A tensão no ar era palpável enquanto caminhava pelos corredores, escoltada por Jony. O encontro com George se aproximava, e minha mente era um turbilhão de perguntas e temores. Os passos ecoavam suavemente no chão de mármore, cada som amplificava minha ansiedade. Quando finalmente chegamos a uma porta dupla de madeira escura, Jony fez um sinal para que eu aguardasse.
- Ele está esperando - disse, abrindo a porta.
Entrei hesitante, meus olhos ajustando-se à luz suave do escritório. George estava sentado atrás de uma imponente mesa de carvalho, seus olhos frios e avaliadores fixos em mim. Ele era um homem de aparência austera, com traços marcados pela experiência e uma aura de autoridade inegável, mas ainda não ultrapassava a que Lilith tinha.
- Sente-se, Afrodite - sua voz era firme, mas não agressiva.
Obedeci, sentando-me na cadeira em frente à sua mesa. O silêncio que se seguiu foi carregado de expectativas.
- Sei que você tem muitas perguntas - começou George, entrelaçando os dedos sobre a mesa. - E estou aqui para fornecer algumas respostas e esclarecer as regras que você deverá seguir.
Assenti levemente, meu corpo tenso e alerta.
- Lilith me trouxe aqui... contra a minha vontade - minha voz saiu mais firme do que eu esperava. - Quero entender por quê.
Ele soltou um suspiro leve, como se ponderasse a melhor maneira de abordar o assunto.
- Lilith é, como você deve ter percebido, uma figura de grande poder e influência. O que você pode não saber é que ela é também uma peça fundamental em uma organização... uma que opera nas sombras, e até mesmo tem negócios fora dela, sempre com riscos, mas existe um legado por trás.
Um frio percorreu minha espinha, confirmando minhas suspeitas.
- Vocês são da Máfia...? - sussurrei, apesar de já saber a resposta.
- Exatamente isso - respondeu George, um leve sorriso sem humor nos lábios. - E sua presença aqui está indiretamente ligada a esse mundo. Lilith viu algo em você, algo que a fez tomar essa decisão. Não é meu lugar discutir os motivos dela, mas é minha responsabilidade assegurar que você compreenda as regras que agora deve seguir, para assim permanecer viva e também para que eu possa ver minha superior satisfeita.
Ele fez uma pausa, seus olhos analisavam cada reação minha.
- Primeiro, você não pode tentar fugir. A segurança em torno deste lugar é rigorosa, e qualquer tentativa será tratada com seriedade extrema. Isso é tanto para sua proteção quanto para a manutenção da ordem.
Engoli em seco, assentindo.
- Segundo, siga todas as instruções que lhe forem dadas por Lilith, Jony, por mim, e até mesmo Vivi. Há razões para cada uma das ordens que recebemos de Lilith, muitas vezes visando sua segurança.
- Por que tanto interesse em minha segurança? - perguntei vencendo o medo.
- Lilith tem seus motivos - ele respondeu evasivamente. - E não cabe a mim questioná-los ou falar os mesmos para você, e claro que nem tudo é sobre você, para manter nossa superior segura é preciso manter você viva também.
Ele se inclinou para a frente, sua expressão ficando ainda mais séria.
- Terceiro, evite interagir com qualquer pessoa fora do círculo que designamos para você. Pode haver outras pessoas envolvidas na organização, e nem todas terão sua segurança como prioridade. Às vezes temos intrusos de outras organizações, e caso vejam que você é uma ameaça, acabaram com você em segundos. Claro que todos nesta casa obtiveram ordens, mas acredite, alguns têm raiva de seus superiores. Confie apenas em Lilith, Jony, em mim e em Vivi.
A sensação de isolamento aumentava com cada palavra.George recostou-se na cadeira, observando minha reação. Meu coração batia forte, e a magnitude da situação pesava sobre mim.
- O que acontece se eu quebrar alguma dessas regras? - perguntei, minha voz, quase como um sussurro.
- Haverá consequências, Afrodite - disse ele calmamente. - E essas consequências podem ser severas. Mas, siga as regras, e poderá viver aqui com relativa segurança. Lilith é uma pessoa de palavra, mesmo que sua moralidade seja questionável. E como ela é uma mulher de palavra, acredite que
-E se eu fizer algo que não devia sem querer, ou por não saber que não deveria?
-Conversaremos sobre caso aconteça.
O silêncio se instalou novamente enquanto eu processava tudo que fora dito. As regras eram claras, mas não menos assustadoras. Estava presa em um mundo onde qualquer passo em falso poderia ser fatal.
- Tem mais alguma pergunta? - indagou George, sua expressão inalterada.
- Por que eu? - soltei, a pergunta que mais me consumia. - O que Lilith viu em mim?
Ele hesitou por um momento, como se pesasse suas palavras.
- Isso, Afrodite, é algo que você terá que descobrir por si mesma. Lilith raramente revela seus verdadeiros motivos.
A resposta vaga apenas alimentava minha frustração, mas percebi que insistir não me levaria a lugar algum. Levantei-me, compreendendo que a conversa havia terminado.
- Jony a acompanhará de volta ao quarto - disse George, gesticulando para a porta.
Sai do escritório com uma mistura de alívio e medo. Sabia mais sobre minha situação, mas a incerteza ainda reinava. Caminhando de volta pelo corredor, ao lado de Jony, a realidade se firmava: minha vida estava agora nas mãos de Lilith. E a única coisa que poderia fazer era seguir as regras e tentar sobreviver ao desconhecido.
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Atualizado até capítulo 55
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