CAPÍTULO 7

Sou avisada pela minha secretária que meus pais estão a caminho do meu escritório. Com uma reunião agendada para daqui a trinta minutos, decido esperá-los. Após breve momento, escuto duas batidas na porta e, então, eles entram. Dante segura a mão de Rachel, ambos exibindo sorrisos ao me verem.

— Bella, meu amor, como você está? Conseguimos conter algumas notícias, mas aquela Mary foi rápida demais — diz minha mãe, aproximando-se e me envolvendo em um abraço caloroso.

— Está tudo bem, mãe. Eu já resolvi o problema que ela causou. Soph vai dar entrada no processo, não se preocupe. — Respondo, voltando meu olhar sério para meu pai. — Pai, o Alex me contou algo. Você pode confirmar?

Ele hesita, balançando a cabeça pensativamente, e depois coloca os braços ao redor dos ombros de minha mãe, fixando seus olhos em mim. Admiro a relação dos dois; é uma pena que a minha própria não tenha dado certo.

— Se for sobre sua relação com ele, não posso responder...

— Não é sobre isso — interrompo rapidamente.

— Então diga, eu responderei.

— Vocês fazem parte da máfia?

Os olhos de Dante e Rachel se arregalam simultaneamente, trocando olhares atônitos como se não esperassem que eu descobrisse isso tão cedo.

— Bel, nós íamos contar, mas...

— Íam? Faz anos que estou à frente da empresa e só agora descubro que nosso sócio e vocês estão envolvidos com a máfia. Você tem noção do quão grave é isso? Há mais algo que vocês estão escondendo de mim? Algum envolvimento com atividades criminosas?

Eles trocam olhares, claramente sem saber o que responder. Finalmente, meu pai toma a palavra:

— Sim, Bella, nós estamos envolvidos com a máfia, o que implica atividades criminosas. Mas quero que fique claro que nada disso se estende à empresa. Mantemos nossos negócios completamente legais.

Rachel concorda com um aceno e se aproxima de mim, segurando minhas mãos. Seu toque é quente e reconfortante, mesmo em um momento tenso como este.

— Bel, querida, nós planejávamos contar no momento certo, não queríamos que você se envolvesse nessas questões tão cedo... Mas parece que você está pronta.

— Como assim?

— A tensão entre você e o Alex não passou despercebida. Nós não vamos te impedir de tomar suas decisões porque, afinal, a vida é sua. Mas esteja ciente dos desafios, querida, não é tão simples.

Essas palavras me fizeram parar para pensar.

— O que há de tão difícil nisso?

— Se você se envolver com o Alex, assumirá um papel de liderança na máfia. Isso significa aprender a torturar, matar, atirar, sequestrar, entre outras coisas. Levei um tempo para me acostumar, mesmo sendo apenas sócios.

— Vocês...

— Já fizemos muitas coisas — meu pai interrompe, como se lesse meus pensamentos antes que eu pudesse falar. — Descobrimos que o Theodoro não era meu pai real graças à máfia, que encontrou o amante de minha mãe e desvendou tudo. Eles também nos ajudaram a trazer o Theodoro para ser julgado nos Estados Unidos.

— Eu vou ter que me envolver com tudo isso?

— Se você quiser ficar com o Alex, sim. — minha mãe responde, soltando minhas mãos. — Mas você está realmente bem?

— Você está falando do Rafael? — Ela assente. — Sim, mãe. Eu já não o amava mais. Era questão de tempo até o fim.

Continuamos conversando por mais algum tempo, até que minha secretária me chamou para a reunião. Despeço-me deles com um abraço e sigo para o meu compromisso. Assim que entro na sala, todos se levantam em sinal de respeito. Percebo que estavam discutindo os problemas recentes, o que certamente influenciará a pauta da reunião.

Ao tomar meu lugar à cabeceira da mesa, todos fazem o mesmo, e o silêncio preenche o espaço por alguns segundos, até que o diretor Morris decide quebrá-lo:

— Como podemos confiar na sua liderança se a senhorita não consegue manter a própria vida pessoal sob controle?

Seu tom é de reprovação, e vejo que alguns concordam com ele. Aprendi com meus pais a manter uma postura firme com esses diretores.

— Pode especificar suas palavras?

— Esses ricos... — ele murmura, revirando os olhos. — A senhorita controla tudo agora, mas todos vimos o que aconteceu na sua vida pessoal, com seu ex e o possível novo relacionamento. Não considera o impacto disso na sua reputação, ou na da empresa? Não é imoral sair com alguém na mesma noite em que seu namorado morreu? Sem falar que nem ao funeral dele a senhorita compareceu hoje.

Os murmúrios se espalham pelo ambiente, então estalo minha língua, silenciando todos. Encaro o homem que tentou me diminuir sem conhecer toda a história.

— Primeiro, minha vida pessoal não deveria ser tema desta reunião, nem ser discutida como se eu estivesse errada. — Levanto-me, apoiando as mãos na mesa. — Este é o problema com homens como você, sempre culpando as mulheres. Nunca assumem que podem estar errados, o que é uma postura machista. Me chamar de imoral? Você não tem esse direito, pois desconhece os detalhes do ocorrido, apenas o que uma colunista de fofocas divulgou.

Ele ri sarcasticamente, me encarando de forma desafiadora.

— A maçã não cai longe da árvore. Não bastasse sua mãe ter seduzido o Sr. Armani e aplicado o golpe da barriga, agora você parece pronta para seguir os mesmos passos com o sócio. Dou no máximo dois meses até estar grávida também. Falta de caráter parece ser hereditário.

Cerro os meus punhos, contendo a minha raiva de bater nele após ter falado assim da minha mãe.

— Não ouse falar da minha mãe, muito menos coisas mentirosas como essas! Quer falar mesmo sobre caráter? Rachel nunca foi assim, e eu muito menos, não nos aproveitamos de ninguém, diferente do senhor. Quer que eu fale sobre todos os desvios que fez? Ou melhor, sobre os crimes cometidos? Acho que o senhor achou que poderia fazer qualquer coisa e ninguém falaria nada, mas não passa de um orgulhoso que tem somente um por cento de ações da empresa e acha que pode opinar em alguma coisa!

Meu olhar se estreita, e então jogo as pastas pretas, que eu segurava, na mesa, deixando que todos vejam as fotos. E logo o homem começa a entrar em pânico.

— Além dos inúmeros crimes, o senhor ainda ousou estuprar e abusar de várias mulheres, entre elas, sua enteada de dezesseis anos! Achei que nunca teria alguém pior que o Theodoro no mundo, até o conhecer.

Nesse momento os policiais entram na sala de reuniões, e eu dou um sorriso de lado para o diretor.

— Senhor Morris, o senhor está sendo preso por desvio de verba privada, roubo, abuso, estupro, estupro de vulnerável, suborno e difamação. O senhor tem o direito de ficar calado, tudo o que disser pode e será usado contra ti no tribunal — Um dos oficiais falaram, algemando o homem. Me aproximo dele e falo em um tom superior:

— Não ouse falar difamações de mim e da minha mãe novamente. E convenhamos, entre todos nós, o senhor é o mais sem caráter e imoral. É ridículo o quão errado tu és. Me dá nojo.

O olho de cima a baixo enquanto ele sai algemado e aos gritos. Com um sorriso no rosto, me viro para os outros diretores e acionistas.

— Mais alguém deseja discutir minha vida pessoal? Parece um tema fascinante, embora talvez não tanto quanto a vida de alguns presentes aqui.

Todos negam prontamente, então aproveito para redirecionar a conversa ao assunto que realmente deveríamos estar discutindo. E é bom que eles sejam submissos, afinal, todos têm um lado obscuro que tentam esconder, no entanto, cedo ou tarde, tudo acaba sendo revelado, mesmo contra a sua vontade.

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