinha pensado.

Já fizeram mais de um ano que Camille sumiu e eu ainda não fui no lugar mais óbvio para descobrir onde ela estava: A casa da mãe de Camille.

Imediatamente o meu desanimo se foi e me levantei rápido da cama, me arrumei como se estivesse atrasado e eu estava atrasado mesmo.

Corri para falar com Tânia, pois ela sabia onde a mãe de Camille morava.

Antes de chegar lá, passei no mercado e comprei algumas coisas, me lembrei que ela era muito pobre e talvez fosse bom eu levar algumas coisas.

Quando bati na porta, fiquei até com medo de que ela não estivesse lá, mas para minha surpresa, a mãe de Camille abriu.

— Henry! — ela diz, surpresa. — O que está fazendo aqui?

— Eu.. vim te visitar. Trouxe algumas coisas. — digo mostrando a sacola.

— Eu estou ocupada agora, pode voltar em outro dia? — ela diz, ficando na frente da porta.

— Eu queria muito vir ver a senhora. Eu até trouxe algumas coisas, olha.

— Eu vi que trouxe algumas coisas, Henry. Mas eu não estou precisando de nada. Dê a alguém que precisa.

— Camille está aí, não é? É por isso que a senhora não quer me deixar entrar?

— Não, Henry, Camille não está aqui. Ela está vivendo a vida dela e sendo feliz. Por que não faz o mesmo.

— Porque eu não posso, dona Hilda. Eu já tentei, tá? Eu não quero fazer mal a Camille eu só quero conversar.

Ela faz alguns segundos de silêncio e eu continuo em espectativas. Eu me sentia tão estranho, tão animado, não sei. Acho que cheguei a pensar que encontraria Camille lá.

— Ok! Me dê essas frutas aqui e entre. Tire os sapatos e faça silêncio, tá?

Acenei em positivo e obedeci ao que ela pediu.

Entro na casa da mãe de Camille e até que gostei. Não era uma casa grande, na verdade era bem pequena, mas era muito limpa. Os móveis eram novos e a decoração era um pouco antiquada, mas dava um ar bem aconchegante.

Na estante tinha uma foto de Camille na adolescência ela estava sorrindo daquele jeito que me lembrava. Não me aguentei em pegar e olhar de perto, pensei que esqueci os rostos de tantas pessoas quando era cego, mas o rosto daquela garota esquisita era o único que me lembrava com detalhes e aquela foto só comprovava que era verdade.

— Então, Henry. O que você quer dizer?

— A senhora sabe onde está Camille?

— Sei, mas ela não quer te ver, então não vou falar.

— Entendo… mas pode pelo menos dar um recado meu para ela?

— Diz e eu vou pensar se vou falar.

Tirei dos meus bolsos as correspondências dela e entreguei a mãe dela.

— Diz a ela que eu paguei todas as dívidas que tinha, que ela não precisa mais se preocupar com isso.

— Certo. É só isso?

— Diz para ela aparecer ou em ligar… Diz que eu não me importo se ela for feia e diz que eu quero recompensá-la por todo tempo que se dedicou a mim.

— Olha, Henry, eu posso até dizer, mas já sei a resposta. Ela vai dizer não. Você sabe o que acontece quando uma mulher se cansa?

Franzi minhas sobrancelhas, tentando entender o que ela queria dizer com Camille estar cansada, porém, antes que ela continuasse, comecei a ouvir um barulho estranho.

— O que é isso? É um miado de gato? Você tem gato?

— Ah, meu Deus! Eu te disse para falar baixo, agora ele acordou! — ela diz e corre adentrando pela casa.

Curioso, acabo a seguindo, quando o som de choro começa a ficar mais alto.

Chegando em um dos quartos sou surpreendido com a senhora Hilda pegando em um berço uma criança chorona.

— O que é isso? De quem é esse bebê? — pergunto surpreso e desconcertado.

— Esse bebê? Bem… eu cuido dessa criança para ganhar um extra como babá.

Examino a criança aos poucos, ele chorava muito e ao mesmo tempo enfiava a mão na boca, babando tudo. Não era lá uma criança fofa. Ele era careca e usava um gesso na perna, onde tinha alguns ferros saindo.

— O que houve com a criança, porque tem isso na perna?

Ela revira os olhos e após diz:

— Ele fez uma cirurgia na perna recentemente e por isso está muito amoado. Tome, pegue ele! Quem mandou você acordá-lo, agora aguente!

Meu queixo caiu, ela saiu do quarto me deixando sem saber como segurava direito aquela coisa que estava me sujando todo de baba, ranho e lágrimas.

— Meu Deus, mas… mas como… como eu faço para fazer ele parar de chorar?! — grito, mas acho que a Dina Hilda não ouviu.

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Comments

Lucineide Tavares

Lucineide Tavares

acho que ela foi embora porque tava grávida e ele iria rejeitar o filho,tbm acho esse Robert muito esquisito parece que ele não quer que Camille volte talvez ele gosta dela ou sei lá, mas de uma coisa é certa ele não tá ajudando Robert a encontrar- la não ão invés disso fica empurrando mulheres pra ele

2024-06-17

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Maria Nunes

Maria Nunes

Mas pq diacho o Robert ao q parece nao quer que eles se encontrem é o bebê será q e filho dele porico ela foi embora qual sera o segredo d Tudo pois ela suportou tudo pagou a operação dele como se nao tinha dinheiro p nada nem dar uma alimentação adequada ja q o pacote d macarrão ela disse a madrasta dele q pagaria depois como isso, pra falar a verdade ta tudo muito confuso autora

2025-02-03

1

Silvaneide ferreira

Silvaneide ferreira

gente Herry e uma comédia vai falar com a mãe da mulher e ainda vai praticamente chamando ela de feia .essa criança deve ser dele .mas pq tá com a mãe dela parece que a criança tem as mesmas deficiência que ela tinha quando criança

2024-11-11

0

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