Quando acordei ele não estava mais ao meu lado na cama. A janela estava aberta como já era de imaginar, era por onde ele entrava e saia frequentemente do meu quarto.
Tomo um banho e visto uma roupa simples para sair um pouco de casa, acho que eu merecia respirar um pouco depois de todas as coisas que aconteceu pela noite.
Minha mente ainda está uma bagunça, e não consigo acreditar que realmente há um homem estranho tentando frequentemente acabar com meus dias que já não eram os melhores desde que cheguei na cidade.
Ao sair de casa, sou recebida por uma cidade mergulhada no caos. O ar pesado carrega o peso da tensão e do medo, enquanto o som distante de sirenes ecoa pelas ruas desertas.
Caminho pelas calçadas vazias, observando os danos deixados pela onda de destruição da noite anterior. Meus passos ecoam solitários pelas ruas desertas, enquanto os olhos curiosos dos poucos moradores que se aventuram a sair de casa me acompanham com um misto de desconfiança e apreensão.
Perdida em meus pensamentos, quase não percebo quando uma sombra familiar se materializa ao meu lado. Levanto os olhos e encontro os dele, amarelos e penetrantes como sempre.
— Você deveria estar em casa, Bea. É perigoso andar sozinha por aí — sua voz é grave, carregada de preocupação genuína.
— Eu preciso de ar, Ares. Não consigo ficar trancada o tempo todo, esperando pelo próximo ataque — respondo, minha voz vacilante enquanto tento manter a calma.
Ele me observa por um momento, seu olhar penetrante sondando minha alma em busca de respostas que eu não sei dar. Em seguida, ele estende a mão, oferecendo-me um apoio silencioso.
— Venha comigo. Eu sei onde podemos encontrar um pouco de paz neste caos.
Aceito a mão estendida de Ares, buscando conforto em sua presença familiar. Juntos, nos afastamos das ruas caóticas e adentramos um parque tranquilo que parece ter sido poupado da devastação que assolou o resto da cidade.
O ar fresco e o perfume das flores enchem meus pulmões, dissipando um pouco da tensão que havia se acumulado em meu peito. Caminhamos em silêncio por entre os caminhos sinuosos, banhados pela luz suave do sol que se filtrava entre as árvores.
Ares não diz uma palavra, mas sua mera presença ao meu lado é reconfortante. Ele parece entender a necessidade de tranquilidade, permitindo-me absorver a serenidade do ambiente ao nosso redor. À medida que avançamos pelo parque, a tensão em meus ombros começa a se dissipar, substituída por uma sensação de calma renovada.
Finalmente, chegamos a um pequeno lago cercado por salgueiros chorões. A água reflete os raios dourados do sol poente, criando uma cena de beleza serena e intocada. Ares me conduz até um banco de madeira próxima à margem, onde nos sentamos em silêncio, perdidos em nossos próprios pensamentos.
Por um momento, esqueço os horrores da noite anterior e me permito simplesmente existir, imersa na tranquilidade da natureza e na companhia reconfortante de Ares. O tempo parece desacelerar enquanto observamos os patos deslizando suavemente pela superfície do lago, e o crepúsculo tingindo o céu com tons de laranja e rosa.
— Você está linda hoje — sua mão toca a minha, fazendo um carinho em meu dorso. Nossos olhos se encontram após segundos de silêncio, olho para ele envergonhada e ele olha para mim como se eu fosse a coisa mais bonita que ele já viu.
— O-obrigada — sussurro desviando meus olhos.
Posso escutar o seu riso singelo, aquele riso leve que aquece o seu coração, principalmente quando é da pessoa que lhe parece tão única.
Em seguida seus dedos tocam minha orelha, seu toque queima, arrepia e me deixa desnorteada. Fecho os olhos, respirando o mais fundo que eu posso. Não tenho coragem para olha-lo, não tenho coragem para abrir meus olhos, mas sinto quando ele toca meu queixo e vira meus rosto, e eu fecho os olhos com mais força prendendo a respiração no compasso que e a respiração quente dele alcança a minha.
— Não vai olhar para mim? — ele pergunta em um sussurro sedutor. Fecho minha mão com mais força e nego com a cabeça sem parar. Ele deve me achar uma boba. — Tudo bem. Não é como se fosse precisar olhar pra mim agora.
Ele esfrega seu nariz em minha bochecha, um carinho que afeta todos os meus sentidos antes da sua boca se juntar na minha. Lábios tão macios e um cheiro viciante que me alcança e me deixa mole em seus braços. Ele me puxa com carinho pra cima dele.
Minhas pernas ficando em cada lado da sua cintura. Levo minha mão até seu cabelo da cor de fogo, puxando eles devagar.
É um beijo quente, devagar e quente. Sua boca faz caminhos pelo meu pescoço, seus dedos apertam minha cintura e ele, ele me força mais para baixo, como se desejasse que eu sentisse o seu volume, e eu o sentia, sentia até demais.
— Alguém vai nos ver... — tento me afastar, mas ele me impede.
— Não vão. Não se preocupe.
Fiquei tão encantada pela sensação do beijo que não me importei quando outro calor se juntou a nós. Me apertando por trás, agarrando minha bunda e subindo minha blusa devagar, quase expondo meus peitos. Foi aí que acordei.
— Ares! — me afasto rápido, e quando olho para trás não há ninguém além de mim e ele ali.
— O que foi? Fiz algo errado?
— N-nao, claro que não! Só achei que tivesse outra pessoa aqui...
O coração ainda disparado, minha mente tenta se orientar entre a realidade e o sonho que acabara de vivenciar. Ares me encara com uma expressão confusa, como se estivesse tentando decifrar meus pensamentos.
— Outra pessoa? — ele repete, franzindo a testa.
— Sim... Não sei, foi estranho. Deve ter sido só uma sensação estranha — murmuro, tentando acalmar os tremores que percorrem meu corpo.
Ares permanece em silêncio por um momento, seus olhos percorrendo meu rosto com uma intensidade incomum. Sinto-me exposta diante dele, como se ele pudesse ler meus pensamentos mais profundos.
— Você está bem? — ele pergunta finalmente, sua voz carregada de preocupação genuína.
Assinto, forçando um sorriso em meus lábios trêmulos.
— Estou sim, só preciso de um momento para me recompor.
Ares parece hesitar por um instante, como se estivesse prestes a dizer algo mais, mas então sua expressão se suaviza e ele se levanta do banco, estendendo a mão para me ajudar a levantar.
— Venha, vou levá-la para casa. Talvez um pouco de descanso seja o que você precisa.
Aceito sua mão, permitindo-me ser guiada por ele através do parque. Ainda me sinto um pouco abalada por aquilo que aconteceu, mas a presença reconfortante de Ares ao meu lado me dá uma sensação de segurança que me ajuda a encontrar alguma paz.
Mas eu ainda sinto aqueles dedos quentes atrás de mim, e eu reconheço-os, mas prefiro acreditar que realmente não havia nada alí.
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Fátima Ramos
Os dois a estão manipulando, um a fazer de bonzinho e meigo, o outro o mau e agressivo
2025-03-15
0
Ana Regina Fernandes Raposo
TUDO BEM QUE ELE E PERTUBADO MAIS CHEGAR A ESSE PONTO. APESAR QUE O PAI TAMBÉM ERA ASSIM.
2024-12-05
1
Mellika Duarte
será que é o Zade que coloca terror nela
2024-07-09
1