Capítulo 14

Eu estava no meu escritório, mergulhado no trabalho, hoje fazem nove meses desde que Valéria simplesmente decidiu me enganar e ir embora. Recusei-me a permitir que sua ausência me distraísse de minhas responsabilidades como líder da empresa. No entanto, a falta dela pesava em meu coração e mente a cada dia que passava.

As semanas se transformaram em meses, e eu não tive notícias de Valéria desde aquele fatídico dia em que ela partiu para pegar algumas coisas para mim. Ouvi rumores por meio de Said e outras fontes confiáveis de que Valéria havia mentido e aproveitado a oportunidade para deixar o país. O fato de ela ter mentido e fugido sem dar explicações me deixou consumido pelo ódio e pela raiva.

Proibi a todos em minha empresa de mencionar o nome dela, e qualquer menção a ela era rapidamente reprimida. Isso me isolou na minha dor e ressentimento, mergulhando ainda mais no trabalho para tentar esquecer a traição que sentia. No entanto, por mais que tentasse, o vazio deixado pela ausência dela continuava a assombrar-me, lembrando-me constantemente do amor perdido e da traição que sentia ter sofrido.

Eu me isolei do mundo, afundando meu rosto no trabalho dia e noite desde então. Como ela conseguiu me enganar tão bem, cuidando de mim, mostrando tanta preocupação, apenas para fugir depois como uma maldita traidora? Ela me prometeu que estaria ao meu lado, uma perfeita mentirosa.

— Maldita seja. — gritei, derrubando tudo o que estava em cima da mesa do escritório no chão. Peguei suas fotos e queimei todas na lareira, furioso com todo aquele sentimento que eu sentia.

Durante esses meses, minha mãe ligou-me várias vezes, implorando para que eu retornasse para casa. Meu pai estava muito doente e acabou falecendo. Resolvi atender ao seu chamado e viajei para lá, passando dois meses ao seu lado.

Enquanto eu tentava consolar minha mãe em sua dor, percebi que também estava destruído por dentro. A perda de meu pai, combinada com a partida de Valéria, pesava em meu coração como um fardo insuportável. Mesmo assim, permaneci ao lado de minha mãe, tentando ser o apoio que ela precisava, enquanto lutava para lidar com minha própria dor e desespero.

Passados os dois meses na Arábia, retornei para a Jordânia depois.

Os dias que se arrastaram foram os piores da minha vida, mas tentei de tudo para continuar sendo o homem forte e resiliente que sempre fui. Aos poucos, voltei à minha rotina, me forçando a retomar minha vida. Quem esteve ao meu lado durante todo esse tempo foi Ayla. Ela deixou sua própria família de lado para me fazer companhia, oferecendo apoio e consolo quando eu mais precisava.

A presença constante de Ayla me ajudou a enfrentar os dias difíceis. Sua força e dedicação me deram a coragem necessária para seguir em frente, mesmo com o vazio deixado por Valéria e a perda de meu pai. Aos poucos, comecei a encontrar um novo equilíbrio, determinado a reconstruir minha vida e meu coração, mesmo que as cicatrizes ainda estivessem presentes. Mas me tornei um homem mais duro e fechado do que já fui.

Enquanto eu trabalhava, alguém bateu na porta do escritório.

— Entra. — permiti, sem levantar os olhos para ver quem era.

Os saltos batiam contra o chão, o perfume familiar inundou o escritório. Levantei imediatamente os olhos para olhar para ela, agradecendo internamente por vê-la melhor.

— Mãe, bom tê-la por aqui. Até que enfim resolveu sair um pouco de seus aposentos. — disse, rodeando a mesa e indo até ela.

Ela sorriu, mas havia uma preocupação em seus olhos que eu não pude ignorar.

— Khalil, precisamos conversar, filho. — disse ela, sua voz suave, mas firme.

Meu coração se apertou, mas assenti, indicando para ela se sentar. Eu sabia que o dia daquela conversa chegaria, eu não estava pronto para aquela conversa.

Sentei-me na minha cadeira e a encarei.

— Sou todo ouvido. — mostrei-lhe um sorriso.

— Filho, está na hora de você considerar um casamento. Seu pai faleceu, e você é o único herdeiro. Você sabe que esse dia iria chegar.

— Sei, mãe, eu sei. — levantei-me, olhando o jardim além das janelas de vidro. — Eu me casarei. — olhei para ela, mas acrescentei com firmeza: — Mas não me peça para dar herdeiros à linhagem, porque eu não quero.

Ela suspirou, visivelmente preocupada.

— Khalil, sei que você está ferido pelo que aconteceu com Valéria, mas…

— Não é só sobre Valéria, mãe. E não toque no nome dessa… — fiz uma pausa. — dessa mulher. — Rosnei. — É uma decisão que tomei para mim. Não quero filhos, não quero passar por isso novamente. Já foi o suficiente. Como se fosse pouco o que ela me fez, toda essa vergonha saiu nos malditos jornais, poderiam ter colocado a verdade. — massageei a têmpora. — Ela que fugiu de mim como uma maldita covarde, eu me pergunto o que fiz para ela, além de correr atrás feito um cachorrinho, quando nunca fui assim com outras mulheres. Eu nem sei se a odeio, eu odeio a mim mesmo. — os olhos encheram de lágrimas. — Mas tudo isso serviu para que eu me torne um homem pior do que eu já fui.

Ela assentiu lentamente, respeitando minha decisão, mas eu pude ver a tristeza em seus olhos.

— Entendo, meu filho. Mas como governante, é esperado que você dê continuidade à linhagem. A responsabilidade de liderar nosso povo agora está sobre seus ombros.

Olhei novamente para o jardim, sentindo o peso das expectativas. Eu sabia que assumir o trono significava mais do que apenas liderar; significava sacrificar partes de mim mesmo para o bem do nosso povo, e dar continuidade de onde meu pai parou.

— Mãe, farei o que for necessário para governar bem nosso reino. Mas filhos… — minha voz falhou por um momento — … isso é algo que não posso prometer.

Ela se aproximou, colocando a mão em meu ombro.

— Confio em você, querido. Sei que encontrará uma maneira de equilibrar suas responsabilidades com suas próprias necessidades. Apenas se lembre de que você não está sozinho.

Assenti, absorvendo suas palavras. Sabia que, apesar de tudo, minha mãe sempre estaria ao meu lado, assim como eu estava ao lado dela nos momentos difíceis. Agora, era hora de aceitar o meu destino e liderar nosso reino com a mesma força e determinação que meu pai demonstrou.

— Pense no seu povo, filho. — disse antes de deixar o escritório.

— Said… — chamei. Em poucos instantes ele estava em meu escritório.

— Sim, meu senhor.

— Arrume todas as minhas coisas, retornaremos para a Arábia esta noite. E diga a Ayla para que se prepare para o casamento. Farei isso para o bem do meu povo. — eu disse, voltando a olhar através da janela.

Said assentiu e saiu rapidamente para cumprir minhas ordens. Continuei fitando o horizonte, tentando me preparar mentalmente para o que estava por vir. O peso da responsabilidade parecia ainda maior agora que havia tomado a decisão de me casar com Ayla. Ela sempre esteve ao meu lado, mas nunca pensei que nosso relacionamento chegaria a isso.

Voltei minha atenção para o escritório, organizando os papéis e encerrando as pendências antes da viagem. Sabia que o retorno à Arábia significava mais do que apenas uma mudança geográfica; era um retorno às minhas raízes, à responsabilidade de liderar meu povo e honrar o legado de meu pai.

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Comments

Tânia Campos

Tânia Campos

Que droga,
Esse merda conseguiu,
Ele vai casar e eu vou surtar,

2024-06-25

219

Juliete Figueiredo

Juliete Figueiredo

burro
said já demonstrou que não era de confiança, porque não chamou o detetive de novo? iria descobrir que ela não saiu do país, e que tinha saído com seu motorista do hospital e se puxasse pelo nome iria achar ela no hospital

2024-07-10

7

Eura Pessoa

Eura Pessoa

Escritora por favor faz Com que ele descubra a traicao de said e seus segurancas e descubra que Valeria.nao o traiu que ela esta presa e que ela esta esperando um. filho dele .por favor nao permits que ele case com essa mulher .por favor .

2024-07-12

2

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