*Afrodite*
A luz fraca do amanhecer infiltrou-se pelas cortinas, despertando-me suavemente. Abri os olhos lentamente, acostumando-me à luz do novo dia. Olhei ao redor do quarto, procurando Vivi, mas ela não estava ali.
O coração apertou-se de repente, um frio de medo percorrendo minha espinha. Levantei-me rapidamente, determinada a encontrá-la. Mas antes que pudesse dar mais que alguns passos, Jony bloqueou meu caminho.
- Onde está Vivi? - perguntei, tentando controlar o tremor na voz.
- Calma, Afrodite. Ela está vindo - respondeu Jony, mantendo-se firme diante da porta.
-Não! Vocês deminitaram ela! Está mentindo! Onde ela está?
-Afrodite volte para dentro do quarto. Vivi está vindo. -Neste momento ele me "empurrou de volta e logo eu escutei a porta trancar-
-Droga, ele deve ter achado que tentei fugir, mas eu só quero a Vivi...
A ansiedade tomou conta de mim, minhas mãos tremiam ligeiramente enquanto esperava Vivi aparecer. Cada segundo que passava parecia uma eternidade, e a incerteza começou a se transformar em pânico.
Finalmente, a porta se abriu e Vivi entrou, carregando uma bandeja de café da manhã. Um suspiro de alívio escapou de meus lábios enquanto ela se aproximava.
- Vivi! - chamei, minha voz soando mais alta do que pretendia. - Onde você estava? Eu estava tão preocupada!
Vivi colocou a bandeja sobre a mesa e sentou-se ao meu lado, um sorriso tranquilizador nos lábios.
- Desculpe por deixá-la esperando, Afrodite. Eu estava na cozinha preparando o café da manhã - explicou ela, servindo-me uma xícara de café.
A sensação de alívio foi avassaladora, e minha gratidão por Vivi transbordou. Aceitei o café da manhã em silêncio, tentando controlar as emoções tumultuadas que ainda pulsava dentro de mim.
Enquanto comíamos, conversamos sobre coisas triviais. Vivi tentou me tranquilizar, garantindo que tudo estava bem e que eu não precisava me preocupar.
-Afrodite, terei que voltar agora, já que meu serviço nesta casa é diretamente ligada à cozinha. Mas se precisar de mim estarei ao seu dispor.
-Obrigada Vivi, e desculpe por mais cedo.
-Tudo bem, acho que Lilith vai entender que não foi uma tentativa de fuga, aquela menina é teimosa mas é um amor.
-Não tenho certeza...
-Eu sei que é difícil, já que ela te sequestrou. Mas também sei que ela tem seus motivos, e veja Afrodite, Lilith te colocou em um dos melhores quartos da casa, e cuida de você mesmo que indiretamente. Pense um pouco se o tratamento que recebe é de alguém que foi sequestrado.
-Tem razão... Vou pensar.
-Pense, agora tenho que ir. Beijos, minha linda.
-Tchau Vivi.
Depois que Vivi saiu, decidi ir à biblioteca. Lá encontrei um livro interessante e comecei a ler, mas logo me vi entediada. Olhei ao redor, buscando uma distração, e meus olhos pousaram em Jony.
- Jony, por favor, posso ir à cozinha? Só quero ajudar Vivi e fazer algo útil - implorei, sentindo uma necessidade urgente de escapar da sensação claustrofóbica do quarto.
-Melhor não senhorita.
-Por favor, Jony, estou entediada. Não há nada para fazer.
-Procure outro livro.
-Vamos, Jony, sei que você não é tão ruim assim.
Ele hesitou por um momento, claramente preocupado com a possibilidade de eu incomodar Vivi, que estava trabalhando na cozinha. Mas meu pedido persistente o convenceu a ceder.
Chegando à cozinha, encontrei Vivi ocupada preparando o almoço. Ela acolheu-me com um sorriso caloroso e convidou-me a ajudá-la. Eu estava um pouco nervosa no início, mas logo me vi envolvida no processo de preparação das refeições. Vivi foi paciente e gentil, guiando-me através das tarefas e compartilhando histórias enquanto trabalhávamos juntas.
Foi uma experiência nova e gratificante para mim, sentir-me útil e parte de algo maior. Enquanto trabalhávamos lado a lado, percebi que nossa conexão estava se fortalecendo, e senti uma imensa gratidão por Vivi e sua amabilidade.
-Olha Afrodite, você tem habilidade na cozinha.
-Obrigada Vivi, eu gosto de cozinhar.
-Isso explica muita coisa.
-Vivi, sabe que a Senhora não vai gostar nada de ver Afrodite trabalhando não é?
-Lá vem você, me deixe em paz Jony. A menina está se divertindo.
-Mesmo que esteja, sabe muito bem tudo que nos passaram antes dela vir para cá.
-Blá blá blá, Jony, você está amargurado demais, quer um docinho?
-Pare de palhaçada Vivi, sabe que eu apenas estou lembrando você das ordens, já que parece que esqueceu.
-Vocês dois, é melhor parar antes que a briga chegue aos ouvidos dela. -falei depois de tanto rir-
-A menina tem razão. Vamos parar.
-Você só escuta ela né.
-Vivi?
-Sim meu amor?
-Que tipo de sobremesa Lilith gosta?
-Sobremesa? Acho que qualquer uma que tenha gosto de café.
-Queria fazer alguma para ela, já que ela deixou você dormir comigo ontem.
-Entendi, deixa eu pensar... Que tal um tiramisú? É simples e bem gostoso, leva café também.
-Eu acho que já comi uma vez com Bia. Vamos fazer isso, pode me ajudar?
-Claro, vamos deixar pronto antes do almoço.
-Sim! Vamos.
*Lilith*
Ao entrar na espaçosa sala de jantar para o almoço, senti um leve desconforto ao notar a ausência de Afrodite. Jony, o segurança encarregado, prontamente informou que ela estava na biblioteca. Contendo minha irritação, dei um simples aceno de cabeça em resposta e pedi para que a comida fosse servida.
Enquanto desfrutava da refeição, meu pensamento não conseguia se desviar da ausência de Afrodite à mesa. Era evidente que minha rotina meticulosamente planejada estava sendo alterada pela presença dela, e isso, de certa forma, me incomodava.
Após terminar meu prato, Afrodite finalmente adentrou a sala, carregando uma bandeja com uma sobremesa caseira. Levantei uma sobrancelha, surpresa com sua iniciativa.
- O que é isso? - perguntei, mantendo minha voz calma e direta.
- É tiramisú. Quis fazer como forma de agradecimento por ter deixado Vivi dormir comigo na noite passada - explicou Afrodite, sua voz soando um pouco tímida.
Aceitei a sobremesa com um simples gesto de cabeça, observando-a enquanto ela se aproximava da mesa. Uma mistura de curiosidade e cautela permeia meus pensamentos enquanto ela servia o tiramisú.
Enquanto saboreava a sobremesa, meu olhar permanecia fixo em Afrodite. Era difícil decifrar suas verdadeiras intenções por trás desse gesto de gratidão. Afinal, ela estava me agradecendo ou tentando me envenenar como vingança por tê-la sequestrado?
Fiquei em alerta, mas não senti nada de estranho na comida, então não achei necessário naquele momento chamar George.
Então, depois de alguns minutos de silêncio, decidi abordar o assunto que estava me incomodando.
- Afrodite, embora eu aprecie seu gesto, seria mais sensato deixar as tarefas domésticas para os funcionários. Você está toda suja - comentei, mantendo minha voz firme e controlada.
Afrodite pareceu um pouco surpresa com minha observação, mas logo respondeu:
- Desculpe, Lilith. Eu só queria agradecer, e fazer algo eu mesma. Me sujei um pouco pois foi a primeira vez que fiz esse doce e Vivi me ajudou.
-Fez simplesmente porque quis?
-Sim, acho que para agradecer alguém fica melhor quando a gente faz.
-E olha o resultado, você está cheia de doce pela roupa.
-Posso apenas tomar banho e lavar minha roupa.
-Lavar você mesma sua roupa? Nem pense nisso, mandarei alguém pegar suas roupas para lavar.
-Mas...
-Mas nada, você não deve ficar fazendo as tarefas aqui, eu contratei pessoas para isso, e elas ganham bem para fazer.
-Desculpa... Não sabia que ficaria tão irritada com uma sobremesa.
-Não fiquei com sobremesa, ela está uma delícia. Estou irritada por querer fazer tudo que não deveria estar fazendo, já que existem pessoas aqui para isso.
-Espera, a sobremesa está boa?
-Sim, está. Agora vá com Jony para seu quarto e tome um banho. Aparecerei lá daqui a pouco.
-Está bem, fico feliz que gostou.
Assim que Jony a levou, respirei fundo, tentando conter minha frustração diante da situação. Era evidente que Afrodite estava tentando se integrar à dinâmica da casa, mas não era para ela fazer isso, e eu dei ordens de que aqui todos deveriam servir a mesma com tudo que ela quisesse.
-Chamem George aqui.
-Sim senhora.
-E dêem o recado para Vivi, de que Afrodite não deve fazer nenhum tipo de trabalho nesta casa.
-Senhora, permissão para falar?
-Acenei com a cabeça.
-Escutamos as risadas de Afrodite enquanto cozinhava, e também escutamos que a mesma gosta desse tipo de tarefa.
-Então apenas digam para Vivi não deixar com que ela faça o trabalho pesado.
-Sim senhora. Passaremos o recado.
Assim que saíram da sala, George entrou um pouco nervoso, pois ficou sabendo que eu havia comido algo que ela preparou.
-Senhora! A senhora está bem? Vim correndo pois me alertaram que comeu algo que Afrodite fez.
-Se acalme George, de fato comi, mas nada aconteceu.
-Por que comeu senhora? E se tivesse algo? Seu pai volta daqui uns dias, como eu iria explicar a ele?
-George, ela fez a sobremesa como agradecimento.
-Perdão?
-George, tire todos os funcionários de dentro desta casa, deixe apenas os seguranças do lado de fora e os seguranças de cada entrada.
-Posso perguntar porque a senhora quer isso agora?
-Vamos apresentar a casa para Afrodite.
-Perdão senhora, mas vai fazer isso apenas por conta de uma sobremesa?
-George, eu sei o que estou fazendo.
-Tem certeza senhora?
-Sim.
-Está bem, farei o que ordena agora.
-Vá.
Assim que George saiu, segui até o quarto de Afrodite, que ainda estava no banho e esperei. Quando ela saiu, percebi que levou um susto por eu já estar lá. E quando olhei para trás descobri o porquê.
-Está de toalha pequena?
-Lilith! Não sabia que já estava aqui. -ela falava enquanto eu encarava cada um de seus detalhes -
-Peço desculpas, vim para te levar em um passeio pela casa. Então coloque uma roupa.
-Isso é verdade? -ela perguntou eufórica -
-Sim.
-Espera um segundo, vou colocar agora!
Enquanto ela escolhia a roupa, admirei atentamente cada detalhe de seu corpo. Era como eu imaginei quando via de uniforme, e eu estava doida para ver por debaixo daquela toalha.
-Licença Lilith, vou colocar a roupa o mais rápido que eu conseguir.
-Não me faça esperar.
-Uhum, está bem.
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Atualizado até capítulo 55
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