Ao adentrar o quarto, meus passos ecoaram suavemente no chão, enquanto minha mente se preparava para o encontro com Afrodite, desta vez, fora do café. Seu olhar perdido, refletindo confusão e temor, encontrou o meu, e pude sentir a intensidade de suas emoções através daqueles olhos que buscavam respostas.
- Está perto da janela? Pensou em pular, minha pequena?
- Eu...
- Não tente. Há uma pequena porcentagem de chance de sobreviver.
- Em que andar estamos...?
- Bem, este é o terceiro.
- Terceiro! Deus! Ainda bem que não tentei!
- Pensou?
- Eu... Ei, espera! O que estou fazendo aqui? Você está fazendo isso por quê?
- Minha pequena Afrodite, sei que sua mente está repleta de dúvidas e seu coração, agitado pela incerteza. Permita-me clarear as sombras que obscurecem sua compreensão.
- Só me diga logo, por que isso? Por que eu?
- Sente-se. Não quero correr o risco de cair, Abigail me mataria.
- Abigail! O que ela tem a ver com tudo isso?
- Não é de seu interesse. Apenas sente.
- Não quero. Como posso confiar em quem me sequestrou?
Me levantei lentamente, me aproximando dela, e a mesma tentou se afastar até encostar em uma parede e não ter mais para onde ir.
- Pequena, faça o que mando, não dificulte as coisas para você. Está bem?
- Está muito perto...
- Estou? _Aproximo meu rosto do seu_ E o que vai fazer?
- Por favor... Se afaste, eu sento, eu faço o que quiser. Só não chegue tão perto, estou com medo... _suas lágrimas escorrem pelo rosto_
- Aqui, seque as lágrimas. Não farei nada com você, claro, se fizer o que mando. Agora sente.
Com uma voz suave e firme, busquei tentar explicar de forma clara e resumida do que estava acontecendo. Ela não precisa de detalhes, apenas entender sua situação atual.
- Você está fazendo tudo isso por me achar bonita?
- Um pouco mais que isso.
- Isso é crime.
- Quem se importa? Acho que eu havia escutado suas amigas mandando ter cuidado comigo.
- Você escutou tudo...
- Cada detalhe. Você deveria ter escutado elas.
- Não imaginei algo assim, pelo menos não comigo. _ela falava com sua voz trêmula_
- Bem, eu não fiz nada demais, pequena. Eu apenas peguei algo que queria para mim.
Ela permaneceu em silêncio.
- Pequena, nada acontecerá se seguir minhas ordens e as de George. Assim você está segura aqui.
Minha voz adquiriu uma nota de determinação, misturada com compaixão.
- Sinto que quer falar. Fique à vontade, se eu quisesse você quieta, teria feito isso assim que entrei.
- Bia... Sabe?
- Jony cuidará dela.
- Jony sempre trabalhou para você?
- Sim.
- Meu apartamento?
- Deixaremos lá por enquanto.
- Minhas coisas? O que fizeram com elas?
- Tivemos um pequeno problema no transporte, mas agora estão aqui, trarão elas assim que eu revisar tudo.
- Por que fazer isso?
- Você terá apenas o que eu achar necessário.
- Posso perguntar mais uma coisa...
- Sim. Como já havia dito, se eu quisesse te calar, teria feito isso assim que entrei neste quarto.
- Foi você quem me trocou... Você me viu...?
- Não, foi a mulher que cuidará de você junto com Jony.
- Jony?
- Jony será seu segurança. Mas por enquanto, você ficará aqui, até às segundas ordens.
Depois disso, ela ficou quieta. Apenas a observei, deixando que organizasse seus pensamentos. Eu costumo não ter muita paciência, mas com ela, parece ser diferente.
- Está com fome?
- Sim... _ela fala tímida_ Mas não posso comer.
- E por que não?
- Vocês podem colocar algo na minha comida... Me matar ou...
- Isso é sujo, não trabalho com isso, e matar alguém com algo na comida é algo que só faço às vezes.
- Então já matou alguém assim?
- Assim e de outras mil maneiras.
- E como posso confiar que não fará nada comigo?
- Você não me deu motivo algum, pequena.
- Como posso acreditar em tudo? Você me sequestrou, me prendeu. Você realmente não fará nada comigo? _Ela fala um pouco mais alto, e eu apenas ignoro_
- Não encostarei um dedo em você enquanto não quiser. Farei isso quando você me pedir. E se você está com medo em relação à sua comida, o que acha de ir até a cozinha?
- Posso...?
- Venha.
Ela se levanta com medo, conseguia ver ela se tremendo enquanto vinha até mim. Isso não me importava muito, esse medo dela apenas mostrou que ela não tentaria nada inútil já que temia pela sua vida.
Fomos até a cozinha. Não havia chamado George pois ele estava cuidando de outros assuntos e Jony já estava atrás de nós junto com meus seguranças.
- Boa tarde, senhora.
- Faça algo para ela, e deixe-a acompanhar o processo.
- Claro, o que quer que eu prepare?
- Pergunte a ela, você é incompetente? Não sou eu quem vou comer.
- Perdão, estou um pouco nervosa, se me permite dizer. A senhora não costuma vir aqui nesta parte da casa.
- Apenas faça algo que ela queira.
Enquanto ela preparava algo para Afrodite, apenas fiquei observando de longe. Afrodite ainda aparentava estar nervosa, mas percebi que a cozinheira conseguia deixar ela mais calma enquanto conversavam sobre o prato que preparavam.
Visão de Afrodite
- Senhorita?
- Hm?
- Não fique com medo. Lilith não é uma pessoa tão ruim.
- Mas...
- Eu sei o que ela fez, mas confie. Ela não fará nada com você se obedecer.
Fiquei quieta, não sabia se podia confiar na cozinheira, na verdade, eu não podia confiar em ninguém ali.
- Venha cá, Lilith pode nos ouvir, vamos começar a fazer algo para você. O que quer?
- Eu gosto de comidas com queijo.
- Queijo? Temos muitos tipos, venha cá escolher.
- Onde vão?
- Senhora, ela quer algo com queijo, vou levá-la para escolher.
- Tem alguma janela perto?
- Não, senhora.
- Vá rápido.
- Como quiser, ouviu, Afrodite? Venha escolher seu queijo.
Balanço a cabeça seguindo ela.
- Eu posso saber seu nome? _Falo baixo _
- Vivi.
- Nome bonito.
- Obrigada, agora vamos logo, escolha um queijo.
- Gosto daquele _falo apontando _
- Ótima escolha.
Depois de pegarmos o queijo, voltamos para a cozinha. Lilith nos observava a cada passo que dávamos. Enquanto cozinhava junto de Vivi, consegui conversar e ficar mais tranquila. Ela havia dito que Lilith não conseguia escutar se falássemos baixo de onde ela estava. Não falamos nada demais, Vivi apenas me explicou as regras da casa e o que provavelmente eu teria que fazer. Mas George iria passar as regras mais detalhadas depois, ela disse.
E em meio a tantos assuntos, conseguimos terminar de cozinhar. Consegui aprender uma receita nova com Vivi, mesmo sendo uma coisa acima do que eu costumava cozinhar. Vivi falou que aquele prato era simples, mas seu gosto único de carne com um purê de queijo era muito bom.
Visão de Lilith
- Acabaram?
- Sim, senhora, quer que eu coloque a mesa para ela comer?
- Não, Jony vai levá-la para o quarto. Leve a comida para lá e junto um vinho. Você bebe vinho, certo?
- Sim...
- Algum em específico?
- Posso escolher?
- Estou perguntando, acho que deixei claro a resposta.
- Qualquer um que não seja seco.
- Tenho poucos, mas tenho. Leve aquele da Rússia para ela.
- Sim, senhora.
- Jony, leve ela. Vou até George.
- Como desejar.
- Não faça nada incoveniente pequena.
Ela apenas balança a cabeça afirmando que acabou de entender o que falei. Me olhando com um olhar de medo, mas ao mesmo tempo, enquanto encara meus olhos, percebi que ela se encantou com eles.
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Atualizado até capítulo 55
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