Capítulo 5

Que droga, eu estou morrendo de nervoso. Não sabia onde ficava a casa do tio da minha amiga, mas notei que estávamos chegando quando o carro começou a desacelerar. Entramos num condomínio esplêndido, que chegava até a cheirar a riqueza e logo após algumas palavras com seguranças na guarita, nossa entrada foi liberada.

Eu passava as mãos inúmeras vezes na minha calça. Coloquei roupas mais "formais" — por assim dizer — e também saltos baixos nos meus pés. Eram as roupas mais "chiques" que eu tinha no meu guarda-roupa, queria muito passar uma boa impressão, mas não sei se conseguiria. Os padrões da família de Marianne são extremamente altos e inalcançáveis para meros pobres e assalariados como eu. — Chegamos. — Marianne disse, num tom muito diferente do meu... Ela está feliz e muito animada. É quase como se tivesse certeza que eu serei contratada.

— Ah, meu Deus... Isso aqui é muito lindo, amiga. — eu falei assim que descemos do veículo, encarando a fachada daquela linda mansão com os meus olhos brilhando, com toda a certeza. Era diferente de tudo o que eu já tinha visto, até porque é trabalhada inteiramente numa paleta mais escura.

O carro luxuoso estacionado ali na frente também não me passou despercebido. Foi só dar conta, finalmente entender aonde eu estava pisando e com quem eu iria conversar que meu coração já disparou ainda mais e eu fiquei muito aflita. Muito, mas muito mesmo!

— Aí, amiga... Sem drama! Meu tio também não é esse monstro que você está pensando. — Mari disse, como se lesse os meus pensamentos. Ela, de fato, me conhece muito bem. — Bom, ele pode ser sim quando está trabalhando e é interrompido ou quando está trabalhando e...

Ela simplesmente foi me dizendo em quais momentos seu tio agia como um casca grossa e eu fiquei completamente assustada porque, basicamente, o homem vivia de mau humor e estressado. E não tem como a minha amiga estar mentindo ou exagerando; ela o conhece, ao contrário de mim!

— .... Mas fora isso, ele é de boa. Sabe, não tem com o que você se preocupar, Ny.

Meus lábios se entrebriram, em completo espanto. Mari gargalhou.

— Estou só brincando, boba. Vamos entrar de uma vez! Meu tio já está te esperando e ele odeia atrasos. — comentou despretensiosa e eu fui respirando fundo várias e várias vezes, repetindo este movimento em busca da minha calma interior, porque de nada adiantaria estar aqui desse jeito... Nervosa. Assim não vou conseguir me dar bem na entrevista.

Alguns seguranças nos escoltaram para dentro. Um deles afirmou que o Sr. Hoffmann já estava nos aguardando na sua sala. De uma maneira bem formal e sem ao menos me olhar. — Certo. Muito obrigada! — respondeu a minha amiga e depois de alguns passos, estávamos dentro daquela mansão gloriosa.

Olhei em volta e de repente me senti perdida também... Porque aqui é um lugar muito grande, muito bonito. Eu facilmente poderia me perder aqui dentro, mas ainda bem que não sou eu quem moro aqui e nem morarei. Caso fosse assim, seria extremamente humilhante. Céus.

— Oi, bom dia, senhoritas. — uma mulher muito bonita e bem vestida veio ao nosso encontro e nos cumprimentou respeitosamente. — Sou a Sandra, no que eu posso ajudá-las?

— Meu tio está aguardando a Nyanni para a entrevista, Sandra. Te liguei mais cedo pra confirmar, não está lembrando? — questionou Marianne e os olhos da mulher se tornaram distantes, como se estivesse tentando buscar em sua memória o momento em questão.

— Ah, sim. Claro que sim, eu me lembro. Esta é a candidata? — perguntou ela, olhando-me de cima a baixo. Me analisando.

Não sei porque mas não gostei muito da forma como ela me encarou. Talvez eu tenha problemas com ela caso seja contratada...

— Sim, ela é, Sandra. Por que? Algum problema? — questionou minha amiga, adotando uma postura ereta.

— Não, nenhum. Por favor, me acompanhe, senhorita. — ela se dirigiu a mim — O Sr. Hoffmann já te aguarda.

Ditas essas palavras, ela começou a caminhar na minha frente. Se equilibrava num par de saltos agulha completamente altos, e eu me surpreendi pela forma como ela fazia aquilo majestosamente. Confesso que até me deu uma leve inveja, porque sempre tive muita dificuldade para me equilibrar em saltos muito altos.

Até me pergunto se eu deveria me vestir dessa forma tão exagerada, porque eu jamais me adaptaria a um estilo como este. Curto muito mais um estilo mais simples e que não me deixe desconfortável.

— Aqui. Ele está do outro lado da porta. — avisou-me, mas não deixou que eu batesse. Fez isso e disse a quem quer que estivesse ali do lado de dentro que eu já estava no aguardo.

A voz daquele homem ecoou por todo o corredor em que estávamos de uma maneira muito autoritária e firme. Eu estremeci na base quando ele murmurou um: — Mande ela entrar, Sandra.

Olhei para a minha amiga em estado de choque. Ela veio nos acompanhando, e mesmo quando a tal Sandra a olhou com desdém, como se ela fosse uma enxerida, Mari a ignorou completamente. — Pode ir, amiga. Não é tão difícil quanto parece, o meu tio só quer lhe intimidar.

Suas palavras não me tranquilizaram, mas eu precisava entrar e encarar aquele homem tão misterioso. Oh céus, eu deveria ter pesquisado sobre ele, bem como prometi para mim mesma, mas não o fiz, justamente por não ter tempo.

Droga.

Empurrei a porta e dei passos curtos para dentro da sala. Dei o meu máximo para não olhar em volta e não admirar a magnitude daquela sala que conseguia ser muito mais bonita e impressionante que a casa, mas fazia jus à toda a grandeza e luxo dela.

Meus olhos foram diretamente no homem que estava sentado bem de frente para mim, atrás de uma mesa enorme. Ele me encarava atentamente. — Bom dia, senhorita. — foi a primeira coisa que ele me disse e eu quase caí pra trás. — Por favor, se aproxime. Eu não mordo!

A frase saturada me fez suspirar de forma discreta.

Me aproximei e sentei-me na poltrona, olhando-o sem qualquer temor no coração.

Jesus, esse homem é muito, mas muito lindo. Nunca imaginei que meus olhos vislumbrariam uma pessoa tão linda e atraente como ele... Fico até nervosa diante do seu olhar, é como se as palavras fugissem dos meus lábios.

A barba dele é rala, mas muito bem aparada... Não pude deixar de notar seus olhos, os traços faciais perfeitos, parecem até que foram esculpidos a dedo, pelo próprio Deus.

Além dos músculos, que são bem torneados, de forma que sua roupa tão bem passada os abrace de uma maneira tão sutil que chega a ser satisfatório admirar. Fui um pouco mais além e olhei para os dedos dele. As veias saltando em suas mãos, subindo pelo braço e sumindo por entre a camisa também me despertou a curiosidade.

Ele tem todo o perfil de Marianne. É um homem que cheira a dinheiro e exala poder. E olha que eu nem o ouvir dizer mais que 15 palavras.

Por Deus... Ele é muito exigente. Eu jamais seria contratada por este homem, nem ao menos para engraxar os seus sapatos.

(Nunca engraxei nada na vida).

— Bom, comecemos pelo mais básico... Como é o seu nome mesmo? Completo, senhorita. — ele me acordou dos meus devaneios, coçou a garganta. Era como se ele tivesse percebido que eu o estava secando. Que ótimo! — Minha sobrinha comentou comigo sobre você, mas acabei me esquecendo. Perdoe a minha indelicadeza, não é que você não importe, mas sou um homem deveras atarefado.

Bom, aqui vamos nós...

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