CAPÍTULO 8

Tenho prosopagnosia (cegueira facial) congênita, o que significa que não consigo identificar rostos, nem mesmo os de meus familiares. No entanto, consigo reconhecer o meu próprio rosto e o de Bella. Desde pequeno, aprendi a identificar as pessoas por suas vozes, forma de andar, gestos e outras características distintivas. Apenas meus pais, meus padrinhos e meu assistente conhecem essa condição, pois é um ponto fraco significativo que poderia ser facilmente explorado contra mim.

Com todos os problemas que estão surgindo, lidar com as acusações de Maryanne tem sido especialmente difícil. É por isso que estou sentado no sofá da minha casa há quase uma hora, ouvindo as reprimendas dos meus pais.

— Nós sabemos que foi você quem matou o Rafael Lennox, mas você deveria ter sido mais cauteloso!

— E eu fui! — refuto, levantando-me do sofá. — Aquela mulher está procurando problemas. Podem procurar o quanto quiserem, não encontrarão provas contra mim. E o caso já foi encerrado.

— Alex, você precisa ser mais firme — opina minha mãe, aproximando-se. Olho para o seu rosto, mas não consigo identificar nenhuma característica facial, apenas reconheço-a pelo jeito de andar, falar e pela voz.

— Como assim? Mais?

— Sim. Essa Maryanne está causando muitos problemas. Você sabe como lidamos com problemas, não sabe?

— Eliminamos eles.

— Exatamente.

Volto a me sentar no sofá, concordando e pensando em uma maneira de lidar com isso. Será um alívio, afinal, não aguento mais essa mulher interferindo na minha vida.

— Não agirei imediatamente, senão levantaria muitas suspeitas. Vou elaborar um plano, não se preocupe, mãe.

— Tem certeza?

— Sim. Ela cruzou meu caminho, agora aprenderá o que é estar no inferno.

Pego meu celular e ligo imediatamente para meu consigliere e melhor amigo, que atende rapidamente.

— Quem eu tenho que eliminar? — questiona ele, sem esperar minha ordem.

Levanto-me do sofá e saio da sala de estar, indo para um local mais isolado para que meus pais não ouçam a ligação.

— Não eliminar, torturar por dois meses e depois eliminar.

Posso ouvir o sorriso em sua voz.

— Deixe-me adivinhar a vítima. Começa com Mary e termina com Anne. Mais especificamente, uma repórter de fofocas famosa que te persegue desde a infância. Demorou para tomar uma decisão, hein.

Reviro os olhos para o comentário dele, ignorando-o.

— Venha amanhã e discutiremos o que faremos. Ela conhecerá o inferno.

— Acho que ela preferiria estar no inferno a ser torturada a mando seu.

— Realmente.

Desligo a ligação, guardando o celular no bolso. Estou cansado das perseguições de Mary, e há muito tempo queria acabar com isso, mas não estava totalmente motivado. Agora que ela se tornou um obstáculo e um possível perigo para minha Diavoletta, não posso deixá-la livre, muito menos à mercê da polícia, que, convenhamos, não é tão eficiente quanto a máfia.

— Senhor Capello — interrompe-me uma funcionária, parando diante de mim. — O jantar acaba de ser servido. Seus pais já estão à mesa, só esperam pelo senhor. Devo providenciar um quarto para eles?

— Não. Eles irão embora depois do jantar.

— Entendido, senhor.

Ao tentar dar um passo para me juntar aos meus pais, meu celular toca. Ao ver o contato, lembro-me da minha missão.

— Estão prontos? — pergunto.

— Sim, senhor. Ele aparecerá em vinte minutos.

Sorrio imaginando o que faremos com o sujeito que teve a audácia de quebrar um dos maiores códigos da máfia italiana, a Omertà.

— Estou a caminho. Chegarei em instantes.

Desligo a ligação e corro para o meu quarto, tomando uma rápida ducha para tirar o cheiro do meu perfume. Troco por outro que uso especificamente para as missões, para que não me identifiquem pelo cheiro. Em seguida, visto todas as peças de roupa preta que deixam apenas os olhos à mostra, e deixo meu celular na cama antes de descer as escadas e ir até a porta principal, onde coloco uma arma no coldre.

— O carro está pronto, senhor — informa um funcionário. Assinto e corro para o meu veículo, cuja placa foi completamente alterada, e dirijo até o local onde estamos de emboscada para pegar o senhor Drummon.

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