Capítulo 10

Você era o caminho certo. Eu só estava esperando você olhar para mim. | You Are The Right One - Sports

Me levantei bem cedo e tomei um bom banho, sequei meus cabelos e os penteei de maneira que não fosse me dar trabalho mais tarde. Enquanto eu corria de um lado para o outro para organizar tudo o mais rápido possível, meu corpo dava os seus indícios de que estava cansado demais, necessitava de um descanso, mas eu não poderia dar isso a ele agora.

Por isso mesmo, tomei um café muito quente e comi alguns pães com manteiga, além disso, também ingeri algumas frutas logo depois, para não acabar passando mal de fome.

Mandei alguns emails para a diretoria da minha universidade. Como agora vou trabalhar com o Sr. Hoffmann pelas manhãs, vou precisar começar a estudar a noite. Mas é claro que isso pra mim não é problema, uma vez que passar 5 horas na faculdade não é tão cansativo como passar 12h indo para lá e para cá num trabalho que sequer remunera corretamente.

Sei que preciso resolver a questão da minha mudança de horário pessoalmente na universidade, mas agora não tenho tempo para fazer isso. Mandei um email, e mais tarde ligarei. Consigo resolver tudo isso sem precisar me deslocar até lá, porque agora eu quero dar tudo de mim para conseguir me manter nesse trabalho. Preciso muito da grana que está sendo ofertada pelo Sr. Hoffmann, não posso simplesmente deixar uma oportunidade como essa escorrer pelos meus dedos.

Organizei algumas outras coisas em casa para que quando chegasse tudo estivesse em seu devido lugar. Espero que hoje mesmo eu consiga mudar o meu horário na universidade e já poder ir à noite.

Quando peguei o meu celular e despluguei o carregador, notei como pipocaram de notificações de ligações perdidas. Era o Luiz, o meu chefe... Ou melhor, ex-chefe. Porque agora eu já não vou mais precisar trabalhar na sua lanchonete. Pelo menos eu espero que não.

Terminei o meu turno hoje mais cedo, mas quando estava perto de vir embora, eu avisei que aquele seria o meu último dia trabalhando para ele. É claro que o mesmo se desesperou, e como eu sabia muito bem que Luiz insistiria muito para que eu ficasse, decidi comentar com ele sobre isso justamente na hora de vir embora.

Eu entendo que eu tinha que ter comentado com ele sobre a minha saída de maneira mais adiantada, para que pudesse haver a possibilidade de ser contratado outro funcionário para que ficasse em meu lugar. Mas a notícia de que eu começaria a minha experiência com o Sr. Hoffmann pegou até a mim mesma de surpresa, eu jamais imaginei que ele me ligaria realmente, até porque já fazem alguns dias desde a minha entrevista desastrosa na casa dele.

Foi desastroso pra mim porque eu fiquei muito nervosa mediante o olhar quase que acusatório do tio da minha amiga. Mas superei e cá estou, me preparando para começar o meu trabalho com a fé de que ele verá em mim potencial.

Mesmo estando muito nervosa, eu estava feliz e com muita expectativa.

Mandei alguma mensagens para a minha amiga avisando que não iria para a aula esta manhã, que muito provavelmente estaria mudando de horário e não nos veríamos com tanta facilidade. Não recebi uma resposta imediata por ser muito cedo, mas sabia que ela me perguntaria uma hora ou outra a razão pela qual eu estava lhe falando aquilo tudo.

No momento certo, eu simplesmente saí da minha casa, tranquei tudo e com 10 minutos de antecedência, um Porsche parou bem na minha frente e foi aí que eu senti meu sangue congelando dentro de mim.

Aquele carro ali chamou a atenção dos vizinhos, das pessoas que estavam transitando na rua naquele momento. Todos ficaram olhando na minha direção, como se buscassem respostas para o que estava acontecendo. Jesus, isso vai me causar tantos problemas.

— Srta. Olliver? — questionou o homem muito bem-vestido, logo após sair do veículo.

— Sou eu sim. — quando respondi, ele abriu uma das portas para mim.

— Por favor, entre. O Sr. Hoffmann está lhe aguardando.

Fiz o que o rapaz pediu, sem tanta enrolação.

Ele não conversou muito comigo, e eu achei até legal. Mas estava super tensa enquanto ainda estávamos dentro do subúrbio, porque aquele carro estava chamando muito a atenção dos moradores, eu sabia que ia dar problema pra mim, mais cedo ou mais tarde. O pessoal aqui não está acostumado com a presença de pessoas diferentes, principalmente quando elas chegam em carros como este.

Somente quando ele nos tirou daquele local foi que eu pude me sentir mais aliviada. Mas será possível? Aquele homem não poderia mandar um carro mais humilde neste endereço?

Meu Deus.

Nosso percurso até a casa do Sr. Hoffmann foi feito rapidamente. O motorista foi ágil, logo estávamos estacionando na frente daquela mansão magnífica e eu, mesmo estando admirada com tudo aquilo, tentei fingir que estava acostumada, pois não queria aparentar ser uma pobrete que vê tudo como uma novidade na realidade dessa gente rica.

Quando desci do carro, a mesma mulher que recebeu a mim e à minha amiga da última vez que viemos aqui, estava ali me esperando. Ela estava ereta, sua postura perfeita me fez suspirar e me sentir um pouco nervosa, principalmente quando ela analisou-me de cima a baixo. — Bom dia, senhorita! Creio que você deva ser a nova contratada do Apolo.

Concordei.

— Sim, o Sr. Hoffmann-

— Me siga, ele já está lhe aguardando! — ela não me deixou falar, só saiu andando. Eu percebi que era para a seguir e assim o fiz, sem entender o comportamento estranho daquela mulher louca.

Não preciso de muito, ou até mesmo das suas próprias palavras para saber que ela não foi nem um pouco com a minha cara. Mas ainda bem que eu não vou precisar ficar a maior parte do tempo com ela e sim com o Sr. Hoffmann.

Me pergunto se ele tem algo com esta mulher... Porque até então não entendi o que ela faz aqui. Seria uma cozinheira? Com certeza não, pois se veste formalmente demais para tal cargo... Confesso que cheguei até a pensar que ela era a antiga assistente dele, mas não. Ela continua aqui!

Não estou entendendo nada.

Entramos na casa e a mulher não falou nada, continuou andando. Ela seguiu na direção do escritório do Sr. Hoffmann e eu continuei a seguindo. Talvez ele queira conversar comigo antes de qualquer coisa.

Após algumas batidas na porta, ele autorizou a nossa entrada. Mas a estranha aqui não me permitiu passar pela porta. Foi ela quem falou com o seu patrão: — Sr. Hoffmann, a novata já está aqui. Devo deixá-la entrar?

Perguntou num tom mais manso e delicado, completamente o oposto do que estava usando para falar comigo. Revirei os olhos discretamente, percebendo, finalmente, que ela é uma oferecida.

Ouvi quando ele a respondeu com a frase "a mande entrar" e assim a mulher se afastou e me deu espaço para passar. Enquanto eu caminhava, senti o olhar dela queimando em minhas costas... Posso até estar louca, mas sinto que é como se ela estivesse me passando um recado silencioso com aqueles olhares nada discretos.

— Bom dia, Sr. Hoffmann — eu o cumprimentei, me sentindo bastante nervosa de repente, quando ele me olhou de cima a baixo.

— Bom dia. Feche a porta, por favor.

Fiz como ele pediu e me aproximei.

— Muito obrigada pela oportunidade, senhor, eu-

— Não me agradeça por enquanto. — me cortou imediatamente e eu arregalei os olhos. Só agora percebi a sua expressão... Ele não parece estar num dia bom. — Aqui, esses são os aparelhos que você vai usar enquanto estiver trabalhando para mim. Não vou lhe ensinar como se mexe neles, até porque eu sei que você já sabe, — ele apontou para um notebook e um tablet em cima da sua mesa. Parecem ser novos. — Hoje eu vou a uma reunião e você vem comigo. Todos os detalhes da reunião eu preciso que você digitalize, absolutamente tudo o que for abordado.

— Certo, entendi.

— O máximo de atenção possível, por favor. Esta é uma reunião muito importante.

— Tá bom, Sr. Hoffmann. — mesmo com as mãos suando e o coração em um ritmo acelerado, eu me sentia confiante. Sabia que poderia fazer aquilo.

— Eu espero que você não me decepcione, Srta. Olliver.

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Sandra | 35 anos

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