O despertador soou, interrompendo um sono leve e agitado. Nesse dia, a rotina matinal era permeada por uma ansiedade incomum. Enquanto me preparava, os conselhos de Abigail ressoavam em minha mente: "Lilith é especial. Trate-a com o máximo respeito, mas mantenha distância emocional." Esse aviso parecia peculiar, considerando minha clara orientação, tudo bem, eu não me sentia cem por cento confortável, mas mesmo assim. Abigail enfatizou tanto o magnetismo de Lilith que despertou minha curiosidade antecipada.
Ao chegar na cafeteria, o ambiente familiar estava impregnado com o aroma reconfortante do café fresco. Abigail, sempre direta, reiterou suas instruções, enfatizando: "Sem flertes, independente da atração que possa sentir." Confirmei com um aceno, perplexa com a ênfase, mas me sentindo preparada para qualquer eventualidade.
A manhã transcorreu em um turbilhão de tarefas habituais. Quando Abigail anunciou que precisava resolver assuntos externos relacionados ao café e mencionou a iminente chegada de Lilith, meu coração acelerou de maneira inexplicável. Minha pausa foi surpreendentemente curta, e retornei ao salão principal, antecipando o encontro.
E então, Lilith apareceu.
Sua presença dominou o espaço, carregada de uma força invisível. Lilith transcendia a descrição feita por Abigail. Sua estatura alta, postura confiante e uma beleza atemporal me capturaram. Seus olhos escuros e avermelhados examinavam tudo com intensidade, enquanto seus cabelos negros, lisos e longos a emoldurava em mistério e poder. Ao cruzarmos olhares, senti uma mudança interna, uma conexão inexplorada, o reconhecimento silencioso entre duas almas até então desconhecidas.
Me aproximei para atendê-la, seguindo rigorosamente as orientações de Abigail, embora meu coração pulsasse erraticamente.
— Boa tarde, senhora. Sou Afrodite. Estarei à sua disposição hoje, por ordens da minha gerente, Abigail.
— Boa tarde. Por favor, se dirija a mim a partir de agora.
-Perfeitamente senhor, farei isso. O que gostariam de pedir?
-Um expresso e um mocaccino de canela com avelã.
— Certo, desejam algum acompanhamento? Hoje temos torta de frutas vermelhas, com uma especialidade da casa: massa feita de conhaque.
— Apenas um, por favor. E traga uma água com gás também, só para ela.
— Imediatamente. Trarei seu pedido em breve.
— Obrigado.
Agradeceu com um aceno, marcando um início de atendimento mais fluido do que antecipava, embora eu sentisse Lilith observando. Sua presença era magnética, capturando minha atenção frequentemente, tentando desvendar os mistérios por trás de seus olhares enigmáticos.
Quando retornei ao balcão, após atender outros clientes, percebi que Lilith havia partido. Minha colega, July, informou que um homem e uma mulher magnífica haviam deixado uma gorjeta em reconhecimento ao meu atendimento. "600 nocturnas," ela disse, refletindo sobre a generosidade inusitada. Katy, outra colega, esclareceu que Lilith era uma das benfeitoras do café, revelando a importância de sua presença.
-Isso é verdade Katy?
-Sim July, ela fez com que a gerente não fechasse o café.
-Nem imaginei...
-Acho que é por isso que ela me deu essa gorjeta então.
-Sim, mas eu nunca vi um valor tão alto, mesmo vindo dela.
-Que isso, Afrodite arranjando corações.
-Pare de bobeira July e volte a trabalhar.
-Afrodite, ela está sendo malvada comigo.
-Não faça esse bico, ela está certa. Vamos voltar.
Quando ia me virar para levar o pedido até a mesa, Katy interrompe o início de meus próximos pensamentos.
-Cuidado Afrodite, está mulher é perigosa.
-Fique tranquila, eu nem gosto de mulheres desse jeito...
-Sei, quero ver se Bia vai concordar com isso da próxima vez que visitar.
-Quando se tornaram amigas?
-Quando decidimos que vamos cuidar de você.
-Vocês estão pelas minhas costas?!
-Não fazemos nada além de cuidar de uma pessoa importante para nós, agora volte ao trabalho. E não esqueça, cuidado, tanto com ela, quanto com a gerente.
-A gerente?
-Sim, ela é boa, mas são amigas. Não podemos confiar.
-Pare de pensamentos inúteis Katy, vamos voltar a trabalhar.
Depois disso o dia seguiu, e eu trabalhei com a mente ocupada pelo breve encontro e pelo que Katy havia me falado, já que ela estava séria e não é o tipo de pessoa que fala coisas assim apenas por brincadeira.
Já ao término do turno, relatei tudo a Abigail, que logo depois me entregou meu pagamento do dia e me dispensou. Enquanto retornava para casa, refletia sobre a experiência, gratificada pela gorjeta.
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Atualizado até capítulo 55
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