Perdão

Quando Lorenzo disse que me traria para ver meus irmãos, não pude resistir e o abracei. Ele parecia surpreso, mas retribuiu o gesto, envolvendo-me com firmeza. Quando seus lábios tocaram os meus, senti meu coração acelerar e uma onda de calor subir pelo meu corpo. Seu beijo foi intenso, carregado de desejo e posse, me deixando sem ar. O toque firme de suas mãos em minha cintura me fez sentir pequena diante de sua presença forte e dominante. No entanto, ao perceber a profundidade daquele momento, recuei, afastando-me com um olhar confuso.

Ele me observou por um instante, seus olhos escuros avaliando minha reação, mas não forçou nada. Apenas sorriu de lado, como se soubesse que aquilo era apenas o começo.

Decidi que não cederia ao seu charme. Encontrar meus irmãos foi um bálsamo para minha alma, um alívio que há tempos não sentia. Enquanto meu noivo e Pietro conversavam em particular, Duda e eu aproveitamos o momento para tomar sorvete.

— Duda, sinto muito pelo que aconteceu. Eu não queria te colocar em perigo — falei, sentindo um aperto no peito. Ela suspirou, seu semblante mudando.

— Quando voltei para casa naquele dia, papai me mandou para o quarto. Depois que seu noivo foi embora, ele entrou e me bateu, dizendo que eu tinha acobertado você. Fiquei trancada e sem comer. Quando seu noivo voltou para avisar que você estava bem, mamãe me mandou abaixar a cabeça, mas eu não quis. Queria que ele me visse, que fizesse algo. Ele discutiu com o papai, dizendo que ele não merecia ter filhas. Depois, Pietro chegou e brigaram novamente. Ele avisou que, se nosso pai encostasse um dedo em nós outra vez, revelaria algo que o destruiria. Depois disso, ele nunca mais nos tocou — sua voz era carregada de dor, e uma lágrima solitária desceu pelo seu rosto.

— O que será que o papai fez para ceder à ameaça do Pietro? — murmurei, olhando para onde os dois conversavam, seus rostos sérios.

Pouco depois, Lorenzo e Pietro vieram até nós. Meu irmão me abraçou forte, como se quisesse me proteger de tudo.

— Sofia, não fuja mais do seu destino. É você quem faz escolhas, não se precipite, não decida que será ruim antes de realmente vivê-lo — disse, sua voz firme, mas cheia de carinho.

Ele anunciou que tinha um compromisso com Cesare e que meu noivo nos levaria de volta para casa. Senti um arrepio percorrer minha espinha. Não queria voltar. Meu pai com certeza estaria furioso, e o medo de que ele machucasse Duda de novo me atormentava.

— Lorenzo, eu não quero ir. Ele pode tentar me agredir ou descontar na minha irmã — minha voz saiu trêmula, e busquei conforto em seu olhar.

Ele passou a mão pelo meu ombro, trazendo-me para perto.

— Seu pai não é louco. E sobre sua irmã, farei uma oferta que garantirá a segurança dela. Em menos de dois meses, estaremos casados e ele não terá mais poder sobre você — sua voz era baixa, mas carregada de convicção.

Seguimos para minha antiga casa. Maria Eduarda estava tão nervosa quanto eu. Lorenzo falava com alguém ao telefone, possivelmente Pietro, pelo tom sério de sua voz. Quando chegamos, meu coração disparou. Estava à beira de um ataque de pânico.

Meu noivo saiu do carro e abriu a porta para mim, estendendo sua mão. Beijou meu rosto suavemente antes de me encorajar a seguir na frente com Eduarda. Ele finalizaria a ligação e nos encontraria em seguida.

Ao entrar, minha mãe abriu um sorriso aliviado.

— Bambina mia, que bom que está bem! Achei que ele fosse te machucar — ela disse, mas sua felicidade foi interrompida quando meu pai desceu as escadas gritando, furioso por me ver ali.

Antes que pudesse reagir, Lorenzo se colocou entre nós, sua voz soando como uma ameaça velada.

— Encoste um dedo nela e eu mesmo mato você. Eu a trouxe para ver a mãe e a irmã e quero falar com você. Se afaste dela e venha comigo até o escritório — seu tom gelado fez meu pai empalidecer. Pela primeira vez, vi medo em seus olhos.

Minha mãe segurou minha mão e perguntou se eu ficaria ali. Seu medo era grande e com razão, ela foi a que mais sofreu.

— Vamos evitar problemas até que sua irmã tenha um marido que a proteja — ela disse, e aquelas palavras me atingiram em cheio.

— As duas sentem aqui, seu pai não vai fazer nada, não com o Don aqui, me diga meu amor, ele maltratou você? Vai ficar aqui? Sua irmã sofreu muito esses dias, temos que evitar confusão com seu pai — o medo da minha mãe era plausível, mas por que devemos colocar nossa esperança sempre em um homem?

— Estou bem mãe, ele não me agrediu não, só me trancou no apartamento, tem um tablet lá que a minha sogra mandou as fotos do modelo de vestido para escolher. — falei procurando alegrá-la.

— Acho que você vai amar, hoje que pude sair e soube do que havia acontecido com a Duda, mãe me desculpa, vou fazer de tudo para proteger vocês agora — falei realmente querendo mudar isso.

Lorenzo e meu pai sumiram no escritório, e algum tempo depois, Pietro e Cesare chegaram. Minha irmã foi chamada à sala e, quando tentei acompanhá-la, meu noivo segurou meu pulso. Meu pai olhou para Duda e anunciou:

— Seu futuro cunhado fez uma oferta de casamento que aceitei. Assim que completar 18 anos, se casará com Cesare. Não seja tola como sua irmã, aceite seu destino e honre seu noivo.

Minha irmã me lançou um olhar assustado, mas forçou um sorriso. Olhei para Lorenzo, que manteve sua postura rígida e impenetrável. Meu pai, por outro lado, parecia orgulhoso, como se ser sogro do Don e do Consigliere fosse sua maior conquista.

Na volta para o apartamento ele estava calado. Quando chegamos, me deixou na porta e se despediu. Algo nele naquele dia tocou meu coração, e as palavras da minha mãe ecoavam na minha mente.

Antes que ele fosse embora, o puxei levemente pela mão.

— Obrigada Lorenzo. Pelo que fez por minha irmã… e por mim — minha voz saiu baixa, mas cheia de sinceridade.

Ele me olhou por um momento antes de me beijar suavemente. Algo dentro de mim se aqueceu. Um sentimento novo, incerto, mas inegavelmente presente.

Ele se afastou e sorriu de lado.

— Durma bem, Sofia. Ainda temos muito o que construir juntos.

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Comments

Márcia Jungken

Márcia Jungken

gostei do Lorenzo mudar essa regra idiota do lençol 👏👏👏

2025-01-11

1

Glucck

Glucck

Não entendo essa troca de nomes.

2025-02-15

0

ana

ana

🧡🧡🧡🧡🧡🧡🧡

2025-01-02

0

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