Revelando um plano

Quando Pietro me chamou para conversar, percebi imediatamente que havia algo muito mais profundo acontecendo. A ideia de algo que meu pai desconhecia me incomodou profundamente. Ele disse que precisaríamos assinar um contrato de casamento entre Maria Eduarda sua irmã mais nova e meu irmão Cesare, garantindo fidelidade eterna à nossa famíglia, e em troca, ele entregaria tudo o que sabia.

Chegamos à sorveteria e, de longe Sofia avistou os irmãos. Ela quis correr, mas segurei seu braço suavemente.

— A futura esposa do Don não corre assim. Caminhe, por favor Sofia. — falei tentando fazer ela ser menos ansiosa.

Ela revirou os olhos, e eu não pude evitar um sorriso antes de chamá-la de insolente.

— Boa tarde a todos — cumprimentei, mas Pietro respondeu de forma séria. Pela expressão dele, sabia que a conversa não seria nada fácil.

— Irmã, você está bem? Vamos tomar um sorvete e conversar — Maria Eduarda falou, sorrindo de forma doce.

Ela estava maquiada, provavelmente para esconder qualquer evidência da violência recente. Mas minha noiva veria de qualquer jeito.

— Vamos sentar em outra mesa, Don — ele disse. Quando me chamou assim, percebi que o assunto era sobre a famíglia, não sobre nosso futuro como cunhados.

— Sofia, estaremos na mesa ao lado. Deixarei meu soldado aqui com você. Se comporte — avisei.

Ela assentiu de forma doce demais para o meu gosto. Essa menina não me engana.

As duas irmãs riam e tomavam sorvete juntas, por um breve momento, parecendo inocentes e alheias ao caos que as rodeava. E, observando Sofia, percebi algo inevitável: se antes eu não queria esse casamento, agora eu não conseguia mais me imaginar longe dela.

Ela seria minha perdição.

Na mesa ele revelou verdades sombrias sobre seu pai, contando que ele traía sua mãe frequentemente e usava seus próprios filhos como ferramentas de manipulação. O desprezo que senti ao ouvir sobre as punições que ele e suas irmãs sofriam era indescritível. Mas nada me preparou para o que veio a seguir.

— O pior de tudo é o que ele está fazendo agora. Desde que seu pai garantiu o casamento, ele começou a usar nosso porto para receber mercadorias que a famíglia jamais aceitaria.

— Do que você está falando? — perguntei, já com um pressentimento ruim.

— Tráfico de mulheres. Meu pai recebe meninas e mulheres do mundo inteiro. Ele sabe que eu não poderia matá-lo sem sofrer consequências graves dentro das regras da famíglia. Mas quando Sofia fugiu, ele entrou em pânico e foi ao porto. Havia um contêiner com quinze meninas que haviam chegado e seriam distribuídas. Ele ordenou que fossem estupradas e depois mortas para evitar qualquer risco de investigação.

O sangue ferveu nas minhas veias. Trafico de mulheres era uma afronta mortal para a famíglia. Quem cometia esse crime pagava com a vida.

— Preciso garantir a segurança das minhas irmãs antes de resolver isso — Pietro continuou. — Quero a morte do meu pai e assumir o porto pelo bem da minha família. Ele não passa de um covarde. Depois que você apareceu em casa com a Duda, ele tentou disfarçar o medo, mas quando voltei, vi minha irmã machucada. Ela foi amarrada e punida.

Seu tom de voz carregava uma amargura profunda.

— Quando eu o confrontei, ameacei contar tudo para você. Ele sempre escondeu de mim que batia nelas. Eu só sabia dos espancamentos contra minha mãe e contra mim. Mas agora tudo mudou.

Ouvi cada palavra com atenção, e minha mente já trabalhava em um plano. Liguei para meu pai e juntos decidimos a estratégia. Sofia e eu manteríamos o casamento e esperaríamos o momento certo.

Seu destino estava selado: a morte.

Quando chegamos à casa dele para falar com o pai sobre o noivado para Duda, Sofia entrou sem mim, e eu observei de longe quando ele tentou agredi-la. Interceptei o golpe antes que pudesse atingi-la. Ninguém tocaria nela novamente. Ninguém.

Liguei para Cesare, que aceitou casar com ela quando a menina completasse dezoito anos, mas ele tinha dúvidas:

— Vou me casar porque você quer o direito ao porto. Mas como saberemos que meu irmão não é outro traidor? E se ele não cumprir o que prometeu? Afinal, ele está entregando o próprio pai.

Eu entendia suas preocupações. Como consiglier, Cesare era racional e cauteloso. Mas eu via nos olhos dele a preocupação genuína com as irmãs. Ele não faria nada que colocasse as duas em risco.

Quando meu irmão chegou à mansão, ele acertou o casamento com o sogro. Falamos sobre a associação e enchermos o ego do velho com conversas superficiais, mantendo assuntos verdadeiramente importantes fora da mesa. Tudo era estratégico.

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