Terminar de me arrumar foi um misto de nervosismo e empolgação. Enquanto me olhava no espelho, tentava conter a ansiedade que borbulhava dentro de mim. Estava prestes a sair do meu quarto e explorar mais do que apenas os espaços confinados da minha rotina.
Ao sair do banheiro, Lilith já me aguardava na porta. Seus olhos sérios pareciam analisar cada detalhe do meu rosto, como se tentasse decifrar meus pensamentos. Eu me senti pequena diante de sua presença imponente, mas ao mesmo tempo, havia uma faísca de curiosidade que me impulsionava para frente.
-Pronta? -Lilith perguntou, seu tom de voz meio frio, como se não quisesse fazer aquilo.
Assenti com a cabeça, sentindo o coração bater mais rápido dentro do peito. Caminhamos juntas pelo corredor, e eu me permiti absorver cada detalhe da casa que passávamos. As paredes revestidas de quadros antigos, os móveis antigos com suas histórias gravadas nas entalhaduras, cada elemento exalava uma aura de sofisticação e mistério.
-Essa casa é linda.
-Este é apenas o primeiro andar, você percebeu que estava nela nos primeiros dias que veio para cá.
-Sim, e se esse é o primeiro andar, fico imaginando o resto. Deve ser um mais lindo que o outro.
-Já estou acostumada com a casa, ela é passada de geração a geração por quem fica no comando da organização.
-Nossa, então ela deve ser bem antiga.
-De acordo com meu pai, ela tem 109 anos.
Por um momento fiquei sem palavras.
-Estava certa, bem antiga.
Lilith e eu caminhamos por todo o primeiro andar e depois fomos para os outros, eu já havia passado por eles, mas nunca olhei atentamente, já que não tive oportunidade. E eles eram lindos como o terceiro. Lilith me deu espaço para analisar cada detalhe, mas haviam quartos e cômodos que ela não queria me mostrar, como por exemplo seu escritório, no qual só passamos na frente e ela ordenou que eu não entrasse lá sem ela chamar. E
finalmente, depois de conhecer três andares, chegamos ao jardim, e meus olhos se arregalaram diante da imensidão verde que se estendia diante de nós. Lilith me observava com um leve sorriso nos lábios, como se soubesse o impacto que aquele cenário teria sobre mim.
-Este é o jardim - ela disse, com uma voz suave e fria ao mesmo tempo contrastando com a grandiosidade do ambiente. —
Eu estava sem palavras enquanto observava as flores coloridas dançando suavemente ao vento, os caminhos de pedra que serpenteavam entre os canteiros meticulosamente cuidados. Era como se estivéssemos em um mundo à parte, distante da rigidez dos corredores internos.
-Aqui é ainda mais bonito que o interior da casa, o ar é fresco. Me sinto viva...
-Fico feliz que gostou pequena.
-Lilith, sua casa é incrível, e esse jardim... É ainda mais incrível.
-Venha cá pequena, vou te mostrar o último lugar da casa.
-Tem mais?
-Apenas venha, espero que não tente fugir, se não já sabe pequena.
-Não vou...
-Então venha.
Enquanto caminhamos, consegui olhar ainda mais os detalhes do jardim, e consegui olhar como a casa era por fora. Ela tinha uns detalhes mais rústicos, parecia um verdadeiro castelo.
-Chegamos.
-O que é isso?
-Uma estufa, venha.
Quando entrei, não acreditei no que vi, aquela estufa era rodeada de rosas vermelhas, eram lindas, e sua cor parecia sangue, o mais vermelho sangue. Bem no centro havia uma mesa inteiramente de vidro, junto de duas cadeiras. Mais no meio das rosas consegui observar cadeiras de descanso e e um lugar aberto que dava para ver perfeitamente o sol. Aquele cheiro das rosas também faziam com que o lugar parecesse ainda mais mágico.
-Gostou pequena?
-Lilith... Esse lugar consegue ser ainda mais incrível!
-Fico feliz que tenha gostado, venha. Sente-se aqui.
Quando me sentei, Lilith pegou um café que haviam deixado em cima daqueles carrinhos de hotel que usam para levar comida até o quarto.
-Aqui pequena.
-Obrigada.
-Ela se senta-
-Lilith?
-Sim?
-Posso fazer uma pergunta?
-Prossiga.
-Por que me trata tão bem? Se me sequestrou? Pelo que sei, não é assim que se trata alguém que você está mantendo presa.
-O tratamento está sendo ruim? Fizeram algo com você?
-Não, é pelo contrário, o tratamento está bom. Até demais.
-Pequena, foi como eu disse, tive motivos para fazer isso. Talvez em breve você descubra, não tem me dado trabalho, e tem obedecido cada regra dessa casa.
-Estou fazendo apenas o que mandou...
-É bom saber disso.
-Mas ainda quero entender o porquê isso tudo.
-Vamos apenas dizer pequena. Que me encantei por você no momento que te vi.
-Como assim...
-Vai descobrir em breve. Agora vamos, vou te levar de volta. Tenho trabalho a fazer.
No caminho de volta continuei admirando cada detalhe mas também observava Lilith, ela realmente é uma mulher bonita, ou melhor, perfeita. E cada detalhe seu me chamava atenção... E também, ela não parecia ser uma mulher totalmente fria.
-Você mora aqui sozinha?
perguntei, tentando ignorar meus pensamentos sobre ela.
— Sim, desde que herdei esta casa de minha família — ela disse. — Mas às vezes meu pai vem me ver e passa uns dias comigo.
-E onde ele está agora?
-Viajando, passeando e resolvendo umas coisas para mim, ia ficar apenas duas semanas mas como sempre, algo aconteceu.
-Você gosta dele?
-Meu pai? Ele é um homem incrível, em breve você irá conhecer ele.
-Acho que não estou preparada....
-Se esperarmos estar preparadas para algo pequena, nunca iremos fazer nada nesta vida. Agora entre, Jony já está vindo. Então, ficará trancada por um tempo.
-Já tem que ir?
-Tenho trabalho. Voltarei amanhã.
-Está bem, tchau Lilith.
-Tchau pequena.
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Atualizado até capítulo 55
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