#4 - Uma Velha História

...> Manuela <...

Manuela — O que aconteceu exatamente? — pergunto, bastante curiosa.

— Confesso que sei um pouco da história, pois ouvi sua mãe e seu pai conversando um dia.

Não estou mentindo, realmente escutei os dois falando sobre. E Max nunca me contou ao certo o motivo de seu breve período na prisão. Tudo que sei é que foi por causa de uma garota, e só sei disso porque escutei a conversa dele com sua mãe. Nunca o pressionei a dizer os detalhes, na verdade, nunca perguntei abertamente sobre.

Harper — Que isso não saia daqui — ela fala antes de começar a narrar tudo que aconteceu.

Fico em silêncio, ouvindo atentamente cada palavra que sai de sua boca. Meu coração aperta a cada nova revelação.

Manuela — Nossa, eu não fazia ideia — digo, surpresa.

E realmente não fazia. Max passou por muita coisa. Era totalmente compreensível o seu desânimo naquela época.

Eu nem conheço essa garota e já tenho um ódio absurdo dela. Ok, talvez seja pelo fato de eu ter começado a gostar dele. Sim, acabei me apaixonando por Max. E pude confirmar isso quando ele ficou muito doente. Era de partir o coração.

Convenci tia Rosálie a me deixar cuidar dele, junto a Olivia. Devo confessar que lhe roubei um beijo enquanto dormia, e Max correspondeu. Ele estava febril e delirando bastante. Mas, quando se afastou de mim, sorriu e disse:

— Chloe?

Essas palavras foram o suficiente para partir o meu coração, para me fazer desencantar e perceber que um relacionamento com ele era algo totalmente impossível.

Seja lá o que Chloe tenha feito, ainda não foi o suficiente para ele deixar de amá-la. — Pensei.

Além disso, havia a diferença de idade. Não que eu me importasse com isso, mas não sei como nossas famílias reagiriam. Sim, eu pensava nisso. Fazia planos e mais planos de como contar e torcia para que ele sentisse o mesmo. Mas estava enganada.

Apesar de ter permanecido com esse sentimento por anos, recusando relacionamentos ou qualquer envolvimento com outra pessoa, após completar 18 anos, decidi seguir eM frente. Era algo mais que necessário.

Então, dei uma chance para Raphael, já que ele era apaixonado por mim e bastante insistente. E assim se iniciou nosso relacionamento.

Harper — Fiquei revoltada quando meus tios me contaram. Mas isso está no passado. Estou feliz que ele tenha superado e seguido em frente.

Manuela — Eu também — digo, forçando um sorriso.

— Ele tem bom gosto — digo, mudando o foco do assunto, já que não acho que seja um bom momento para pensar em Max. Não quero reviver aqueles sentimentos. Fico feliz e aliviada por ele estar fora da cidade. Isso me dá tempo suficiente para não estar mais aqui quando elE retornar.

— Olha essa vista — digo, indo até a sacada, onde há uma varanda elegante e uma vista exuberante.

Harper — Sim, aqui é lindo. E você ainda não viu nada. O lugar é perfeito e tem uma ótima localização.

Manuela — Uma excelente localização. Fica perto de tudo. Seu primo fez uma ótima escolha.

Harper — Fico feliz que tenha gostado. E não precisa se preocupar com nada. Ele já está sabendo da sua estadia aqui.

Congelo por um momento.

Manuela — Ele sabe? — pergunto sem pensar.

Harper — É claro que sabe. O apartamento é dele. Não podia colocar alguém aqui sem avisar.

Manuela — Certo — digo, ainda perdida em meus pensamentos, me questionando o que isso significaria. Torço para que ele não retorne. Não quero estar aqui quando isso acontecer. Realmente não quero.

Perco quase tudo o que Harper diz, só voltando a prestar atenção quando ela começa a falar sobre as despesas.

Harper — Já estão pagas as despesas de todo o período que ficarei fora. Não sabia da viagem e acabei adiantando o aluguel. Então, fique aqui o tempo que achar necessário. A única coisa com que terá que se preocupar é a alimentação. Nós duas sabemos que meu relacionamento com a cozinha não é dos melhores. E que vivo de congelados e fast food.

Manuela — Quanto a isso, não precisa se preocupar. Tenho algumas economias. Vou sobreviver. Você já está fazendo demais me oferecendo um teto para morar. Serei eternamente grata a você e ao seu primo por isso. Muito obrigada mesmo. Prometo te pagar aos poucos os meses que adiantou do aluguel. Imagino que não seja o suficiente, ainda mais para um lugar como esse, mas já é alguma coisa — sorrio, meio sem jeito.

Harper — Não é necessário. Você sabe que é como uma segunda irmã para mim. Tudo o que peço é que arrase nessa editora e me encha de orgulho.

Meu peito aquece com suas palavras.

Manuela — Você é a melhor! Muito obrigada por tudo. Seu apoio significa muito para mim — minha voz embarga, e sinto as lágrimas querendo escapar.

Harper — Para com isso! Não vai chorar — diz, dando um soquinho no meu ombro.

Manuela — Ah, vê se não enche! — respondo, rindo, puxando-a para um abraço apertado.

— Vou sentir tanto a sua falta. Ainda não acredito que ficarei um ano sem te ver.

Harper sempre dava um jeito de visitar Sitka, mesmo morando em Seattle. Mas a França não fica a poucas horas de avião. Teremos que voltar às incontáveis chamadas de vídeo que fazíamos antigamente.

Por enquanto, esse será nosso único jeito de matar a saudade.

...☆☆☆☆☆☆☆☆☆...

Harper termina de me mostrar todo o apartamento. Ele é enorme. Tem um escritório com uma biblioteca repleta de livros e, é claro, me apaixono de cara por ele. Vejo que passarei grande parte do meu tempo aqui.

Ela me mostra o restante dos cômodos também: a cozinha, a sala de jantar, a sala de cinema. A única coisa que falta para o apartamento ser completo é uma academia, mas ela me informa que o prédio possui uma, compartilhada por todos os inquilinos.

Entro em três quartos — um deles é o dela, e os outros dois são de hóspedes. Na verdade, o apartamento tem quatro quartos, mas um está trancado. Harper explica que Max não gosta que entrem nele em sua ausência e que está fechado há quase um ano. Nem mesmo ela já entrou lá.

Outra instrução importante que recebo dela é para não entrar em seu estúdio, outro cômodo que permanece trancado a sete chaves.

Não questiono. Na verdade, não há motivo para questionar. Os dois estão me fazendo um favor gigantesco ao me deixar ficar aqui de graça, então respeitarei todas as instruções sem nenhuma objeção.

Harper — Ah, quase me esqueço — diz Harper, de repente. — Max também não gosta que tragam visitas aqui. Então, nada de Raphael e nada de amigos. A menos que você avise a ele, já que ele só permite pessoas que conhece.

Franzo o cenho levemente, mas não discordo totalmente da restrição. De qualquer forma, não pretendia trazer Raphael aqui. Seria abuso demais da minha parte. Já os amigos… Bem, eu não tenho muitos, então não faço nenhuma objeção. Ainda assim, acho essa regra um pouco exagerada.

Levo minhas malas para o quarto de hóspede, tomo um banho e me arrumo para sair com Harper. Assim que estou pronta, espero por ela na sala.

Quando a vejo saindo do quarto, sorrio.

Manuela — Você não mudou nada — digo, cruzando os braços.

Ela me olha com falsa inocência.

Harper — O quê?

Manuela — Nem demorou tanto — ironizo.

Ela revira os olhos, divertida.

Harper — Para de graça, ainda está cedo.

Dou uma risada.

Manuela — Estou brincando. Vamos logo, estou morrendo de fome, e ainda temos que parar para almoçar.

...☆☆☆☆☆☆☆☆☆...

...*🔴*Autora:...

Ainda hoje, libero mais um capítulo. Só preciso terminar de escrever.

Ah, não o esqueçam o like ao final de cada capítulo. 👍🏽

Até ...👋🏽

bjs.. 😘

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