Jony saiu da minha sala após fazer a pergunta sobre o pedido de Afrodite. Observei a porta fechar-se atrás dele, a expressão em meu rosto permanece impassível. George, sempre atento, estava ao meu lado.
- Ela quer um passeio pela casa - informei, com um tom que não traía nenhuma emoção. - O que acha disso, George?
George ponderou por um momento antes de responder, escolhendo cuidadosamente suas palavras.
- Pode ser uma boa ideia apresentar-lhe a casa e o jardim. Isso a ajudaria a se adaptar, a sentir-se um pouco mais à vontade. Mas é um risco.
Assenti, considerando as implicações.
- Concordo que pode ser arriscado. Ela ainda não conhece nossos limites e o que estamos dispostos a fazer para mantê-la aqui. No entanto, talvez seja bom que ela veja que não estamos tentando ser cruéis, apenas cuidadosos.
Enquanto discutíamos, George recebeu uma mensagem de Jony. Ele leu rapidamente e então me informou:
- Jony levou Afrodite para a biblioteca. Ele achou que seria seguro, já que não passa pelos outros andares da casa.
Levantei uma sobrancelha, surpresa.
- Ela gosta de ler? Interessante. Nunca fui fã, mas a biblioteca está cheia de livros antigos que herdei. Talvez isso possa ser uma forma de mantê-la ocupada e tranquila. Talvez ajude a fazer com que ela não tente fugir.
George acenou em concordância, e decidimos que, por enquanto, Afrodite poderia passar o tempo na biblioteca. No entanto, infelizmente havia outros assuntos urgentes a tratar.
- Senhora, sei que quer falar mais sobre Afrodite, mas não deve deixar suas responsabilidades de lado. Hoje precisamos ir até uma das nossas casas. Há informações sobre Theodoro que precisam ser discutidas.
-Conseguiram descobrir mais coisas?
-Sim, e também consegui juntar as informações que havia me pedido.
-E qual foi o resultado?
-Theodoro está realmente abrindo uma casa em sua região.
-Então era verdade o que aqueles idiotas falaram. Pegue meu casaco George, vamos ver o que mais iremos descobrir.
Depois de um longo caminho chegamos à casa, esse era um local mais discreto, mas imponente, que servia como um dos centros operacionais. Sentamos na sala de reuniões, onde já estavam aguardando alguns dos homens responsáveis por aquela área.
- Senhores - comecei, a voz firme ecoando pela sala. - Temos problemas com Theodoro novamente. Ele está se movimentando mais agressivamente nos meus territórios. Precisamos discutir nossa resposta.
Um dos homens, Marcos, tomou a palavra.
- Theodoro tem recrutado novos membros e está tentando tomar nossos pontos de venda. Se não fizermos algo, ele pode ganhar vantagem.
Assenti, os olhos frios e calculistas.
- Precisamos reforçar nossa presença nesses pontos também quero que elimine qualquer homem dele sem excitação, mate de forma rápida, já que o único que quero que sofra no momento é Theodoro. Marcos, você vai liderar essa operação. Quero que envie uma mensagem clara a Theodoro, envie junto de alguma parte do corpo do primeiro homem dele que matar. Ele precisa saber que não toleraremos essa invasão.
- Entendido, senhora - respondeu Marcos.
Outro homem, Carlos, acrescentou:
- Theodoro também tem feito alianças com outras pequenas organizações. Se unirem forças, podem se tornar um problema real e acabar crescendo mais.
- Precisamos neutralizar essas alianças antes que se tornem uma ameaça. George, coordene com nossos contatos para desestabilizar essas gangues. Ofereça-lhes uma escolha: nossa proteção ou nossa ira. Faça negócios melhores e que brilhe os olhos deles, para que imediatamente abandonem Theodoro.
George assentiu, já traçando os planos em sua mente.
- E lembrem-se - continuei - a discrição é crucial. Não podemos permitir que isso atraia a atenção das autoridades. Nossa força está na nossa capacidade de operar nas sombras. Como sempre digo a vocês. Mesmo com metade das autoridades sobre nossas ordens ou do nosso lado, há aqueles que querem acabar conosco.
A reunião prosseguiu, detalhando táticas e estratégias para enfrentar Theodoro e assegurar que nossa posição permanecesse intacta. Ao final, saímos com um plano claro e coeso.
Já que a reunião havia acabado perto do horário de abrir a casa, retornei à minha casa antes, e quanto cheguei com a mente ainda fervilhando com os planos e preocupações. Caminhei pelos corredores silenciosos, dirigindo-me ao quarto de Afrodite. Bati levemente antes de entrar. Ela estava sentada na cama, lendo um dos livros da biblioteca.
- Afrodite - chamei, entrando e fechando a porta atrás de mim. Ela levantou os olhos do livro, parecendo um pouco surpresa com a minha presença.
- Lilith - respondeu, a voz ainda carregando um tom de hesitação- Perdão pelo meu jeito, não sabia que vinha. -ela disse sentando de forma mais educada na cama-
Sentei-me em uma cadeira próxima, cruzando as pernas com elegância.
- Soube que gosta de ler. Jony me informou que esteve na biblioteca hoje.
- Sim, eu... gosto muito de ler - disse ela, segurando o livro com força, como se fosse uma âncora.- Me perdoe por fazer ele me levar, sei que não queria que eu saísse, mas eu já havia lido todos os meus livros e arrumado minhas coisas. Não tinha muito o que fazer já que não tenho um celular, um computador e nem uma televisão aqui.
-Não se preocupe pequena, Jony me informou que iria levá-la, a biblioteca está à sua disposição a partir de hoje. Sei que não confia em mim, mas minhas intensão não é fazê-la se sentir cem por cento desconfortável. Então espero que se sinta um pouco mais confortável aqui. Sei que a situação não é a ideal, mas estou disposta a facilitar as coisas, desde que siga as regras - falei, minha voz fria mas sincera.
Afrodite parecia lutar para encontrar as palavras certas.
- Obrigada - murmurou ela. - Isso ajuda... um pouco.
Olhei-a com atenção, tentando decifrar os pensamentos que passavam por sua mente.
- Sei que está com medo, e desconfortável perto de mim. Mas quero que saiba que estou fazendo isso por um motivo que em breve saberá. Te sequestrei por um motivo e estou evitando que saia por outro, Theodoro por exemplo é um deles.
- Theodoro? - Afrodite perguntou, a curiosidade evidente.
- Ele é um inimigo. Alguém que ameaça nossa organização. Não quero que se preocupe com esses detalhes. Basta saber que sua segurança é uma prioridade para mim, assim como seu conforto. Mas fique tranquila que em breve poderá sair um pouco deste quarto. - respondi, levantando-me.
Afrodite pareceu absorver minhas palavras, ainda tentando entender a complexidade de sua situação.
- Então, estou aqui porque você quer me proteger de pessoas como ele? - perguntou, a voz suave.- E também por estar com medo que eu resolva fugir?
- Exatamente. Mas já estou resolvendo questões para que possa passear pela casa sem preocupações. E neste tempo, irei fazer com que perceba que tentar fugir daqui é inútil. Que agora está é sua vida e você terá que lidar com ela.- finalizei, minha voz assumindo um tom mais gentil, embora ainda firme.
Ela assentiu lentamente, um sinal de aceitação, ainda que relutante. Olhei-a mais uma vez antes de sair do quarto, deixando-a para refletir sobre nossa conversa. Sabia que ganhar sua confiança levaria tempo, mas estava disposta a esperar e observar, sempre pronta para agir conforme necessário.
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Atualizado até capítulo 55
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