Ao despertar nesta manhã, um sentimento de presciência me envolveu, como se o dia guardasse mais do que as horas poderiam sugerir. Preparei-me com a rotina habitual, tentando ignorar a inquietação que percorria minha mente. O café foi uma breve pausa em meu devaneio, mas logo me encaminhei para as atividades do dia.
Terminando meu café, dirigi-me ao trabalho. Hoje era meu dia de abrir o café, então tinha o compromisso de sair mais cedo.
Assim que cheguei, Abigail cumprimentou-me com seu bom dia habitual, informando-me que Katy não poderia vir e que July já estava a caminho. Perguntou também se eu poderia fechar o café, pois ela precisaria dar atenção a outros assuntos urgentes, e July não cumpria essa tarefa corretamente.
-Claro, senhora, posso fechar.
-Obrigada, Afrodite. Jony ficará aqui até fecharmos, então pode ficar tranquila.
-O problema maior é voltar para casa.
-Se precisar, posso pagar um táxi para você.
-Não se incomode, senhora. Mesmo com medo, consigo me virar. Acho que na verdade é porque acordei com um sentimento estranho.
-Fique tranquila. Nada acontecerá, deve ser coisa da sua cabeça.
-Assim espero. _ falei sem graça _ Viu abrir a loja senhora, com licença, July está chegando e hoje será difícil sem Katy.
-Claro, pode ir.
-Obrigada, licença.
Continuei com meus afazeres, percebendo que era a primeira vez que não via Lilith desde que comecei a atendê-la. Aquilo deixou-me um pouco mal, mas é sempre muito tenso atendê-los, e hoje eu não estava me sentindo bem.
-Afrodite, sua pausa. Deu a hora.
-Já?
-Sim, você passou a manhã inteira distraída e não percebeu.
-Desculpe, July. Consegue dar conta?
-Sim, nesse horário não temos tantas pessoas.
-Está bem, qualquer coisa me chame.
-Claro, ei... Aconteceu alguma coisa?
-Não, eu só não acordei com um bom pressentimento hoje. Nada demais.
-Pode contar comigo.
-Obrigada. Agora vou comer algo e volto para que possa ir.
-Está bem, não demore. Estou com fome.
-Tá bem.
Almocei e voltei ao trabalho. Conforme as horas passavam, um desconforto crescia dentro de mim, uma sensação de ser observada que não conseguia sacudir. Mas como sempre, apenas ignorei.
Mais tarde, como Abigail havia dito, Jony ficou comigo até a hora de fechar. July já havia ido embora, então, tentei ser o mais rápida possível.
-Obrigada, Jony.
-Não me agradeça. Você tem certeza de que não quer uma carona para casa? Está tarde e é perigoso.
-Não vai acontecer nada, mas obrigada mesmo assim. Agradeço a preocupação, mas agora vou indo.
-Cuidado, Afrodite. Não se pode confiar no mundo.
-Você é um bom amigo, Jony. Tenha uma boa noite.
-Você também.
Caminhando pelas ruas tranquilas, tentando convencer-me de que eram apenas os nervos, talvez o eco de um sonho ruim da noite anterior. Não conseguia lembrar de nenhum sonho, mas como isso acontecia certas vezes, tentei acreditar que não era nada.
E no caminho, aquele sentimento de estar sendo observada me pegou novamente. Então, apertei um pouco os passos e logo cheguei em casa.
Fiz o de costume, tomei meu banho e coloquei minha camisola. Quando estava pronta para relaxar no sofá, escutei uma batida na porta.
-Jony? O que faz aqui? Está tudo bem? Esqueci algo?
-Afrodite, me perdoe.
-O que? Como assim?
Vi os olhos de Jony que traziam um ar frio e perigoso. Tentei me afastar dele quando ele se aproximou, mas...
-Jony, o que está fazendo!
-Fique quieta, Afrodite. Não posso machucá-la.
Jony apenas me jogou no sofá e segurou meus braços tão forte que parecia que meu pulso ia sair do lugar. Tentei sair, mas ele apertava cada vez mais.
-Jony, me solta! O que está fazendo? Você está louco!
-Cale a boca, Afrodite. Não dificulte para mim!
Neste momento, Jony conseguiu pegar a corda que estava com ele. Tentei dar um chute, mas o medo não me permitiu. Senti-me fraca no mesmo instante.
-Continuo me debatendo, mas de nada adiantou. Jony conseguiu amarrar minhas mãos e vendou meus olhos.
-Jony, me solta... Por favor... Eu não tenho nada. O que quer?
-Fique quieta, será melhor para você, Afrodite. Falo isso como um conselho.
De repente, escutei passos. Pareciam ser de mais de uma pessoa. Fiquei quieta, esperando que alguém falasse algo na esperança de reconhecer mais alguém além de Jony.
-Leve-a para o carro.
-Sim!
Espera, não pode ser...
-O que está acontecendo! Quem são vocês!?
-Façam-na calar a boca. Está tarde, odeio barulhos.
-Espera! Não! Parem! O que está....
Que droga! Como vou falar algo agora? Essa voz ... Já ouvi em algum lugar, mesmo que de relance.
-Agora, Jony, leve-a ao carro e não deixe-a fugir. Se preciso, prenda seus pés ou até sua cabeça ao banco, mas não faça nenhum arranhão.
-Sim, senhora.
Tentei negar ir junto com eles, mas senti uma mão puxando meu cabelo de forma um pouco forte, mas que ainda não me machucasse o suficiente.
-Ande.
Não quero desobedecer a eles, não sei quem são, mas isso tudo é muito assustador.
Senti o chão gelado em meus pés, uma sensação diferente, então sabia que já havíamos saído de minha casa. Comecei a chorar, nervosa e com medo. O que está acontecendo? Por que isso está acontecendo? Eu sabia, eu não posso ignorar o que sinto, deveria ter ficado em casa.
-Entre no carro, Afrodite. Irei ajudá-la.
*Nego com a cabeça*
-Facilite, tenho ordens de não machucá-la.
Comecei a chorar ainda mais. Tentei entrar no carro, mas acabei batendo a cabeça. Senti uma mão me ajudando, e quando entrei, minhas lágrimas caíram ainda mais, deixando-me sonolenta. Não quero dormir, estou em perigo, não é hora.
E novamente escutei uma voz feminina, forte, dando suas ordens. Era uma voz de uma mulher confiante. Tenho certeza, já ouvi essa voz.
-Jony, George e eu vamos nesse carro. Vocês dois terminam tudo lá dentro e levem tudo para minha casa.
-Sim, senhora.
Quando a mulher entrou no carro, comecei a tremer e a respirar rapidamente, nervosa, sentindo meu coração falhar batidas. E o pior, senti-a se aproximar de mim.
-Se você se comportar _começou a falar sussurrando_ não irei fazer nada além do necessário com você. Entendeu, meu pequeno céu?
Balancei a cabeça afirmativamente.
-Espero que em breve entenda o que estou fazendo agora.
Não, não consigo entender. Como alguém sequestra alguém? E ainda consegue falar nessa voz calma! Estou com sono, com medo. Eu não tenho nada, então... Por quê?
Sinto que estou a pegar no sono, acredito que vou desmaiar.
*Um dia depois*
-O que! Onde estou? Quem trocou minha roupa? Cadê minha camisola? Espera... Esse cheiro não é do meu sabão... A porta!
Corri para a porta, mas quando tentei abri-la, ela não se mexeu de jeito nenhum. Comecei a me sentir mal. Olhei para trás e as janelas pareciam estar abertas, então fui correndo até elas.
-O que! Porra, que alto! Isso deve ser o terceiro andar? Onde estou.
*Barulho de porta*
-Droga...
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Atualizado até capítulo 55
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