CAPÍTULO 6

À medida que eu evitava o contato visual com Sophy, uma confusão emocional tumultuava meu interior. Eu sabia que ela tinha razão. Ela sempre tinha.

— Eu sei, mas Soph, eu acabei de descobrir que fui traída mais de uma vez. Isso dói muito. Eu preciso de um tempo.

— Você está triste porque foi traída e não pela morte do Rafael? — indagou ela, com uma franqueza cortante.

— Sim. Quando descobri que ele me traía repetidas vezes, eu quis matá-lo, tamanha era minha raiva. Mas já chorei demais por ele.

Sophy assentiu com compreensão, tomando o copo de suco das minhas mãos e bebendo o que restava. Eu sabia que, se eu decidisse ficar com Alex, Mary, com seu poder e influência como jornalista renomada, faria algo para impedir.

— Ah, Bel, esqueci de te dizer, mas tive dificuldades para subir ao seu apartamento. Há muitos repórteres e paparazzis no térreo. Os seguranças estão contendo eles, mas talvez seja melhor você ir para outro lugar.

Minha mente girou com a revelação de Sophy. Se os repórteres estavam ali quando ela chegou, provavelmente também estavam quando Alexsandro saiu. Corri até o sofá e agarrei o controle remoto, ligando a televisão no canal de notícias. Mary estava ao vivo, falando sobre mim e Alex.

— Droga! Eu sabia que ela faria algo assim. Essa mulher é obcecada pelo Alexsandro!

Foquei na transmissão, tentando decifrar a inclinação da notícia.

"Bella Armani acabou de ter o seu namorado morto, e o caso ainda não está encerrado. Não é estranho ela já estar com outro homem em seu apartamento? Nas imagens que obtivemos, vimos que eles chegaram tarde da noite e Alexsandro só saiu pela manhã. Todos já sabemos o que aconteceu, mas será que, ao descobrir a traição, Bella agiu por impulso e matou o namorado? Será que isso não foi um plano para incriminar uma das amantes?"

Irritada, arremessei o controle remoto na televisão, quebrando a tela com uma rachadura que se espalhou como uma teia.

— Droga, isso vai prejudicar as ações da empresa, Soph. Meu pai lutou tanto para nos colocar no topo da bolsa de valores, e agora isso...

Sophy veio ao meu encontro e me envolveu em um abraço reconfortante, sussurrando ao meu ouvido:

— Fica calma, Bel, é só você ir para a delegacia. Você tem um álibi, e eu estou aqui para te defender. Vamos nos arrumar rápido, pois é melhor você ir até a polícia antes que eles venham até você.

...[...]...

Entramos na delegacia, atravessando um mar de rostos curiosos e câmeras apontadas, até sermos guiados para a sala de interrogatório. A intensidade dos olhares sobre mim alternava entre avaliação e especulação, o que me irritava profundamente, pois eu era inocente.

Assim que adentramos, Alex já estava lá, sentado calmamente. Era esperado, já que ambos estávamos sendo acusados por Mary. Eu sorri para ele, e ele acenou de volta, antes de Sophy e eu nos sentarmos.

— Senhorita Armani, você conhece o senhor Capello, correto? — perguntou o policial, com um tom inquisitivo.

— Sim. Fomos criados praticamente juntos.

— E já tiveram algum envolvimento? — insinuou o policial, com um sorriso malicioso.

— Oficial, a vida particular da minha cliente é irrelevante — interveio Sophy prontamente. — Vamos finalizar isso logo. Ambos têm álibis sólidos. Já os enviei para os outros oficiais. Bella estava em sua própria casa, confirmado pelas câmeras de segurança e localização do celular; Alexsandro estava trabalhando em seu escritório, corroborado por testemunhas e gravações.

Levantamo-nos, e Alex, com sua típica expressão sarcástica, parecia já vislumbrar seu próximo movimento, fosse contra o policial ou Mary.

— É crucial verificar as informações antes de fazer acusações. E vamos processar a senhorita Rodriguez por calúnia e difamação — declarou Alexsandro.

O policial, agora percebendo a gravidade da situação, levantou-se prontamente, assentindo.

— Certo. Seus advogados podem cuidar disso. Se necessário, também podemos emitir uma medida protetiva para vocês.

Claro que sua atitude mudaria após descobrir que as acusações eram falsas. Contive um suspiro de desdém e apenas deixei a sala de interrogatório, sentindo os olhares persistirem em mim.

— Bella.

Era a voz de Alexsandro. Eu sabia que me virar só complicaria as coisas... Eu sabia que não podíamos ficar juntos, e não entendia por que ainda insistia. Os seguranças haviam bloqueado os repórteres e paparazzis, mas as fotos continuavam.

— Bella, por favor, olhe para mim.

Ele segurou meu braço, me virando para enfrentá-lo, e então nossos olhos se encontraram. Eu não deveria olhar nos seus olhos, não podia, pois cada vez que o fazia, ele me atraía mais para sua sombra, e isso me consumiria.

— Diavoletta, me perdoe. Eu deveria ter previsto o que aquela louca faria.

— É por isso que eu disse que não devemos ficar juntos, Alex. Sempre haverá alguém para estragar tudo.

— Mas podemos enfrentar tudo isso juntos, amore mio.

— Eu não sei se consigo.

— Você é mais forte do que pensa. Mas eu deveria ter percebido que você talvez não me quisesse... E isso é horrível, pois sempre imaginei apenas nós dois, mais ninguém.

O aperto dele em meu braço relaxou, sinalizando sua iminente partida. Isso deixou um vazio imenso em mim, uma sensação dolorosa, mas se ficássemos juntos agora, todos suspeitariam, mesmo que eu tivesse um álibi sólido e o dele fosse questionável.

— Você é a pessoa mais radiante e alegre que conheço, Diavoletta... E é por isso que eu não te mereço. Você é a luz, e eu sempre estive perdido nas sombras.

— Não é isso, Alex. Eu sabia que deveria manter distância de você. Que não deveria confiar em nada que você faz ou diz... Mas estar na escuridão com você, às vezes, parece ser minha verdadeira luz — confessei, vendo seus olhos brilharem com minhas palavras. — Mas precisamos disfarçar. Um mês. Espere por mim um mês. Pode ser?

— Claro. Até um século, se você quiser. — Ele respondeu, esperançoso.

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