cidade sem lei

— Bea, você está bem? — sinto a cama afundar e um carinho em minhas costas que me faz acordar.

— Estou, por quê?

— Eu apenas estranhei que não tivesse almoçado.

— Fui na rua hoje, comprei umas besteirinhas pra encher a barriga e quando cheguei em casa tomei um banho e caí na cama — fingi um sorriso. Aquele assunto já estava acabando com os meus sonhos, não aguentaria mais um motivo para pensar nisso. — Mãe, por que você voltou cedo pra casa?

— Aconteceu um crime horrível na cidade. Toda a delegacia foi destruída. Uma explosão gigante que matou todas as pessoas lá dentro, nenhuma conseguiu sair a tempo.

— A polícia? — de repente sinto um aperto no coração — Ninguém sobreviveu?

Mamãe mexe a cabeça tristemente.

— O prefeito está resolvendo as coisas. A cidade vai ficar um pouco mais bagunçada sem a polícia pra interferir. Provavelmente ele vai chamar outros órgãos para cuidar, mas até que ele chegue, a criminalidade vai aumentar, então me escute, Bea — ela segura em meus braços com uma expressão assustadora — Você está proibida de ficar na rua à noite, ouviu? Até que as coisas se resolvam, teremos que ter cuidado em dobro. A cidade está sem lei agora.

Um barulho estrondoso de algo quebrando na rua faz nós duas arregalarmos os olhos. Andamos devagar até a janela; há muitos homens, quase como se fossem uma gangue, eles rabiscam tudo com grafite, quebram os carros e estouram as luzes dos postes.

— Venha, fique longe das janelas... — ela cobre a janela com a cortina e me puxa para longe.

Sentamo-nos à mesa da cozinha em silêncio tenso, o som distante dos tumultos ecoando ao fundo. O clima pesado paira sobre nós enquanto mastigamos nossa refeição, ambos perdidos em nossos próprios pensamentos sombrios.

Mamãe parece preocupada, suas mãos tremem levemente enquanto ela mexe a comida no prato. Seus olhos encontram os meus por um momento, cheios de angústia e medo pelo futuro incerto que se desenrola diante de nós.

Eu tento quebrar o silêncio pesado.

— Mãe, o que vamos fazer agora? — minha voz sai em um sussurro, carregada de apreensão.

Ela suspira, seus olhos desviando dos meus enquanto ela tenta encontrar as palavras certas.

— Vamos ficar juntas, Bea. Vamos nos proteger. Quando amanhecer só terá destruição, e no anoitecer tudo voltará a acontecer.

Eu assinto, sentindo um nó se formar na minha garganta. A incerteza do futuro paira sobre nós como uma sombra sinistra.

Continuamos nossa refeição em silêncio, mas desta vez, há uma determinação silenciosa entre nós, uma promessa mútua de que não importa o que aconteça, estaremos lá uma para a outra.

Volto para o quarto, verificando se as janelas estão fechadas, mas uma sombra no canto me faz recuar, tremendo.

— Entre sem fazer barulho e se tentar fugir terá problemas — sua voz, era ele, o mesmo homem.

Vestido de preto da cabeça aos pés, com uma máscara negra e olhos amarelos, tão parecidos com os de Ares... Mas não, Ares não faria isso, ele não parecia capaz.

Entro, fechando a porta silenciosamente.

— Eles não vão se aproximar da casa, não permitirei — ele suspira — Nunca imaginei que acabar com aquela delegacia traria tantos problemas.

— Foi você? Por que está fazendo isso pela cidade?

— Por você — ele se aproxima — Acha que eu deveria ter ignorado o que fizeram com você? — ele toca meu rosto — Todos eles mereceram, eram hipócritas que mancharam a farda da polícia.

— Eu não pedi por isso! — ele me empurra contra a porta, rosnando.

— Bea?! Você está bem?! — mamãe chama, preocupada.

— Diga que está, porra! — não é um pedido.

— Estou, mãe! Apenas tropecei, mas estou bem, não se preocupe!

— Deveria agradecer, eu fui piedoso em não acabar com você quando me desobedeceu. Eu mandei você não se aproximar da delegacia, mas você tinha que agir como a putinha mimada que você é — ele segura em meu pescoço com força, me fazendo sufocar — Você acha que eu estava brincando? Vou ter que rasgar mais uma parte de você pra que entenda que a partir de agora você tem que me obedecer?!

As lágrimas escorrem pelo meu rosto enquanto tento falar. Sua mão apertada em meu pescoço me sufoca, cortando minha respiração.

— N-nao, por favor... J-ja entendi... — minha voz sai em soluços, mal conseguindo formar as palavras.

Ele me solta abruptamente, fazendo-me cair de joelhos no chão, ofegante e trêmula. Seus olhos amarelos me encaram com uma intensidade assustadora.

— Lembre-se disso da próxima vez que pensar em desafiar minhas ordens — sua voz é um sussurro ameaçador.

Meu corpo inteiro treme de medo, mas tento reunir o máximo de coragem que posso.

— Por que está fazendo isso? O que quer de mim? — pergunto com a voz trêmula, temendo a resposta.

Ele se aproxima lentamente, seu olhar penetrante me fazendo estremecer.

— Você pertence a mim agora, Bea. — Sua voz é baixa, carregada de uma promessa sinistra. — E vou garantir que todos saibam disso.

Ele me joga na cama e eu fecho os olhos imaginando o pior, mas ele não faz nada. Ele deita ao meu lado e fecha os olhos, sem se importar em como tudo parece uma bagunça agora.

Sua presença ao meu lado na cama é como um peso insuportável, uma constante lembrança do perigo iminente que agora paira sobre mim. Meus músculos estão tensos, prontos para reagir a qualquer movimento brusco que ele possa fazer.

— Pare de me encarar — ele murmura, interrompendo o silêncio pesado que se instalou entre nós.

— Desculpa... — minha voz sai em um sussurro trêmulo, e viro-me na cama, tentando me afastar dele. O toque de suas mãos em minha cintura é como um fogo gelado, enviando arrepios por todo o meu corpo.

Ele me puxa mais para perto, seus braços envolvendo-me com força, como se estivesse reivindicando sua posse sobre mim. É uma sensação sufocante, opressora, que me deixa sem ar.

Seus dedos exploram minha pele delicadamente, traçando padrões invisíveis em meu corpo. Sinto-me fraca, impotente diante de sua presença dominadora. O toque de seus dedos em meu cabelo desfez o coque, libertando meus fios em uma cascata ao redor de nós. Uma massagem suave em meu couro cabeludo faz com que eu feche os olhos, entregando-me à sensação reconfortante que se espalha por mim.

Meu corpo relaxa involuntariamente, sucumbindo à sua manipulação habilidosa. Estranhamente me sinto segura e aquecida, e estranhamente esqueço por um momento que aquele homem estranho ao meu lado pode me matar a qualquer momento.

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Comments

Sheila Pedro

Sheila Pedro

eita

2024-05-12

0

Celeste Nogueira

Celeste Nogueira

concordo plenamente o irmão que merece ela tinha que aparecer uma doida para ele machucar

2024-05-10

2

Suzana Rodrigues pires

Suzana Rodrigues pires

prefiro o irmão esse é muito bruto

2024-04-26

1

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