Preocupação.

Minha noiva desmaiou, e acabei deixando o soldado dela com um aviso. Sabia que esse plano estava armado há meses e que ele não tinha culpa — até cheiro no banheiro tinha para disfarçar.

Ela não saberá que ele está bem, então tudo certo. Levei minha noiva até o apartamento e chamei um médico para que a atendesse. A funcionária escolhida para ficar durante esses dois meses no apartamento já estava aguardando ordens, mas minha preocupação no momento era a saúde da minha noiva.

Admito que, quando pensei em trazê-la para ver a execução do amigo, não imaginei que fosse fazer tão mal para ela. Queria que soubesse que não podia mexer comigo, e isso funcionou.

Trouxe-a para a cobertura e a deitei na cama. Me perdi por alguns minutos olhando para ela, até que ouvi a porta bater.

— Entre. — declarei.

— Senhor Mansur, com licença. Chegou o médico. Posso encaminhá-lo para cá? — perguntou Matilde.

— Sim, Matilde. Diga que entre — falei, ajeitando minha postura para não demonstrar preocupação demais.

— Tudo bem. Don Lorenzo, sou Dr. Ferrari e irei cuidar da saúde da moça. O que houve com ela? — ele perguntou. Só o fato de se referir a Valentina como "moça" em vez de "noiva" me deixou furioso.

— Minha noiva teve um momento de estresse e acabou desmaiando. Foi raptada e teve esse ferimento no rosto e nos lábios, mas o susto foi muito grande. Agora percebi que ela tem febre. — falei, e ele concordou.

— Vamos examiná-la.

O médico começou a mexer nela, e eu observei cada movimento, atento a qualquer olhar ou gesto indevido.

Após alguns minutos, ele se levantou e disse que eu deveria tirar parte das roupas dela e colocá-la numa banheira com água gelada. Ele se ofereceu para ajudar, e quase o matei ali mesmo.

— Pode deixar que farei o que pediu. Deixe a receita com os remédios com a empregada. Meu irmão te levará até a rua e fará o pagamento. — falei, furioso com os olhares lançados para ela.

Minha noiva era uma morena linda, tinha um corpo perfeito, uma beleza estonteante. Era visível que arrancaria olhares e suspiros até mesmo dos homens mais experientes.

Assim que o médico saiu, fui encher a banheira com a água mais fria.

Sofia gemia e chorava dormindo, e, pela primeira vez, a culpa me consumiu. Seria apenas pelo trauma?

Não estava acostumado a lidar com sentimentos de mulheres. Era tudo novo para mim.

Tirei sua blusa e calça, tentando não olhar para o seu corpo. Fiquei apenas de cueca e a levei comigo até a banheira. A água gelada fez parte do meu treinamento, então não era difícil para mim.

Quando coloquei os pés na água e me sentei, ela sentiu a temperatura em sua barriga e gemeu, tentando sair. Seu corpo imediatamente se arrepiou, e mais uma vez me senti um tarado.

Segurei firme em seus braços e a acolhi.

— Tá frio... — ela balbuciou, segurando meu pescoço com força.

— Eu sei, bambina, mas é preciso para abaixar a febre. — falei, acariciando seus cabelos e esquentando seu corpo com o meu.

— Você matou todos... Me deixa sair... Tá frio...

Eu tive o sentimento mais fodido que já experimentei. Uma culpa esmagadora. Mas não respondi.

Fiquei mais alguns minutos com ela apagada. Em seguida, seus olhos se abriram e ela fitou os meus.

Estava em cima de mim e pediu desculpas.

— Sinto muito por fugir... e por ter sido responsável pela morte de duas pessoas hoje. Você deveria ter me matado. Seria menos doloroso do que o que vivi hoje.

Esse sentimento mexeu comigo.

Não soube responder. Apenas levantei, peguei minha roupa e saí do quarto, deixando-a na banheira, me olhando.

Fui até outro quarto, me sequei, coloquei a roupa e avisei que ela não deveria sair e nem receber ninguém.

Ordenei que me informassem sobre qualquer piora e saí com meu irmão.

Ela ficou sentada na banheira, parecendo perdida.

Eu e Cesare somos os mais próximos. Antony é o mais irresponsável, mas também nos damos bem. Como Cesare será meu Consigliere, ele está sempre comigo.

Ele estava sentado no sofá quando me viu e logo levantou:

— Para onde vamos? Espero que para casa. Estou morto.

— Vamos até a mansão dos Martinello.

Chegamos lá. Minha sogra estava na sala com a irmã de Sofia.

— Boa noite a todos. Seu marido se encontra?

Ela me olhou furiosa.

— Lorenzo? O que faz aqui? Cadê minha filha?

A mãe dela claramente ultrapassava limites comigo. Mas quem deveria se preocupar com a rebeldia da mulher era Otávio, não eu.

As mulheres Martinello tinham a língua maior do que a boca, mas dobraria aquela insolente fácil…

— Boa noite Lorenzo. Boa noite, Cesare. Posso ajudar vocês? — falou Otávio, saindo do escritório.

Em nenhum momento perguntou pela filha, e isso me incomodou.

Pensei na minha irmã e reparei que sua filha mais nova tinha um corte na sobrancelha.

Ele realmente batia nas meninas.

— Vim avisar que sua filha está sob o meu cuidado. O casamento está mantido, e vocês só poderão vê-la na cerimônia. Não a machuquei, e ninguém tem permissão de tocá-la.

Ele não mudou a expressão e apenas disse:

— Desde o momento que a levou, não me preocupei. Se quisesse matá-la, estava no seu direito. A partir de hoje, ela é problema exclusivamente seu.

Não segurei a onda e pulei nele.

— Seu infeliz! Como pode ser tão indiferente à própria filha? Você é um stronzo. Família é sangue, laço eterno, e não pode ser mudado. Quem rejeita um filho é capaz de qualquer coisa!

Dei um soco nele, que cambaleou para trás.

Meu irmão me puxou e o soltei, deixando-o com o nariz quebrado. Mas ele não ousou dizer uma palavra.

— Boa noite, Sra. Martinello. Boa noite, menina. — falei, saindo com meu irmão.

Notei que ele ficava olhando para a irmã da minha noiva.

Fui para casa e tentei dormir sem entender o sentimento que assombrava meu coração.

Deixei Sofia sozinha, sem sequer ter melhorado direito.

O jeito era tentar dormir, pois certamente Matilde ligaria se ela piorasse…

Acordei cedo e fui tomar café.

Meu pai já estava à mesa, minha mãe também.

Meus irmãos estavam descendo a escada comigo, e minha irmã, Laura, ainda estava na cama.

— Bom dia, meus filhos. — meu pai falou, e respondemos em uníssono.

— Então, a menina está no seu apartamento, né? Sabe que não pode tocá-la, certo? — meu pai perguntou, e assenti, furioso.

— Ela ficará sob os meus cuidados, pois não confio em mais ninguém. Matilde estará com ela. Em dois meses nos casamos. Mãe, ajude com o que falta do casamento. O vestido, o tablet da Matilde está lá. Mande os modelos e ela escolhe. Sei que já cuidaram de tudo, então só isso basta. E nada muito ousado.

Resolvi não ir até o apartamento sem que fosse necessário.

Me envolvi no trabalho.

E não imaginava que, dali em diante, Sofia começaria a mexer com tudo dentro de mim.

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Comments

Vanda Farias de Oliveira

Vanda Farias de Oliveira

Que bom que ele está bem preocupado com ela apesar da fuga

2025-02-28

1

Helena Dos Santos Santos

Helena Dos Santos Santos

soldado abatido

2025-04-06

0

Dora Silva

Dora Silva

ela ainda é uma adolescente então como toda adolescente faz merda principalmente ela que sofria na mão do escroto do pai 😡

2025-03-10

1

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