Capítulo 5

POV HENRY

De repente, a porta se abriu e meu meio irmão entrou correndo.

— Mamãe! Mamãe, você não sabe o que aconteceu?! O dinheiro… — ele para e provavelmente deve ter percebido nesse momento que eu estava lá — Henry, o que está fazendo aqui, fora do seu quarto? Onde está Camille para te tirar daqui?! Camille! Camille! — ele grita, me fazendo ter uma ideia de como eles tratam Camille nessa casa.

— Filho, pare! A Camille, ela… a coitadinha da Camille sofreu uma injustiça, vamos buscar ela, filho.

— Hã? O que está falando, mãe? Coitadinha da Camille?

— Filho, me ouça pelo menos uma vez na vida! Cale essa boca e vamos comigo buscar a Camille.

— Já você, Henry! Está com fome? Eu vou pedir que façam o seu jantar, tudo bem? Espero que fique muito bem, meu filho!

Sinto ela se aproximando, não preciso enxergar para sentir aquela energia pesada e escura movimentando o ar. Automaticamente me afasto.

— Não encoste em mim! Já disse, se Camille não estiver de volta em uma hora, vou mandar jogar as suas coisas na rua.

— Olha como você fala com minha mãe, inválido! — meu meio irmão me empurra, mas eu não saio do lugar.

— Filho! Pare! Você tem que tratar o seu irmão bem! Henry, por favor, perdoe o seu irmão!

— Camille! Vá buscar Camille!

Ouço os passos apressados deles e continuo parado, até não os ouvir mais.

Tento respirar com calma, acho que já faz muito tempo que não sinto tanta raiva.

Um nó se instalou na minha garganta, relembrar a forma como minha madrasta gritava com Camille, me deixava mais irritado ainda.

“Meu Deus, qual o problema de Camille? Por que ela estava aguentando tudo isso por um idiota como eu?!”

Fico agitado, ando de um lado por outro. Bato o joelho algumas vezes e derrubo algumas coisas, mas isso não me abala, só conseguia pensar em ter Camille aqui de volta.

Algum tempo se passa. Uma hora? Não sei. Só sei que minha madrasta entra gritando e choramingando. Sinto-a pegando em meus joelhos, ajoelhada aos meus pés e dizendo:

— Henry, eu não encontre Camille! Não me culpe, não nos mande embora daqui! Somos sua família! A Camille, ela… Camille não estava mais na delegacia quando chegamos lá, alguém pagou fiança e a tirou de lá antes de chegarmos. Com certeza era um amante dela! É isso! Com certeza Camille estava te traindo.

Me sinto extremamente irritado, chuto aquela mulher sem medir minhas forças.

— Vão embora daqui vocês dois!

— Aí! Henry, como pode fazer isso com a sua mãe? Aí, que dor! — ela choraminga mais, o que me deixa com mais raiva.

— Joguem essas duas pessoas para fora da minha casa! — eu grito, me descontrolando, na verdade, já estava completamente descontrolado.

— Henry, o que está fazendo? Eu sou o seu irmão. Você está preferindo aquela piranha a sua família?

— Cale essa boca! — grito e derrubo a estante a qual estava me apoiando. Não sei o que quebrei, só sei que o barulho que fez de estilhaços, demostrou que devo ter derrubado coisas frágeis.

— Henry! Se acalme, a gente vai… a gente vai encontrar Camille, nos dê mais tempo, por favor.

— Por quê ninguém está me obedecendo e não tiraram essas pessoas da minha casa?! — eu grito e não ouço nenhum movimento. Imagino que os empregados não me vejam como o verdadeiro dono dessa casa. — Ok, ninguém vai fazer nada, não é? Vou chamar a polícia e se a polícia precisar resolver o meu problema, vou demitir todos! Não posso manter na minha casa pessoas que não posso confiar!

Um silêncio se fez e eu peguei meu celular, desbloqueei e disse:

— Ligar, 911.

Um bipe longo soou e uma gravação poderia-se ouvir.

“Você ligou para a polícia, em alguns instantes será atendido.”

Aguardei pacientemente até que fui atendido.

— Por favor, mande alguns agentes para minha casa. Sou cego e minha casa foi invadida por estranhos.

Digo e após a atendente me pergunta algumas informações e eu digo que tinha todos os papéis que comprovam que eu era o proprietário.

Antes que terminasse a ligação, ouço os gritos de protestos, acho que finalmente os empregados perceberam que eu não estava blefando.

Só quando não ouvi mais os gritos, acabei cancelando a vinda da polícia.

Logo uma das empregadas vieram, me perguntando o que eu queria para o jantar e se eu precisava de ajuda para alguma coisa.

Isso me deixou extremamente irritado, se eles podiam ter ajudado Camille antes porque não fizeram antes?

— Eu não quero nada, vão todos embora daqui!

— Senhor, não nos demita! Nunca interferimos porque a senhora não deixava e não sabíamos que o senhor era o dono dessa casa. Agora, sabendo que Camille é a verdadeira patroa, todos daqui ficarão muito felizes.

— Cale-se! E me deixe sozinho!

Gritei e aos poucos, fui ouvindo os passos se afastando e logo, tudo estava terrivelmente silencioso.

Eu estava sozinho, estava totalmente sozinho.

Pedi um hambúrguer no delivery, mas mal comi. Fiquei acordado a noite toda, sentado na sala, esperando Camille voltar. Mas ela não voltou.

O som dos pássaros e da movimentação dos empregados da casa, me fez perceber que amanheceu e Camille ainda não estava lá.

“Para onde foi Camille?”

Alguns empregados apareceram, me oferecendo coisas, mas eu os dispensei. Era estranho ter outras pessoas tentando cuidar de mim, quando até hoje, eu só tive Camille, mas agora, pela primeira vez ela não cuidou de mim. Ela não se importou em como eu estava.

Será que ela me trocou por outro?

Assim que pensei, aquela mesma empregada de ontem, apareceu dizendo:

— Senhor, tem algumas pessoas aqui querendo te ver.

— Eu não quero ver ninguém!

— Mas senhor, eles parecem ser de algum hospital…

— Camille!? O que aconteceu com Camille? — disse, me levantando imediatamente. Não queria pensar nisso, mas será que aconteceu alguma coisa a ela.

Será que aquela idiota viveu uma vida tão ridícula, ouvindo as minhas merdas, sofrendo humilhações e se dedicando a um imbecil?

Isso não é justo!

— Senhor, eu vou pedir para entrarem, ok?

Aceno em positivo e espero.

Ouço os passos estranhos e logo pergunto:

— Onde está Camille, o que aconteceu a ela?

— O senhor é Henry Ferreira?

— Sim e onde está Camille?

— Não sabemos, só viemos buscar o senhor para fazer sua cirurgia.

— Cirurgia? Que cirurgia?

— A cirurgia que irá devolver ao senhor a sua visão.

— O quê… como assim, eu… eu não pedi nenhuma cirurgia. Quem mandou vocês aqui?

— Ham… deixe me ver… a nota foi paga por alguém chamado, Camille Vieira.

— Camille Vieira? Camille usou o seu nome de solteira?

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Comments

Alessandra Almeida

Alessandra Almeida

Cara você só pode ser cego mesmo(desculpa o trocadilho)...ela suporta tudo isso por tanto tempo por te amar.

2024-07-18

301

Vanda Farias de Oliveira

Vanda Farias de Oliveira

Camila abandonou ele mas ainda pagou uma cirurgia pra ele acho que ela aguentou demais dele e dessa madrasta é o cretino DP meio irmão

2025-02-01

0

Gina

Gina

Henry vc e um imbecil mesmo, vc ama Camille a muito tempo e nao se deu conta disso seu idiota ?

2024-12-27

0

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