#8 - Por Trás da Moldura: A Verdade

...> Max <...

Max – O que foi?

As duas ficam imóveis.

– Não precisam parar de falar só porque eu cheguei.

Chloe – O que... o que você escutou? – Sua voz vacila, e seus olhos denunciam o pavor crescente.

Sinto um gosto amargo na boca. Tudo o que eu acreditava, tudo o que sentia, se desfaz diante de mim como cinzas ao vento.

Max – O bastante para saber que você não vale nada.

Minha voz sai fria, cortante. Uma parte de mim esperava que ela tentasse se justificar, que mostrasse algum tipo de arrependimento. Mas tudo o que recebo em troca é o olhar de alguém que percebe que foi pega no flagra.

– Mas isso não vai ficar assim, pode ter certeza disso.

Chloe aperta os punhos. Sei que está tentando formular uma resposta, algo que a tire dessa situação.

Chloe – Você está me ameaçando?

Solto uma risada seca, sem humor.

Max – Entenda como quiser.

Dou um passo para trás, pronto para sair daquela sala sufocante.

Mas então, sua voz ressoa, carregada de veneno.

Chloe – Tenho certeza de que ninguém vai acreditar em você. Ninguém, ouviu bem?

Meus olhos estreitam. Ela ainda tenta manter o controle da situação.

Max – Eu tenho provas o suficiente para te denunciar. Acho difícil não acreditarem.

É minha vez de encará-la com superioridade. Mas Chloe não se abala. Pelo contrário.

Seu sorriso se alarga, cruel, debochado.

Chloe – Não esteja tão certo disso. Você ouviu tudo, então sabe como sou boa atuando.

Algo na sua postura me deixa inquieto. Ela não parece preocupada. Na verdade, parece confiante.

E então, antes que eu possa reagIr, Chloe leva as mãos ao próprio cabelo e começa a se descabelar. Seus olhos se arregalam, sua boca se abre em um grito estridente que ecoa pela galeria.

– Socorro! Socorro! Seguranças!

Meu corpo gela.

Ela não pode estar fazendo isso.

Mas ela está.

A porta se escancara, e um dos seguranças entra às pressas, a expressão alerta.

Segurança – O que está acontecendo aqui?

Chloe soluça, cobrindo o rosto com as mãos trêmulas, sua atuação digna de um Oscar.

Chloe – Esse homem... ele... ele me assediou!

Meu coração para.

– Ele é um doente, um perseguidor! – Ela chora descontroladamente, encenando um desespero que faz meu estômago revirar.

– Nem sei o que teria acontecido se minha amiga não tivesse chegado... eu... eu... – Sua voz embarga, seus ombros tremem, e cada lágrima falsa que escorre por seu rosto me faz ferver de ódio.

Minha respiração acelera.

Max – Você ficou louca? Eu nunca...

Segurança – Calado!

O grito dele me corta como uma lâmina.

– Me acompanhe imediatamente.

Dou um passo à frente, minha mente girando, tentando desesperadamente encontrar uma saída para essa armadilha.

Max – Senhor, mas eu...

Segurança – Quieto, rapaz!

Antes que eu possa argumentar, sinto um golpe seco contra minhas costelas. O impacto do cassetete me faz cambalear para trás, e a dor explode em meu corpo como fogo.

Meu peito sobe e desce rápido. Tento falar, tento me defender, mas nada adianta.

Eles não querem ouvir.

E mesmo na delegacia, ninguém me escuta.

Porque, ao contrário de Chloe, eu não venho de uma boa família.

Eu não tenho contatos influentes.

Eu sou apenas um ninguém.

...☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆...

*■*Dias atuais... 🗓

● Avião 🛩

Aproveitei apenas mais um dia antes de retornar para Washington. Com toda a correria, acabei esquecendo de avisar Harper sobre meu retorno.

Já faz alguns dias que ela me ligou, empolgada, contando sobre uma viagem de trabalho. No meio da conversa, perguntou se poderia deixar uma amiga ficar no meu apartamento por um tempo. Harper mora lá há quase um ano e, por mais que eu tenha dito inúmeras vezes que não precisava se preocupar com aluguel, ela simplesmente ignorou e deposita um valor na minha conta todo mês.

A verdade é que, no momento em que ela ligou, eu estava… ocupado. Luci tirava toda a minha concentração enquanto me chup*va, e eu não estava exatamente no estado mental ideal para conversas prolongadas. Então, após algumas perguntas rápidas sobre a amiga dela, apenas concordei, sem objeções. Afinal, não pretendia retornar tão cedo, e conhecendo minha prima, sabia que ela não colocaria qualquer pessoa no meu apartamento sem ter total confiança nela.

Antes de encerrar a ligação, apenas ressaltei:

"Você sabe as regras."

Harper agradeceu inúmeras vezes e desligou.

Hoje pela manhã, quando finalmente a telefonei para avisar sobre minha volta, ela ficou visivelmente surpresa. A conversa foi rápida. Contei o motivo do meu retorno e deixei claro que não ficaria por muito tempo. Também fiz questão de tranquilizá-la em relação à amiga — disse que ela poderia continuar no apartamento sem problema algum.

...☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆☆...

■ Apartamento

Assim que entro no apartamento, sigo direto para o meu quarto. Giro a maçaneta, destranco a porta e abro as janelas de imediato. Depois de tanto tempo fechado, é evidente que o ambiente precisa de circulação de ar. O cheiro de espaço fechado me incomoda, mas pelo menos está tudo exatamente do jeito que deixei.

Jogo minha mala em um canto e decido tomar uma ducha. Caminho até o banheiro da minha suíte, mas, assim que entro, lembro do problema que deixei para trás.

Droga.

O chuveiro deu defeito um dia antes da minha viagem. Tinha planejado resolver assim que voltasse, já que não gosto que entrem no meu quarto sem minha presença. Mas agora, depois de horas de voo e um cansaço acumulado, isso se torna um incômodo extra. Preciso chamar um profissional. Amanhã mesmo. Ou hoje, se possível.

Com um suspiro irritado, saio do quarto e sigo para o banheiro no corredor. Preciso de um banho, não importa onde.

A água quente relaxa meus músculos e me ajuda a organizar os pensamentos. Chloe. A exposição. O evento. Tudo isso está prestes a acontecer, e eu nem sei ao certo o que esperar.

Assim que termino, deslizo a porta do box e dou um passo para fora — e então, paro no meio do movimento.

Diante de mim, uma mulher segura um vaso nas mãos, os olhos arregalados em choque. Por um instante, ficamos imóveis, estudando um ao outro em silêncio. Tenho que me segurar para não rir diante da cena. Ela parece pronta para me atacar com o vaso, como se eu fosse um ladrão.

Mas eu a reconheço. Imediatamente.

O choque me acerta em cheio. Manuela.

Harper devia ter me contado que se tratava dela.

Espero... ela disse, não disse? Ela mencionou “Manu” na ligação. Como diabos eu não liguei os pontos?

Minha mente trava. Não sei o que dizer. As palavras simplesmente não vêm. Enquanto isso, me pergunto se ela é capaz de me reconhecer. Poucas pessoas conseguiram sem que eu me identificasse.

Manuela – Max?

Sua voz não é uma pergunta, e sim uma constatação.

– Ai, meu Deus... Max.

Ela se vira apressadamente, e no movimento brusco, o vaso escorrega de suas mãos e despenca no chão, estilhaçando-se em pedaços.

– Eu sinto muito! Sinto muito mesmo!

Ela se abaixa rápido, tentando recolher os cacos com mãos trêmulas. Percebo seu nervosismo. Sua pressa só a faz ser descuidada.

– Ai!

Ela se corta. E então vejo o sangue.

Minha preocupação fala mais alto. Em um instante, estou ao seu lado.

Max – Você está bem? – Minha voz sai carregada de preocupação.

Ela levanta a mão, e vejo o pequeno corte. Não parece grave, mas isso não diminui minha irritação.

– Você devia ter mais cuidado.

Meu tom é mais duro do que o necessário, mas a verdade é que o susto ainda está fresco em mim.

– O que diabos pretendia fazer com isso?

A pego pelas mãos e a guio até a pia, ligando a torneira para lavar o ferimento. O contato de nossa pele me traz uma onda estranha de sensações, mas ignoro.

Ela me observa, em silêncio. Seus olhos fixos em mim.

Até que finalmente fala.

Manuela – Max, eu estou bem. Você devia...

Sua voz morre.

Seus olhoS se movem lentamente para baixo, e então percebo o motivo do seu constrangimento.

Droga.

Estou completamente nu.

Solto uma praga e pego uma toalha às pressas, cobrindo meu corpo tão rápido quanto possível.

Ela desvia o olhar.

– Acho que consigo me cuidar a partir de agora. – Ela força um sorriso.

– Eu vou deixar você... é... pode deixar que eu limpo tudo quando terminar.

Sem esperar por uma resposta, ela sai apressada do banheiro.

E, por alguma razão inexplicável, meus lábios se curvam em um sorriso.

Max – Ela continua linda.

O pensamento surge antes que eu possa evitar. Mas logo minha expressão se fecha.

Ela tem namorado.

Eu sei disso porque, em algum momento, posso ou não ter stalkeado suas redes sociais.

Balanço a cabeça, afastando esse pensamento. Me visto rapidamente e limpo o estrago no banheiro.

Assim que termino, pego meu celular e deixo o apartamento.

Preciso falar com Landon.

Ainda bem que ele mora no mesmo prédio. Em poucos minutos, já estou batendo na sua porta.

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