Ao chegarmos em frente à minha casa, a sensação de desconforto persiste, como se algo ainda estivesse fora do lugar. Ares me olha com uma expressão de preocupação enquanto nos despedimos, mas antes que ele parta, decido compartilhar minha inquietação.
— Ares, obrigada por me acompanhar até aqui. Mas, antes de ir, há algo que preciso mencionar — começo, lutando para encontrar as palavras certas.
Ele inclina a cabeça, indicando que estou livre para prosseguir.
— Eu sei que pode soar estranho, mas... enquanto estávamos no parque, tive a sensação de que não estávamos sozinhos. Como se houvesse mais alguém lá conosco, além de nós dois.
A expressão de Ares se torna séria, e por um momento, parece que ele está ponderando minhas palavras. Finalmente, ele responde com cautela:
— Você acha que foi apenas uma sensação, ou... há algo mais?
Meu coração dispara enquanto tento processar suas palavras. Não sei o que pensar. Será que meu sonho trouxe à tona uma percepção mais profunda? Ou será que estou simplesmente deixando minha imaginação correr solta?
— Eu não sei ao certo — admito, sentindo-me frustrada por não ter uma resposta clara. — Talvez tenha sido apenas minha mente pregando peças em mim. Mas... a sensação era tão real.
Ares coloca uma mão gentil em meu ombro, transmitindo conforto.
— Talvez seja melhor você descansar um pouco. Às vezes, a mente nos engana, especialmente quando estamos cansados ou estressados. Se precisar de algo, estarei por perto.
Agradeço a ele com um aceno de cabeça, assistindo-o partir antes de entrar em casa. Mas, mesmo quando fecho a porta atrás de mim, a sensação persiste, como se um espectro invisível ainda estivesse à espreita nas sombras.
— Não posso estar ficando maluca....
Suspirando, murmuro para mim mesma enquanto caminho pela sala de estar vazia. Não posso estar maluca, certo? Mas a sensação de presença persistente ainda ecoa em minha mente, desafiando minha sanidade. Resolvo fazer uma xícara de chá na esperança de acalmar meus nervos inquietos. Enquanto a água ferve no fogão, me pego revivendo os eventos no parque, buscando qualquer detalhe que possa ter perdido. Mas tudo parece normal, exceto pela sombra misteriosa que pareceu se fundir com as árvores.
Quando finalmente me sento com minha xícara de chá, tento afastar os pensamentos sombrios que insistem em me assombrar. "É apenas minha imaginação", repito para mim mesma, tentando me convencer daquilo. Mas, mesmo assim, uma parte de mim continua inquieta, como se estivesse esperando por algo... ou alguém.
Apesar da tranquilidade que se seguiu, uma sensação persistente de apreensão ainda pairava no ar. Cada ruído da casa vazia ecoava como um eco sinistro, alimentando meus medos mais profundos. Eu não conseguia me livrar da sensação de que algo estava errado, como se um olhar sombrio estivesse fixado em mim, escondido nas sombras.
Desviei meu olhar da janela, afastando-me do parque escuro que ainda assombrava meus pensamentos. Com um suspiro nervoso, comecei a andar pela casa, procurando uma distração para afastar meus pensamentos sombrios.
Encontrei refúgio na prateleira de livros, onde meus livros favoritos estavam esperando pacientemente por minha atenção. Escolhi um romance leve e me acomodei no sofá, tentando afogar meus medos nas páginas de uma história distante. No entanto, mesmo as palavras reconfortantes do autor não foram suficientes para acalmar minha mente agitada.
Cada rangido da casa parecia um sussurro ameaçador, cada sombra um presságio sombrio. Eu me sentia como se estivesse à beira de um abismo, com o desconhecido à espreita nas profundezas. Tentei me convencer de que era apenas minha imaginação, que o estresse dos eventos recentes estava me deixando paranóica.
Mas, mesmo assim, eu não conseguia me livrar da sensação de que algo estava errado. Decidi verificar todas as portas e janelas, garantindo que estivessem trancadas com segurança. Era uma precaução simples, mas me ajudou a sentir um pouco de controle sobre a situação.
Com o passar das horas, o silêncio opressivo da casa finalmente começou a diminuir. A luz suave do entardecer inundou a sala de estar, dissipando as sombras que haviam me deixado tão inquieta. Respirei fundo, permitindo-me relaxar um pouco, pelo menos temporariamente.
Enquanto a noite caía lá fora, eu me encolhi no sofá, envolvida em uma manta quente. Os pensamentos sobre o parque e a presença misteriosa se desvaneceram lentamente, substituídos pela exaustão de um dia cheio de emoções.
Finalmente, eu me permiti fechar os olhos, esperando que o sono viesse me levar para longe deste mundo turbulento. Mas algo tocando minha cabeça me faz gritar e pular do sofá.
Na minha frente está mamãe, tão assustada quanto eu.
— m-mae...?
— Vi que estava dormindo no sofá e imaginei que estivesse se sentindo desconfortável, então eu iria te acordar para ir para cama.
Meus batimentos cardíacos ainda estavam acelerados quando percebi que era apenas minha mãe, e não alguma ameaça sinistra. Uma onda de alívio inundou meu corpo enquanto eu tentava recuperar o fôlego.
— Desculpe, mãe. Eu estava tão cansada que nem percebi que tinha cochilado no sofá — murmurei, tentando acalmar os nervos ainda agitados.
Ela se aproximou com uma expressão preocupada, colocando uma mão reconfortante em meu ombro.
— Tudo bem, querida. Você pareceu tão tensa ultimamente, pensei que talvez um pouco de descanso pudesse ajudar.
Senti um calor reconfortante se espalhar dentro de mim diante da preocupação genuína da minha mãe. Por um momento, esqueci os medos e as ansiedades que me atormentavam e me concentrei apenas na conexão reconfortante entre nós.
— Obrigada, mãe. Eu realmente preciso de uma boa noite de sono — admiti, deixando escapar um suspiro cansado.
Ela sorriu gentilmente, seus olhos transmitindo um amor inabalável.
— Vou deixar você ir para a cama então. Se precisar de alguma coisa, estarei no meu quarto.
Assenti com a cabeça, observando-a se afastar antes de me levantar do sofá. Enquanto me dirigia para o meu quarto, deixei para trás os medos e as preocupações da noite anterior, focando apenas na promessa de um novo dia.
À medida que me acomodava na cama, senti um senso renovado de paz e segurança. Embora os eventos recentes tenham deixado cicatrizes emocionais, eu sabia que tinha o apoio amoroso da minha mãe para me guiar através dos momentos difíceis.
Com um suspiro de alívio, permiti que o sono me envolvesse, sabendo que, no final das contas, eu não estava sozinha. E então novamente aquele calor me envolve, aqueles braços fortes e aparentemente tão conhecidos por mim, mas não tenho forças para abrir meus olhos ou falar. Me encolho mais naquele calor, suspirando baixinho e cansada demais eu durmo.
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Ana Regina Fernandes Raposo
O CARA E SOMBRIU, EU TERIA MEDO DE ELE FAZER ALGUMA COISA COM MINHA MÃE
2024-12-05
1
Mellika Duarte
eu já teria pedido pra dormir com a minha mãe e teria contado tudo a ela
2024-07-09
1
Rosana Machado Maciel
coitada. eles estão fazendo ela ficar desestabilizada, pensando que está louca. me dá uma pena dela. a manipulação é cruel, eu já tinha ido embora desse lugar
2024-06-17
2