Casamento.

Dois meses se passaram...

Desde a atitude que ele tomou com a minha irmã, comecei a aceitar melhor meu destino. Claro que, sendo ele um maldito possessivo, discutimos bastante, mas a verdade é que minha boca grande também me colocou em várias enrascadas.

Apesar disso, nesses dois meses, ele permitiu que minha irmã me visitasse e que eu fosse jantar com sua família. Hoje, finalmente, é o nosso casamento. Estou uma pilha de nervos.

Fui levada bem cedo para um salão luxuoso e imenso, onde minha mãe, minha sogra, minha irmã e minha cunhada já me aguardavam. A movimentação ao meu redor era frenética; cabeleireiros e maquiadores se revezavam em meio a vestidos, joias e perfumes. O dia mais esperado pela família estava prestes a acontecer, e cada detalhe precisava ser impecável, a tensão era evidente e ninguém queria a fúria de um Mansur direcionada a si.

Minha cunhada, enquanto fazia as unhas, falava animadamente sobre sua festa de 18 anos que aconteceria na próxima semana:

— Vai ser na nossa boate, a Lux. Convidei alguns amigos de fora da família, mas estarei cercada pelos meus irmãos, o que vai ser um saco.

Antes que eu pudesse comentar sobre isso, minha irmã se aproximou, visivelmente indignada:

— Seu irmão me avisou sobre essa festa. Meu pai não achava apropriado que eu fosse, mas seu irmão deu um jeito. Mas me diz, seus irmãos são todos possessivos assim? Cesare foi me buscar na aula só porque o segurança comentou que meu professor era um homem novo. Ele colocou um exército comigo na escola! Passei a maior vergonha.

Sorri discretamente, porque já esperava por isso. A família dele não só dominava o submundo, mas também tinha influência na política, na polícia, nas empresas e até nas escolas. Minha sogra comentou que várias celebridades estariam no casamento. Quanto à minha irmã, o casamento dela já estava marcado para alguns meses, assim que completasse dezoito.

— Sim, são todos assim. Antony é o mais flexível comigo, mas ninguém vai contra a palavra do Lorenzo. No fim das contas, estou na mão do carrasco mor. Meu pai já é ciumento e meus irmãos são ainda piores. Antony ainda não namora, mas provavelmente será igual a eles. Vocês duas e a futura esposa dele sempre terão a minha aliança, desde que me ajudem a lidar com eles.

Antes que eu pudesse ouvir a resposta delas, minha sogra trouxe o vestido.

Olhei para ele estendido sobre uma chaise e senti um aperto no peito. Uma onda avassaladora de ansiedade me atingiu. Pedi que todos saíssem, minha sogra, mãe, cunhada e a Duda já estavam prontas e saíram deixando apenas a maquiadora comigo.

Ela começou a trabalhar em meu rosto com gestos delicados, e enquanto passava o pincel com suavidade, disse:

— Sei que está nervosa. Afinal, está casando com o homem mais poderoso da Itália. Mas você também precisa ser forte. Nunca abaixe a cabeça para ninguém e não deixe que vejam sua fraqueza. Eu daria tudo para não ser apenas um passatempo e ter alguém que me protegesse...

Suspirei. No início, fui contra esse casamento, mas hoje entendia a sorte que tinha. Meu futuro marido fazia absolutamente tudo por mim, e isso era um fato inegável.

Meu vestido era um sonho. Colado ao corpo, com um decote recatado e mangas finas de renda que deslizavam até meus pulsos. O tecido branco perolado reluzia sob as luzes, e a longa cauda esvoaçante parecia saída de um conto de fadas. Minha maquiagem realçava meus olhos e dava um toque de mistério ao meu rosto. Os lábios pintados de um vermelho discreto contrastavam com a pele impecável.

Quando o carro chegou para me buscar, meu pai já me aguardava. Minha mãe foi junto, enquanto minha irmã seguiu com o segurança designado por Cesare.

Dentro do carro, senti uma tensão inexplicável. Meu pai segurou minha mão e, em um tom baixo e calculado, disse:

— Minha filha, hoje concluiremos algo que levei anos para planejar. No momento certo, precisarei que interceda por mim.

Meu sangue gelou. Seu olhar era frio e determinado. Meu próprio pai sempre foi uma incógnita para mim, um homem cruel e ambicioso. Engoli em seco e apenas assenti, fingindo não entender. Meu coração batia descompassado. O que ele estava tramando?

Quando chegamos à igreja, havia um batalhão de seguranças e paparazzi. A família dele não era apenas poderosa no submundo; dominava também o setor empresarial e a alta sociedade. Meu pai me ofereceu o braço, e minha mãe nos acompanhou de perto. Caminhamos até a entrada principal, onde uma cerimonialista nos deu as últimas orientações.

A música começou a tocar.

Respirei fundo. Meus olhos percorreram o salão, lotado de celebridades, políticos, empresários e aliados. Mulheres me olhavam com inveja, algumas destilando ódio, enquanto homens me analisavam com cobiça. Mas eu ignorei todos eles.

Meus olhos encontraram os dele, meu futuro marido, Lorenzo Mansur.

Cada passo me aproximava mais dele, do meu destino. Meu coração se apertava com a lembrança das palavras do meu pai. Eu estava aliviada por ver minha irmã protegida e por finalmente me livrar da sombra dele, mas minha mãe ainda estava em perigo. Por um momento, uma dúvida cruel se instaurou dentro de mim. Eu realmente poderia confiar que Lorenzo me protegeria de tudo?

No meio do caminho, meu pai apertou minha mão com força e sussurrou:

— Não esqueça do que te disse. O momento vai chegar, e se você não estiver do meu lado, sua mãe será a primeira a pagar o preço.

Uma onda de pavor percorreu meu corpo. Meu estômago revirou e senti minhas mãos suarem. Meu noivo percebeu. Seu olhar fixou-se em mim, e ele franziu o cenho, preocupado. Para disfarçar, sorri e segui em frente.

Quando meu pai me entregou para ele, senti que, finalmente, estava segura.

— Você está perfeita, meu amor — ele sussurrou, apertando minha mão com firmeza. — Está segura comigo.

Engoli em seco e murmurei:

— E se você não puder ajudar as pessoas que eu amo?

Ele apertou minha mão com suavidade, transmitindo uma única mensagem: "Sempre estarei aqui".

O padre iniciou a cerimônia. Minhas emoções estavam à flor da pele. Depois da festa, seguiríamos a tradição e dormiríamos no Palace, o hotel gigantesco da família dele. Ainda não sabia como seria nossa primeira noite como marido e mulher, mas naquele momento, uma certeza tomou conta de mim.

Eu nunca mais estaria sozinha.

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