Observando a expressão de medo no rosto de Afrodite, senti um conflito interno. Queria confortá-la, mas havia limites que eu mesma estabelecera e que não podia cruzar.
- Afrodite - comecei, a voz firme mas não sem um traço de compreensão -, eu entendo seu medo, mas não acho que conseguiremos dormir juntas. No entanto, posso pedir para Vivi ficar com você esta noite, já que gosta dela.
Afrodite corou profundamente, a vergonha evidente em seus olhos.
- Desculpe, Lilith. Foi um pedido invasivo e estranho. Agradeço por considerar deixar Vivi dormir comigo - disse ela, a voz trêmula.
Assenti, entendendo seu desconforto.
- Jony - chamei, enquanto ele aguardava na porta.
Leve Afrodite e Vivi ao quarto dela. Fique de olho nas duas.
Jony assentiu, movendo-se para cumprir minhas ordens. Afrodite levantou-se, lançando-me um olhar misto de gratidão e embaraço.
- Boa noite, Lilith - disse ela, antes de sair com Jony.
- Boa noite, pequena- respondi, observando-os até que a porta se fechasse.
Com a sala de jantar agora vazia, dirigi-me ao meu escritório, onde sabia que George estaria revisando alguns documentos. Encontrei-o sentado à mesa, concentrado em seu trabalho. Ele ergueu os olhos quando entrei.
- George, preciso falar com você - comecei, fechando a porta atrás de mim.
- O que aconteceu? Posso ajudar com algo senhora- perguntou ele, sempre direto ao ponto.
- Afrodite. Ela pediu para dormir no meu quarto esta noite. Tem medo de tempestades - expliquei, sentando-me na cadeira em frente a ele.
George arqueou uma sobrancelha, surpreso.
- E o que a senhora disse?
- Neguei, claro. Mas sugeri que Vivi dormisse com ela. Jony está levando-as agora para o quarto de Afrodite e ficará de olho - respondi, cruzando os braços.
George assentiu, compreendendo.
- Faz sentido. Proteger a Afrodite é uma prioridade, mas precisamos manter certas distâncias.
Hesitei por um momento antes de continuar.
- George, você acha que estou lidando com isso da forma certa?
George inclinou-se para frente, olhando-me diretamente nos olhos.
- Senhora, você está fazendo o que precisa ser feito. Não podemos baixar a guarda dado a última situação, e desta vez a senhora a sequestrou. Não sabemos o que ela irá fazer. Seu pai também não está aqui caso algo maior aconteça. Sei que a senhora está preocupada, dado seus sentimentos em relação a menina, mas será melhor esperar mais uma ou duas semanas.
Soltei um suspiro, permitindo-me um momento de vulnerabilidade.
- Sei disso. Mas é complicado. Ela não é como a outra. Há algo nela que...
- Que faz você querer protegê-la mais do que qualquer outra pessoa, que faz a senhora querer ficar com ela o dia inteiro e largar o trabalho? - completou George, um leve sorriso surgindo.
Assenti lentamente.
- Sim. E isso me preocupa. Não posso permitir que isso me aconteça de novo.
- Você é forte, senhora. Mas não precisa ser de ferro o tempo todo. Pode cuidar dela, apenas teremos que ser mais cautelosos dessa vez. Sei que a senhora quando se apaixona quer se entregar de alma e corpo, mas você é o pilar de tudo isso, não podemos perdê-la.
Suas palavras trouxeram-me um estranho tipo de alívio. Sorri levemente, sentindo-me um pouco mais leve.
- Obrigada, George. Acho que precisava ouvir isso.
Ele assentiu, voltando aos seus documentos.
- Agora, temos outros assuntos a tratar. As operações contra Theodoro estão em andamento. Precisamos garantir que tudo saia conforme o planejado.
Recostei-me na cadeira, focando minha mente no trabalho. Discussões sobre estratégias, movimentações de recursos e coordenação de operações ocuparam as horas seguintes. George e eu traçamos planos detalhados, garantindo que cada movimento fosse preciso e calculado.
Quando finalmente terminamos, a tempestade lá fora havia se acalmado. Levantei-me, pronta para encerrar a noite.
- Vamos ver como Afrodite está - sugeri, sentindo uma responsabilidade maior do que a simples proteção.
Caminhamos até o quarto de Afrodite, onde encontrei Vivi sentada ao lado da cama, lendo um livro. Afrodite estava adormecida, a expressão tranquila.
- Tudo bem aqui? - perguntei em voz baixa.
Vivi assentiu, sorrindo.
- Sim, senhora. Ela adormeceu há pouco. Parece mais tranquila agora.
Assenti, satisfeita.
-Obrigada Vivi. Se precisar de algo, chame alguém do turno da noite. Já dei as ordens sobre você para todos.
Vivi sorriu e voltou sua atenção para o livro. Saí do quarto, fechando a porta suavemente atrás de mim. George me acompanhou até a saída, onde nos despedimos.
Caminhei pelos corredores silenciosos da casa, refletindo sobre os eventos do dia. Sentia-me mais confiante nas decisões que havia tomado, e a conversa com George ajudara a reafirmar meu propósito.
Ao entrar no meu quarto, permiti-me um momento de relaxamento. A tempestade havia passado, tanto do lado de fora quanto dentro de mim.
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Atualizado até capítulo 55
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