Sou levada para uma casa abandonada no meio da floresta. Há ossos espalhados por todos os cantos, e o ar carrega um odor nauseante de morte. Não consigo discernir se são ossos de animais ou de pessoas, mas sei que esses caras são perigosos demais, e eu definitivamente não deveria estar aqui.
— Levem ele para baixo com ela. Vamos mostrar como se faz uma pele boa, apesar dela nunca ter conseguido uma, mesmo abrindo as pernas para um homem rico.
Eles gargalham e me puxam pelos cabelos em direção ao porão. Sou arremessada no chão, ralando meus joelhos e braços. Logo em seguida, ouço o som do corpo de Ares sendo jogado no chão.
— Ares! — corro até ele, puxando seu rosto na minha direção, mas só recebo o silêncio doloroso de seus gemidos enquanto seu peito se eleva e desce com dificuldade, seus pelos cada vez mais encharcados de sangue.
— ARES! — grito, apertando sua ferida com força, e finalmente seus olhos se abrem. Ele rosna, gritando de dor em minha direção, seus dentes afiados quase alcançando meu rosto, transbordando de raiva.
Ele se levanta, sacudindo o corpo como se tentasse se alongar e se livrar da dor, mas seus gemidos revelam que ela está longe de desaparecer. Mesmo assim, ele avança em direção à porta, farejando algo pela fresta, antes de bater com força.
— Você está machucado, vá devagar — tento me aproximar, mas ele rosna, afastando-me como se ordenasse que eu ficasse longe. Sua rejeição me deixa triste, pois naquele momento eu só queria estar em casa, talvez conversando, aproveitando sua presença, mesmo após descobrir que ele sabia de tudo o que acontecia comigo e não fez nada para me ajudar.
Ele bate repetidamente na porta até que ela ceda. Ares olha para mim, como se pedisse para que eu não saísse ainda. E naquele momento, obedeci, sentando-me no chão, encolhida e com medo. Medo, porque nos minutos seguintes, só podia ouvir gritos, tiros, rosnados, e em seguida, os pingos de sangue que atravessavam o piso e caíam no porão.
Depois, o silêncio volta, mais perturbador do que nunca, deixando-me ainda mais aflita, me perguntando se Ares está bem. Logo, vejo-o descendo as escadas, ainda em sua forma de lobo, aproximando-se lentamente, trazendo consigo o cheiro de morte impregnado em seu pelo.
— A-ares... — ele esfrega o rosto no meu, me lambe e vira as costas. — Quer que eu suba? — ele me olha, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Sou pesada...
Ele bufa, empurrando seu corpo contra mim, e eu acabo rindo nervosamente, mas subo. Agarro seus pelos devagar, temendo machucá-lo ainda mais. Aperto minhas coxas contra seu corpo, quase como se estivesse montando em um cavalo, e o simples pensamento me deixa desconfortável, imagens perturbadoras tomando conta da minha mente.
Ele corre, suas patas pesadas ecoando como um terremoto, meu corpo chacoalhando enquanto me seguro em seu tronco, apertando os pelos entre meus dedos. Ele é tão quente e macio... Quase consigo esquecer o cheiro do sangue que o impregna.
Ele para na margem do rio, colocando-me no chão e mergulhando na água.
— Ares? — chamo, me aproximando.
— Porra! — ele resmunga ao sair da água. — Nunca imaginei que um tiro doesse tanto. — Ele me olha. — Tire isso de mim, Bea.
— Tirar? — arregalo os olhos. — É uma bala, Ares, não dá para simplesmente remover!
— Meta os dedos e puxe para fora — ele deita na borda, respirando fundo enquanto o sangue continua a jorrar. — Meu corpo não vai melhorar com isso dentro de mim. Estou regenerando, e a bala está piorando as coisas.
— T-tudo bem, eu vou tentar, mas por favor, não se mexa... — me ajoelho ao seu lado, respirando fundo antes de começar a sondar o buraco em seu peito. Ele grita, o suor escorrendo de sua testa, o sangue espirrando e a sensação da carne quente entre meus dedos. A ânsia bate e seguro o vômito quando alcanço a bala e tento puxá-la para fora, mas ela escapa pelos meus dedos.
— Droga...
— Bea! — ele rosna, e eu finalmente a seguro novamente, retirando-a de dentro de seu peito. Seu corpo relaxa, e ele se acalma, sua ferida se fechando instantaneamente, sem deixar nenhuma cicatriz além do sangue que mancha seu tronco.
— Céus... — sussurro, sentindo minha visão ficar turva de repente.
Meu corpo cai ao seu lado, respiração ofegante, coração quase saindo pela boca, o cheiro de sangue mais forte do que nunca. Este não é um bom momento para desmaiar.
— Obrigado por me ajudar, Bea... — ele sussurra em meu ouvido, acariciando meu cabelo e beijando minha testa. — Sei que posso ser um homem complicado quando estou sentindo dor, e sinto muito por ter gritado com você.
— Tudo bem... — é tudo que consigo falar. Meus lábios parecem tão secos agora.
— Beba, vai te ajudar a melhorar — Ares coloca minha cabeça em seu colo, colocando um pouco de água em sua boca e colocando na minha em um beijo que me faz esquecer até meu próprio nome.
— Precisamos conversar...
— Eu sei — ele responde, alisando meu rosto.
— Minha mãe vai me matar. Não mandei mensagem para ela avisando porque não cheguei ainda.
— Acho que ela ficará mais aliviada do que brava quando ver que você está bem.
— Eu realmente espero que isso aconteça — rio baixinho, sendo tomada pelo sono de repente, .
— Descanse, estarei aqui quando acordar.
— Aquele cara também estará?
— Talvez não, preciso matar ele por transar com você — ele ri, encostando nossas testas.
— Realmente precisamos conversar... — repito, como se estivesse me lembrando.
— E nós vamos, Bea. Não vamos fugir e você não vai escapar de nós. Acho que já está bom de brincar, você merece assumir a responsabilidade por nos atormentar com esse cheiro maravilhoso que carrega em você.
— Não fiz nada.
— Você acha que não fez, mas você fez, Bea. Você conseguiu mexer com os homens mais perigosos daqui e agora é nossa mulher.
— N-nao sou — fecho os olhos.
— Está marcada. Agora é nossa, e quanto menos lutar contra isso melhor será. Posso ser mais bonzinho que meu irmão, mas não sou um homem bom, vai entender isso um dia, e vai aprender a gostar.
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Ana Regina Fernandes Raposo
ELES TÃO FERRADOS, ELA E COMPANHEIRA E NÃO TEM COMO SER NEGADO O AMOR.
2024-12-06
2
Mellika Duarte
vixe que medinho
2024-07-09
2
Marilia
kkkkkkkkk eu fiquei até com medo dele agora.
2024-06-09
5