Capítulo 02

Hoje é sábado e todos saíram, foram para a casa da tia Beatriz, vai ter um almoço lá, mas eu fiquei, pois preciso estudar, tenho prova daqui há dois dias.

Meus pais não gostaram da ideia que eu fiquei sozinha em casa em pleno sábado, mas eu preciso mesmo estudar. Meu pai tentou me convencer a ir, dizendo que sou muito inteligente, o que não é mentira, sou uma das melhores da turma, mas nem por isso vou deixar de estudar.

O dia hoje está extremamente quente e eu estou usando um top tomara que caia e um shortinho curto, tudo na cor branca.

E como sempre gosto de estudar na sala, tem mais espaço e eu amo sentar no tapete da sala e espalhar minhas coisas no chão.

— Senhorita Letícia? — levanto a vista e encaro o lindo homem de terno à minha frente.

— Oi.

— Sua mãe pediu para olhar seu celular.

— Ah! Obrigada Lucas. — levanto e ele desvia o olhar já que estou com uma roupa muito curta, controlo minha vontade de sorrir. — Não foi com a Laura hoje?

— Não, ela foi com a equipe de segurança dos seus pais, todos foram na verdade.

— Ah!

Pego meu celular e tem algumas mensagens da minha mãe.

"Filha demos folga para a Mônica, pois pensamos que você vinha também e quando saímos você ainda estava dormindo, não quis te acordar."

"Se não quiser cozinhar, tem uma lasanha pronta na geladeira, é só esquentar ou então pode pedir comida."

"Mamãe te ama, bons estudos."

"Ok, também te amo mamãe."

Respondo minha mãe e deixo o celular de lado outra vez.

Lucas ainda está parado olhando para mim, ele ficou para conferir se eu ia mesmo olhar meu celular.

— Tudo certo? — ele pergunta.

— Sim, ela havia me mandado uma mensagem.

— Ok, com licença.

— Lucas?

— Sim. — ele não olha para mim.

— Por que não está olhando para mim? — ele pigarreia.

— A senhorita não está com roupas apropriadas. — sorrio.

— Estou sim! Minha roupa está cobrindo nos lugares certos! Olhe para mim Lucas. — ele engole em seco e me olha.

— Pronto. — os olhos dele descem pelo meu corpo e ele engole em seco.

— Estou descoberta?

— Não, mas está com roupas que não devem ser vistas por qualquer pessoa.

— Mas você não é qualquer pessoa.

— Sou segurança da sua irmã, funcionário do seu pai.

— Você tem namorada, Lucas?

— Não senhorita Letícia.

— O que acha de mim?

— Acho que se eu olhar muito pra senhorita, seu pai me mata.

— Tem medo do meu pai?

— Não! Eu respeito seu pai, ele é meu chefe e confia muito em mim.

— Não me acha bonita? — os olhos dele passeiam por todo meu corpo, que eu sei que não é nada feio.

— Só se eu fosse cego. — sorrio.

— Sabe Lucas, eu te acho muito bonito. — ele sorri de lado.

— Se seu pai me pega aqui dentro com você e você vestida assim ele me mata.

Me aproximo e fico cara a cara com ele, ele é mais alto que eu uns vinte e cinco centímetros, com isso é preciso abaixar um pouco a cabeça para olhar para mim. Me aproximo e ele não se afasta, se mantém parado no mesmo lugar.

— Senhorita Letícia, seu pai não gostaria de te ver tão perto de mim.

— Está vendo ele aqui agora? — ele sorri de lado e nega com a cabeça.

— Não, mas eu sei de quem você é filha e não quero problemas com seu pai, e eu gosto muito desse emprego.

— Não gosta do perigo? — ele sorri.

— Eu sou segurança, senhorita Letícia, eu sorrio na cara do perigo. — eu sorrio.

— Então? Está com medo de quê? Tem medo de mim? — ele sorri.

— Medo? Você quem deveria ter medo de mim.

— Pois eu não tenho!

— Seu pai me mata se eu encostar um dedo em você.

— Ele nem precisa saber.

— Senhorita Letícia, eu tenho trinta e um anos, sou muito mais velho que você, sou funcionário do seu pai, isso não é certo.

— Só dez anos! O que são dez anos? Idade é só um número.

— E o que você quer de mim?

— Quero você.

— Isso pode ser um caminho sem volta para nós dois.

— Eu acho que eu quero correr esse risco.

Ele é chamado no rádio comunicador dele e isso acaba nos assustando e fazendo nós dois nos afastar.

— Eu preciso ir. — ele diz.

— Mas já?

— O dever me chama, estou em horário de trabalho ainda.

— Vai me deixar sozinha aqui? Acho que é meio perigoso deixar uma mulher sozinha e indefesa.

— Indefesa! — ele repete o que eu digo. — Você é perigosa, isso sim.

— Você falou que gosta do perigo.

— Gosto! Mas não posso experimentar desse perigo.

— Pode e deve.

— Eu preciso ir. — ele puxa a calça a fim de esconder a ereção.

Eu olho em direção a sua ereção e mordo os lábios e ele nega com a cabeça.

— Pode me mostrar o tamanho do seu perigo depois.

— Achei que você era a moça dos corações e das flores.

— Como sabe disso?

— Nós escutamos muitas coisas por ai.

— Então... eu também sei que você gosta de corações e flores.

— Sabe? — ele me olha confuso.

— Sei.

— E como sabe disso?

— Escuto muitas coisas por aí... — ele sorri. — Nós somos a combinação perfeita, duas pessoas que gostam de corações e flores.

— No momento, não parece ser alguém que gosta de corações e flores.

— Eu gosto de corações e flores, mas também gosto de outras coisas.

— Nem me fale que coisas são essas, prefiro não saber.

— Porquê?

— Por que não vou conseguir dormir pensando nelas. — sorrio.

— Vou estar pensando em você quando eu for tomar banho. — ele nega com a cabeça.

— Preciso ir.

— A gente se vê por aí. — digo e ele se retira.

Respiro fundo, essa conversa com ele me deixou com calor, me deixou bem quente e molhada.

Vai ficar até difícil me concentrar nos meus livros agora.

Recolho minhas coisas do chão da sala e subo para o meu quarto.

Tomo um banho bem gelado e me toco pensando naquele homem maravilhoso que habita meus pensamentos há muitos meses.

Visto uma roupa mais comportada dessa vez e ligo o ar condicionado.

Estou usando uma calça de malha e uma camiseta masculina, minha mesmo, compro camisetas básicas masculinas para mim, pois gosto de ficar confortável.

Ligo para o restaurante que fica aqui perto de casa e peço meu almoço de lá, não estou afim de comer lasanha e nem de cozinhar.

Sento no sofá da sala e dou uma olhada nas redes sociais enquanto espero que meu almoço chegue.

Vou descendo as publicações até que vejo uma do Murilo pedindo a nova namorada dele em casamento, o pedido foi feito em uma praia, com decoração de flores, corações e ele entrega para ela um grande buquê de rosas vermelhas, se ajoelha em frente a ela e faz o pedido.

Isso não era para me abalar, até porque faz um ano que terminamos, mas vê-lo fazer por ela o que nunca fez por mim me deixa chateada.

Jogo o celular para longe, isso me deixou estressada.

— O que aconteceu? — a voz grave me assusta.

Olho para trás e vejo Lucas segurando meu almoço.

— Desculpe, te assustei.

— Tudo bem.

— O que viu naquele celular que te deixou assim?

— Nada que seja relevante.

— Seu almoço.

— Obrigada. — me levanto e vou até ele e pego minha sacola.

— Por nada.

— Quer almoçar comigo?

— Seu pai...

— Ele não está aqui.

— Não vou sentar na mesa da sua casa com você.

— Vamos para o seu espaço então, está sozinho?

— Estou.

— Eu vou com você então.

— Tem certeza?

— Tenho.

— Pegue seu celular, pode seus quererem falar com você.

— Mandão! — ele sorri de lado.

Pego o celular e o sigo para a ala dos funcionários, que é bem ampla e bem equipada, geralmente só os seguranças ficam aqui, já que a Mônica vai para casa todos os dias e as outras meninas que trabalham aqui também vão.

Nós entramos e ele fecha a porta com a chave, espero que esteja com segundas intenções e não com medo do meu pai.

— Trancou a porta? — pergunto.

— Sim. — ele diz tirando o terno e gravata e abrindo os primeiros botões da camisa sem desviar os olhos dos meus.

— E porquê?

— Pra ninguém nos interromper.

— E o que está pensando em fazer?

— Almoçar senhorita Letícia!

— Tá com medo do meu pai?

— Não tenho medo do seu pai, só não quero ser interrompido.

— Sei... — digo colocando a sacola em cima da mesa e tirando as embalagens de dentro.

Pedi arroz de camarão, peixe grelhado e salada. Na minha casa nós comemos muito peixe, por causa do meu pai, já que é mais leve. Também pedi uma batata frita por fora, se meu pai natureba ao menos sonha que estou comendo porcaria ele me mata.

— Senta, eu cuido disso. — ele diz.

— Você ia almoçar o quê?

— A comida que a Mônica deixou.

— Ah! A Mônica cozinha muito bem.

— Sim, além de tudo é uma ótima pessoa.

— Ela é mesmo.

— Sua família também, são boas pessoas e muito humildes.

— Nós somos.

— Vai me dizer o que te aborreceu no celular? Vi você jogá-lo para longe com muita força, algo deve ter te deixado bem chateada.

— Se eu te contar, me conta sua história?

— Quer saber de mim?

— Quero.

— Eu não posso comer, camarão. — ele diz. — Nem tocar na verdade.

— Ah! O peixe pode?

— Não, porque pode ter sido feito na mesma panela, pode haver contaminação cruzada.

— Ah, que pena.

— Pois é... Já sabe algo sobre mim, senhorita Letícia.

— Letícia... Mas se preferir pode me chamar de amor. — ele sorri e nega com a cabeça.

— Você é bem direta.

— Eu sou! Se eu quero algo, não há nada que me pare ou me deixe constrangida.

— Porque eu?

— Sei lá! Essas coisas não se escolhem.

— Sabia que todos os seguranças babam por vocês?

— Eu sei, menos você. — ele sorri. — Você é o mais sério de todos, só conversa muito com a Laura, meu pai até brigou com ela por ela conversar demais com você, porque você poderia achar que ela queria algo e nós sabemos que ela não quer nada com ninguém, quer dizer, ela não queria, porque agora ela e o badboy/nerd bonitão só andam juntos pra lá e pra cá.

— Sua irmã é muito simpática e se preocupa de verdade com as pessoas.

— Ela é assim mesmo.

— Eu achei que você era a mais tímida das três, mas eu me enganei. Você não parece ser alguém que gosta de corações e flores.

— As aparências enganam, nem tudo é o que parece. Eu gosto de corações e flores, mas eu não sou inocente. — ele sorri e nega com a cabeça.

— Ok, corações e flores. — ele diz e coloca a comida em um prato pra mim e me entrega.

— Obrigada.

— E o que viu no celular?

— O meu ex pediu a nova namorada dele em casamento... Com corações e flores, muitas flores, um buquê enorme, coisa que ele nunca fez pra mim em dois anos.

— Gosta dele ainda? — ele pergunta pegando o prato na geladeira retirando o plástico filme e em seguida colocando para esquentar no microondas.

— Não, mas isso chateia, sabe?

— Sei.

— E sua história?

— Eu tinha uma noiva, estávamos juntos há oito anos e estava terminando de construir uma casa para nós e ela decidiu que não queria mais casar e agora já está com outro. Soube que é um riquinho aí, herdeiro de um magnata da construção.

— Qual o nome dele?

— Não sei.

Pego meu celular e procuro o vídeo e mostro para ele. Lucas me olha surpreso e minhas suspeitas são confirmadas.

— É sua noiva, não é?

— É. — ele diz e fecha a cara.

— Gosta dela, não é?

— Não vou mentir pra você, foram oito anos, faz apenas dois meses que ela terminou comigo.

— Entendi. — digo e sinto uma angústia no peito.

— Estou sendo sincero com você.

— Tudo bem, isso é bom.

— Você gosta de mim?

— Não! Só gosto de provocar mesmo. — minto, pois jamais vou falar para ele o que sinto, sabendo que ele ainda gosta da ex.

— Melhor não fazer isso com outras pessoas, vai que caiam nas suas provocações.

— Só iria provocar quem de fato eu quisesse ficar, com você foi só brincadeira.

— Não me pareceu brincadeira.

— Mas foi, eu jamais iria querer ficar com você. — ele me olha confuso.

— Por que não?

— Porque eu sou alguém que quer corações e flores, e você não pode me dar isso! — digo me levantando e saindo.

— Senhorita Letícia?! — não olho para trás.

Subo as escadas de casa correndo, tento conter minhas lágrimas.

Não vou chorar por alguém que não merece outra vez!

Posso ser romântica, mas não sou idiota.

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Comments

Maria Do Socorro Bezerra

Maria Do Socorro Bezerra

Acredito que o perigo é grande 😂😂😂😂😂😂

2025-02-19

1

Maria Do Socorro Bezerra

Maria Do Socorro Bezerra

Acho que está com terceiras intenções kkkkk

2025-02-19

2

Sy RC

Sy RC

/Heart/

2025-03-24

1

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