#13 - Distância ou Aproximação?

...> Manuela <...

O som do despertador me desperta, e, ao abrir os olhos, sinto-me completamente confusa.

Como vim parar aqui? – Me pergunto.

Será que…? Não, Max não faria isso. Ele não pode ter me carregado e me colocado na cama.

Ou será que pode? – Após debater todas as possibilidades com meu subconsciente, decido ignorar. Além do mais, preciso finalizar a revisão do manuscrito ainda hoje.

Olho no relógio e vejo que ainda está cedo. Faço minha higiene matinal e me arrumo rapidamente. Já pronta, vou em busca do meu trabalho. Encontro os manuscritos organizados sobre a mesa de centro da sala. Pego-os e volto a revisar.

Graças a Deus, faltam apenas algumas páginas, então não leva muito tempo para terminar. Organizo tudo cuidadosamente e me preparo para sair do apartamento. Estou tão enrolada e distraída que, ao abrir a porta, acabo trombando com Max, espalhando todos os manuscritos pelo chão.

Manuela — Ai, meu Deus… não, não! — digo, desesperada ao ver os papéis espalhados. Começo a recolhê-los apressadamente, com a ajuda de Max.

Max — Acho que esse é o último. — Ele sorri, mas estou tão estressada que não consigo retribuir. Só consigo pensar no trabalho que terei para organizar tudo novamente.

Manuela — Obrigada pela ajuda, mas preciso ir. — Estou prestes a sair, mas Max bloqueia a passagem.

— O que você…?

Max — Eu te levo. No caminho, você organiza tudo.

Manuela — Não é necessário. Se eu correr, acho que consigo pegar o ônibus.

Max — Isso não é uma opção.

Manuela — Mas…

Max — Sem "mas". Só vou tomar uma ducha.

Só então percebo que ele está usando uma regata que realça cada músculo de seu corpo. Como alguém pode ser tão lindo? – Me pergunto, sem conseguir desviar o olhar.

Max diz alguma coisa, mas, para ser sincera, não escuto uma única palavra.

Manuela — Oi? — Falo, ainda perdida.

Max — Eu perguntei se você tomou café.

Manuela — Não tive tempo, priorizei terminar isso.

Max — Vamos fazer uma pequena parada no caminho, então. — Ele afirma, seguindo para o quarto sem ao menos me dar chance de responder.

Enquanto Max se arruma, aproveito para iniciar a organização dos papéis. Já dentro do carro, continuo ajeitando tudo, separando as páginas por autor. Levo menos tempo do que imaginei para terminar. Apesar de ter relutado em aceitar a carona, ela foi de grande ajuda, pois no ônibus lotado seria praticamente impossível organizar tudo.

Estou colocando os manuscritos na pasta quando Max volta com dois copos de café e um pacote de donuts.

— São seus. — Ele me entrega um dos copos e os donuts. Agradeço, pego minha carteira e pergunto:

Manuela — Quanto te devo?

Ele me olha, ofendido.

Max — Você não pode estar falando sério.

Manuela — Você já está fazendo demais por mim hoje, não queria abusar.

Max — Eu meio que fui o causador de tudo. Era o mínimo que eu podia fazer. Então, só aceite, tá bom?

Apesar de achar que tenho grande parte da culpa, aceito.

Manuela — Muito obrigada, você me salvou hoje. Ainda bem que deu tudo certo. Georgina me mataria se eu não entregasse isso ainda hoje.

Max — Georgina?

Manuela — Minha chefe. Ela que me indicou para a vaga. Trabalhávamos juntas em Sitka.

Max — Ah, sim. Acho que você comentou algo sobre isso anteontem.

Conversamos durante o breve trajeto. Max é sempre mais falante, puxa diversos assuntos, e, quando chegamos ao prédio da editora, ele desce primeiro e abre a porta do carro para mim.

Ele sempre é tão amável e cavalheiro… Agora eu sei perfeitamente por que me apaixonei por ele.

Manuela — Obrigada. — Digo ao sair.

Ele pega a pasta com os manuscritos da minha mão.

Max — Deixa que eu carrego isso.

Manuela — Você sabe que meu prédio é logo ali, né? E nem está pesado. — Digo, sorrindo.

Max — Eu sei. Só queria uma desculpa para te acompanhar. Isso me dará mais tempo com você. Tenho que compensar o tempo que perdi sem a sua companhia.

Levo um tempo para processar o que acabo de ouvir. Não é possível que tenha escutado direito.

Estou presa em meus pensamentos quando ele me chama.

— Manu, vamos. Se não, você vai se atrasar.

Ele está parado a poucos metros de mim, o que me faz apressar os passos para alcançá-lo.

— Então, acho que está entregue. — Ele diz assim que chegamos à recepção.

Manuela — Mais uma vez, muito obrigada. — Digo, pegando a pasta de sua mão.

Max — Não foi nada. A galeria do meu amigo fica aqui perto, então é caminho. Caso queira, posso te trazer e te buscar todos os dias. Os ônibus são bem lotados nesses horários, moramos na mesma casa… e, antes que você diga, não será incômodo algum.

Manuela — Não precisa, seria muito abuso da minha parte. Não me importo de vir e ir de ônibus.

Max — Longe disso. Não vejo como abuso. E já disse que não será incômodo. Saiba que farei isso com todo prazer.

Suas últimas palavras saem com uma certa malícia, e o sorriso que ele abre logo em seguida não é diferente. Ele me encara em silêncio, e meu coração dispara.

Forço-me a dizer qualquer coisa para mudar de assunto, porque não faço ideia do que responder. Imagino que ele não esteja disposto a aceitar um "não", e, no momento, não tenho tempo para discutir argumentos. Por mais tentador que seja aceitar, não acho que seja o certo.

Manuela — Eu… preciso ir. Se não, vou me atrasar. — Fujo e não olho para trás até entrar no elevador.

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Assim que entro no elevador, me deparo com Georgina.

Georgina — Então aquele é o famoso Max? — Ela pergunta com um tom divertido.

Franzo a testa, confusa.

Manuela — Como você…?

Georgina — Você parecia tão distraída que, pelo visto, nem me viu passar.

Abro a boca para me justificar, mas ela ergue a mão, me interrompendo.

— Eu não estou te julgando — diz, com um sorriso malicioso. — Pelo o que acabo de ver, você tem uma tarefa bem difícil nas mãos. Esse Max é… hummm. Digamos, o próprio Narciso em pessoa.

Por mais que tente, não consigo segurar o riso diante de sua comparação. A verdade é que Max realmente parece um deus Grego. Só que, diferente da história, sou eu quem parece se afogar diante de sua beleza.

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