CAPÍTULO 11

O som estridente do meu despertador me fez acordar no susto. Pego o meu celular com raiva e desligo o despertador, me sentando na cama. No momento em que fiz isso, uma dor de cabeça insuportável me atingiu, e então comecei a me lembrar de tudo aos poucos.

— Porra, por que fui beber tanto? Que dor de cabeça do caralho — sussurrei. E o pior é que tenho duas reuniões importantes hoje. Que ótimo dia…

Me levanto e começo a caminhar em direção à cozinha para ver se tem algo que eu possa tomar pra diminuir a ressaca, no entanto, assim que olho para o balcão, vejo que tem algo escrito em um caderno que deixo no balcão. Me aproximo e leio.

“Tem remédio para a ressaca no armário, e tome com suco de laranja. E não se esqueça de tomar o café da manhã.

^^^Ass: Alex.”^^^

Na hora que termino de ler o que ele escreveu, todas as lembranças de quando ele chegou no bar me atingiram em cheio, e eu só queria colocar a minha cabeça em um buraco.

— Por que você faz essas coisas, Bella? Seja mais normal, por favor. Como você vai encarar ele agora? Ele deve te achar uma louca! — Começo a surtar comigo mesma. Isso é tão vergonhoso, eu queria apagar isso. Tomara que eu não veja o Alex por um bom tempo. Vou fazer de tudo para isso.

Abro o armário e pego o remédio, tomando com o suco de laranja. E então corro para o banheiro pra me arrumar.

...[…]...

Faz uma semana desde aquele dia super vergonhoso, evitei o Alexsandro o máximo que consegui, e espero continuar assim, mesmo sabendo que será impossível não falar ou ver ele no evento de hoje à noite.

Um dos conhecidos dos meus pais fará uma festa beneficente, e então quase todos os magnatas do país estarão lá, incluindo Alex. Terminei tudo antes das quatro da tarde, para que eu tenha tempo pra me arrumar. Tomei um banho e fiz o meu cabelo, deixando-o solto com algumas ondulações. Assim que entro no meu closet, fico em dúvida sobre qual vestido usar, mas acabo optando por um azul-marinho que possui várias camadas de tecido esvoaçante, criando um efeito volumoso e elegante. O corpete é ajustado e sem alças, com um decote em V profundo. O tecido do vestido é adornado com pequenos brilhos, dando um efeito cintilante que lembra estrelas no céu noturno. Há também detalhes de bordados prateados e pedrarias na cintura e no busto, acrescentando um toque de sofisticação e elegância, do jeito que eu gosto.

Coloco um salto simples da mesma cor do vestido e então pego uma bolsa clutch adornada com pedras parecidas com a minha roupa, e então saio do meu apartamento, indo ao estacionamento, onde encontro o motorista dos meus pais aguardando ao lado de um dos carros deles.

Me apresso e entro no carro, ficando no banco de trás, juntamente com a minha mãe, enquanto meu pai está no banco do passageiro. Eles provavelmente não queriam vir com um carro maior, então Dante é forçado a ficar na frente.

— Minha filha, você está muito linda!

— Obrigada, mãe. Você também.

Ela está com um vestido sem alças branco longo, com uma fenda em sua perna direita, e meu pai está com um blazer preto, mas com a camisa combinando com a da minha mãe. Os dois sempre usando cores neutras, enquanto eu prefiro tons de azul.

— Noah vai ao evento? — questionei.

— Não. Ele está atarefado com as coisas da faculdade, então não conseguiu arrumar tempo para vir, por mais que eu tenha certeza que ele está jogando com os amigos dele, pois não gosta desses eventos. E faz de tudo para evitar.

— Certo ele. Eu também evitaria, se pudesse.

— Filha, a gente também não gosta muito de ficar indo nesses eventos, mas é bom manter uma boa imagem, você sabe — Meu pai opina, me olhando através do retrovisor.

Assinto lentamente para ele, e então só tô uma mão encostar na minha, e nem precisei olhar para saber que era Rachel.

— Você tá bem, meu amor? Conseguiu superar todas as informações da semana passada?

— Mais ou menos. Continuo inconformada e pensando em algumas coisas, porém, consegui colocar os meus pensamentos em ordem.

— Qualquer coisa que você queira conversar, eu estou aqui, viu.

— Eu sei, mãe.

Ela sorri para mim, e continua segurando na minha mão, mas mantém uma conversa com o meu pai, falando o horário que estaremos voltando, o quanto que é para ele beber e tudo que ele pode fazer, senão é claro que Dante Armani se descontrolaria nas festas.

— Chegamos, senhores — O motorista anunciou, saindo do carro para abrir a porta para o meu pai, que abriu a porta para a minha mãe, enquanto o motorista vinha ao meu lado para me ajudar a sair.

Pego o meu celular, deixando-o no silencioso antes de ir ao lado dos meus pais para entrar no local. Somos recebidos com muitos flashes na nossa direção, e assim que entramos um dos funcionários nos acompanha até o andar que está acontecendo a festa.

— Você vai se encontrar com alguém, Bel? — Minha mãe questiona. Nego. — Que bom. Então você ficará comigo, pois não estou a fim de ficar de conversa fiada.

Rachel segurou o meu braço, me mantendo perto de si. Na maioria das festas, minha mãe costuma ficar mais ao meu lado, pois não gosta de ficar conversando com muitas pessoas, assim como eu. Só falamos o necessário.

— Vocês vão me abandonar de novo? — Meu pai dramatiza assim que saímos do elevador, entrando na enorme sala de festas, que está lotada de pessoas vestidas com as roupas e joias mais caras.

— Talvez.

— Tenho que apresentar algumas pessoas para a Bella, então não saiam da minha visão, ok?

Nós duas assentimos, e não demorou para um casal vir na nossa direção, cumprimentando os meus pais e a mim, elogiando-nos mais que o necessário.

— Faz anos que eles tentam uma parceria conosco, então é normal ficarem puxando o saco. Acho que se tirarmos um raio-x do saco do seu pai, é possível aparecer a arcada dentária deles.

Me seguro para não rir com o que minha mãe acabou de falar, e logo ela me guia para longe dali, onde outras pessoas vieram nos cumprimentar. É normal notar os olhares desejosos de muitos ao olhar para mim e para Rachel, e muitas vezes meu pai fica super incomodado, porém, aprendemos a nos adaptar com isso, quer dizer, até o aceitável.

— Olha quem acabou de chegar — Rachel sussurra no meu ouvido, e logo olho para a entrada, vendo Alex. — Não vai o cumprimentar?

— Não acho adequado.

— O que houve entre vocês? Por que estão tão distantes assim?

— Mãe… às vezes é preciso se afastar.

— Você ficou vermelha. Tá com vergonha de alguma coisa. Pode me contar, Bel. Eu posso tentar te ajudar. Sei que vocês se gostam, é evidente para qualquer um.

Respiro profundamente, voltando o olhar para ela após cumprimentamos mais dois casais.

— Eu fiquei bêbada e posso ter feito alguma merda…

— Não me diga que tentou beijar ele?

— Talvez.

— Bel, isso é o de menos. Mas o que ele fez? Eu sei que vocês já transaram, pois você me falou quando aconteceu, mas ele tentou algo contra a sua vontade?

— Não, mãe. Ele falou que era para esperarmos quando eu estivesse sóbria, e é só o que eu me lembro.

Ela abre a boca, surpresa, e então começa a me guiar na direção do Alexsandro.

— Mãe…

— Ele é maravilhoso para você, Bel. Tentem se resolver, estarei atenta. — Após dois homens saírem de perto do Alex, Rachel me empurra para o lado dele, evitando as mulheres que se aproximaram. — Alex, querido, cuida da Bel para mim? Tenho que cumprimentar algumas pessoas com o meu marido.

— Claro, madrinha.

Ele segura a minha mão, me mantendo na frente dele, e então minha mãe volta para o lado do meu pai, que parece muitíssimo feliz de tê-la ao seu lado. Enquanto eu mal consigo olhar para o rosto de Alexsandro sem sentir vergonha.

— Diavoletta, senti saudades. Mas e você? Parece com vergonha, mas fique tranquila, eu não rirei de você sobre o que houve na semana passada.

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