A água ao meu redor começou a esfriar, mas eu não consegui sair, mesmo me debatendo ele me mantinha ali, sabia que tinha febre, mas será que ele estava preocupado comigo? O peso do corpo de Lorenzo atrás de mim, seu toque firme em minha cintura, a respiração quente perto do meu ouvido… tudo parecia me intoxicar. Sentia um nó no peito, um turbilhão de sensações conflitantes que me deixavam sem ar.
O desejo rastejava pela minha pele como um veneno, queimando em lugares onde não deveria. Odiava isso. Odiava a forma como meu corpo reagia a ele, como a raiva e o ressentimento se misturavam com um calor sufocante que me fazia querer me entregar.
Lorenzo percebeu.
Claro que percebeu.
O homem que agora era meu noivo era um predador. Ele sentia cheiro de fraqueza como um lobo sente o medo da presa.
Sua mão subiu devagar pelo meu braço nu, seus dedos roçando minha pele úmida, e meu corpo respondeu com um leve arrepio. Meu peito subiu e desceu num suspiro entrecortado, e foi naquele momento que ele decidiu me quebrar.
Sem aviso, Lorenzo me empurrou para frente, me afastando de seu corpo quente. Antes que eu pudesse protestar ou entender o que estava acontecendo, ele simplesmente saiu da banheira me deixando na água fria.
Me deixou ali, sozinha, na água gelada, encolhida e confusa.
Eu queria odiá-lo. Mas, acima de tudo, odiava a mim mesma por sentir falta dele no instante em que a porta do banheiro se fechou.
O silêncio do banheiro parece ainda mais pesado. Fiquei ali por um tempo, esperando entender o que os diabos tinham acabado de acontecer. Meu corpo tremia levemente, e não sabia se era pelo frio da água ou pelo desconforto que ele tinha deixado.
Não sei quanto tempo passou até que Matilde entrou.
— Meu Deus, menina! — exclamou ao me ver ainda na banheira. — A água deve ser gelada, vamos sair logo vamos, não queremos você mais doente!
Eu não respondo. Apenas deixei que ela me ajudasse a sair e me enrolasse em uma toalha felpuda. Deixei que me conduzisse até a cama, que arrumasse os cobertores ao meu redor, que me tentasse alimentar. Mas quando a colher se moveu dos meus lábios, virei o rosto.
— Não quero.
— Você precisa comer, menina. Vai acabar desmaiando!
— Não estou com fome — reclamei mais uma vez.
Ela suspirou, preocupada, mas não insistiu. Eu sabia que isso não terminaria ali.
Nos dias seguintes, Matilde tentou de tudo, comida, risadas, música, livros, mas nada me atraia.
— Coma um pouco, só um pedaço, só uma mordida...
— Não quero, Matilde.
— Ao menos um chá? Precisa se alimentar Sofia, vou precisar que o patrão venha ver você, quem sabe ele te faz comer.
— Não quero nada e ele não liga se como ou não. — respondi estressada, será que nunca na minha vida farei algo como realmente quero?
— Você vai ficar doente, Sofia, por favor!
Eu sabia disso. Mas não importava. O gosto da comida parecia cinza na boca, o estômago parecia fechado.
E havia outra coisa.
Eu odiava admitir, mas queria vê-lo. Queria Lorenzo ali, me provocando, me irritando, me testando. Mas ele não vinha.
O tempo sem ele parecia se arrastar. A ausência era um peso estranho no peito. E eu odiava isso.
Eu estava encolhida na cama, abraçada a mim mesma, afundada no colchão e no cobertor grosso que me envolvia. A luz do quarto permanecia apagada, e a TV ligada passava qualquer coisa que eu não fazia questão de assistir. O tempo passava arrastado, e eu continuava ali, imóvel, sem forças para me importar com qualquer coisa ao meu redor.
Ouvi passos se aproximando, depois a voz firme de Lorenzo.
— Sofia, que inferno, por que você não está comendo? Quer ficar doente? Você precisa se alimentar.
Fingi que não ouvi. Não me mexi. A fome roía meu estômago, mas a tristeza pesava ainda mais.
Os dias tinham se tornado longos e vazios sem sua presença e agora ele volta querendo impor sua vontade sem nem me entender? Devo estar sonhando. Sua ausência me incomodava mais do que eu estava disposta a admitir. Não era só a provocação que eu sentia falta, mas da sua presença, do jeito como ele me fazia sentir viva, mesmo que fosse pela raiva.
Ouvi outros passos. Vozes masculinas.
— Quer que chamemos um médico? — perguntou um dos homens que reconheci sendo o irmão dele, Cesare eu acho.
Antes que ele respondesse, senti o cobertor sendo puxado de mim com força. Um arrepio percorreu meu corpo, e num reflexo automático, encolhi as pernas contra o peito. Mas no instante seguinte, o cobertor foi jogado de volta sobre mim.
— Merda… — a voz grave do meu noivo cortou o silêncio, carregada de irritação.
Só então percebi que ele estava ali mesmo, não era um sonho.
Levantei o olhar devagar, encontrando seus olhos sombrios sobre mim. Seu maxilar estava travado, os punhos fechados, a respiração pesada. Não entendi de imediato o motivo da raiva, até perceber que meu corpo estava exposto—apenas uma calcinha minúscula e um top cobrindo minha pele.
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Atualizado até capítulo 39
Comments
Márcia Jungken
eita que o velhinho ainda vai deixar a Sofia de pernas bambas 😁😁😁🤣🤣🤣
2025-01-10
0
Ilma Matias da Cruz
kkkk etaaaa uhuuuuuu 👏🏿👏🏿
2025-01-07
0
Jaildes Damasceno
Achei que o Lorenzo ia dar um banho de gato na Sofia.
2024-12-09
3