#9 - Proibido Sentir, Impossível Esquecer

...>Max <...

Landon – Achei que pretendia descansar o resto do dia. – Ele comenta assim que me vê, abrindo espaço para que eu entre.

Max – Eu meio que pretendia fazer isso... até os últimos acontecimentos. – Admito, sem saber por onde ou como começar.

Landon – Como assim? Que acontecimento?

Solto um suspiro frustrado e passo a mão pelo rosto.

Max – Acho que devo ter comentado com você que a Harper pediu para deixar uma amiga ficar no meu apartamento por um tempo.

Landon – Na verdade, não. Você não comentou.

Max – Pois é... eu deixei. – Suspiro novamente, me sentindo exausto só de pensar na confusão que minha mente virou desde que a vi.

Landon me observa com curiosidade e estreita os olhos.

Landon – Espera, deixa eu adivinhar... Você não gostou nem um pouco da garota e quer expulsá-la?

Max – Não, não é isso.

Landon – Então... você gostou tanto dela que quer...

Max – Posso terminar? – Interrompo, impaciente.

Ele levanta as mãos em rendição.

Landon – Ok, prossiga.

Respiro fundo antes de dizer as palavras que ainda me soam absurdas.

Max – Então... se trata da Manuela.

Os olhos de Landon se arregalam, e ele se inclina para frente, como se não tivesse certeza de ter ouvido direito.

Landon – Espera... você disse Manuela?

Ele pisca algumas vezes e, quando a ficha finalmente cai, praticamente grita:

– A sua Manuela?!

Reviro os olhos.

Max – Ela não é minha. – Ressalto, embora minhas palavras soem amargas até para mim. – Mas sim, exatamente. A mesma Manuela que você está pensando.

Ele solta uma risada incrédula, balançando a cabeça.

Landon – Que mundo pequeno. Quem diria que você fosse dividir o apartamento justo com ela?

Cruzo os braços e me jogo no sofá.

Max – Pois é... e eu não faço a menor ideia de como agir.

Landon – Você ainda sente algo por ela. – Ele afirma, sem rodeios.

Max – Não foi isso que eu disse. – Retruco rápido demais.

Ele arqueia uma sobrancelha, claramente não acreditando em mim.

– E tem mais... – Mudo de assunto antes que ele possa me pressionar. – Ela me reconheceu.

Landon parece tão surpreso quanto eu fiquei.

Landon – Ela te reconheceu?

Assinto com um pequeno sorriso, sem conseguir conter a satisfação que isso me trouxe.

Max – Sim.

Mas meu sorriso logo desaparece ao lembrar do real motivo da minha visita.

– O que está me incomodando no momento é não saber como agir. Não tenho ideia do que dizer... ainda mais depois do que acabou de acontecer. – Respiro fundo antes de continuar.

Landon – Como assim? O que aconteceu?

Começo a narrar o desastre que foi o nosso primeiro encontro no banheiro. E o idiota do Landon cai na gargalhada.

Max – Dá para você parar de rir?! – Reclamo, irritado. – Não tem a menor graça!

Ele tenta se conter, mas falha miseravelmente.

Landon – Cara... você apareceu nu na frente dela?! Isso é hilário! – Ele ri ainda mais alto.

Reviro os olhos, me levantando do sofá.

Max – Acho que vou para casa. Foi um erro ter lhe contado isso.

Landon – Ok, ok! Parei. – Ele limpa a garganta e faz um esforço para ficar sério. – Sou todo ouvidos.

Max – Não sei... acho que talvez ela me odeie por eu ter me afastado sem dar qualquer tipo de explicação.

Landon me encara por alguns segundos antes de soltar um suspiro.

Landon – Bom... vocês eram amigos. Mas você achava improvável se apaixonar por uma garota mais jovem e se afastou por puro medo.

Minha mandíbula se contrai.

Max – Não foi medo. Era o certo a se fazer.

Meu tom sai mais defensivo do que eu gostaria.

– As coisas se complicariam muito se eu tentasse qualquer tipo de relacionamento. E, naquela época, eu não tinha nada a oferecer a ela. Havia recusado o trabalho da faculdade e, mais uma vez, estava tentando correr atrás dos meus sonhos. Me dediquei totalmente a isso.

Ele assente, mas não parece convencido.

Landon – Eu sei disso tudo. Mas minha opinião continua a mesma. Você preferiu seguir o caminho mais fácil e se afastar. Mas não estou aqui para te julgar.

Solto um suspiro pesado e passo a mão pelos cabelos.

Max – Eu só... não estava preparado.

Minha voz sai mais baixa.

– Não tinha intenção de me relacionar com ninguém novamente. Ainda não tenho.

Landon cruza os braços e me olha de um jeito que deixa claro que ele não acredita em uma única palavra do que acabei de dizer.

Landon – Você pode pensar isso em relação a outras mulheres, mas Manuela sempre foi sua exceção.

Fecho os olhos por um instante. Droga. Ele está certo.

– Por mais que você tenha achado que o que sentia por Chloe era amor, não estou tão certo de que isso seja verdade.

Engulo seco.

Ele tem razão. Meu sentimento por Manuela sempre foi diferente. Sempre foi mais intenso.

E vê-la hoje, depois de tanto tempo, me fez perceber que nada mudou.

Sim, por ela... sem sombra de dúvidas, eu começaria um relacionamento.

Mas isso nunca vai acontecer.

Ela está com outra pessoa.

A vida segue.

Forço um sorriso e dou de ombros.

Max – Ok... talvez você tenha razão.

Admito, ainda que a ideia me incomode.

– Mas já está tarde demais para isso. Tudo que posso esperar dela é amizade. E, no momento, até isso eu acho difícil de conseguir.

Landon me encara por um segundo antes de dizer, com simplicidade:

Landon – Se você se desculpar, talvez não seja tão difícil.

Solto um longo suspiro, sentindo um peso no peito.

Max – Farei isso.

Porque, no fim das contas, eu devo isso a ela.

...☆☆☆☆☆☆☆...

Converso com Landon por mais um tempo, tentando colocar meus pensamentos em ordem, antes de voltar para o apartamento. Assim que entro, encontro Manuela na cozinha.

Ela está tão concentrada em seus afazeres que nem percebe minha presença. Seus movimentos são cuidadosos, quase mecânicos, como se cozinhar fosse um hábito enraizado.

Max – O cheiro está bom.

Ela se vira ligeiramente para me encarar e sorri de forma breve antes de voltar a mexer na panela.

Manuela – Fiz porção para dois. Imaginei que talvez estivesse com fome.

Meu estômago ronca no mesmo instante, como se confirmasse suas palavras.

Max – Sim, estou morrendo de fome.

Manuela – Estou quase terminando. Você pode me ajudar pondo a mesa?

Max – É claro. – Caminho até o armário e pego as louças, aproveitando a deixa para puxar assunto. – Fez compras?

Ela continua focada no que está fazendo, mas assente.

Manuela – Sim, mas somente o bastante para uma semana. Foram coisas totalmente do meu gosto. Caso não goste de...

Max – Não, tudo bem. – Interrompo, observando o que ela está preparando. – Só reparei que você é bastante saudável, comparada à Harper. Isso é bom.

Dou um sorriso, e ela retribui enquanto prepara a salada.

Manuela – Pois é, minha mãe me fez prometer que me alimentaria bem.

Ela sorri novamente, e por um momento, me perco nela. Senti falta disso.

Já fiz vários quadros dela, mas nenhum chega perto da realidade.

Talvez, no fundo, meu medo sempre tenha sido esquecê-la, mesmo sabendo que isso seria impossível.

Minha proibição de Harper entrar no meu estúdio foi justamente porque ela é amiga de Manuela. Seria difícil explicar o motivo de certas pinturas.

Desde nova, Manuela aparentava ser mais velha do que realmente era, não só fisicamente, mas na forma como encarava a vida. Talvez tenha sido um dos muitos motivos que me fizeram me apaixonar por ela.

Max – Posso imaginar. É bem o estilo dela. – Digo, voltando minha atenção para a mesa, prestes a deixar a cozinha, quando ouço sua voz.

Manuela – Max!

Paro imediatamente e me viro para encará-la.

– Eu queria conversar com você sobre...

A expressão dela é séria, mas não resisto à chance de provocá-la.

Max – Está tudo bem, não conto para ninguém o que você viu.

Pisco para ela, me divertindo ao vê-la corar quase que imediatamente.

Manuela – Não... eu... não ia falar disso. – Ela gagueja, e eu não consigo conter o sorriso.

Max – Então o que você ia dizer?

Ela respira fundo antes de continuar.

Manuela – Eu conversei com Harper e...

Levanto a mão para interrompê-la.

Max – Olha, não é porque voltei que você tem que ir. Ainda mais porque não pretendo ficar por muito tempo.

Ela me encara por um instante antes de responder, a voz carregada de sinceridade.

Manuela – Agradeço muito sua generosidade e A dela. Mas, a partir do momento em que eu estiver incomodando, você pode falar. Tudo que pedirei é um tempo para encontrar um lugar dentro do meu orçamento atual.

Ela faz uma pausa breve, antes de continuar, como se escolhesse bem as palavras.

– Farei o possível para que possamos nos dar bem e... sinta-se à vontade para trazer...

Ela hesita, desviando o olhar.

– Bom, caso queira trazer alguém. A casa é sua, e a única intrusa aqui sou eu.

Minha mandíbula se contrai. Sua insinuação me incomoda mais do que deveria.

Tenho certeza de que Harper já deve ter contado a ela sobre minha falta de compromisso com as mulheres. E por mais que isso seja verdade, ouvir isso de Manuela me incomoda.

Me incomoda saber exatamente o que ela deve estar pensando de mim.

Forço um sorriso sem emoção.

Max – Ok.

É tudo o que consigo dizer antes de deixar a cozinha.

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