Sou acordada pelos sons dos pássaros. Primeiro os sons, depois a luz passando pela capa da barraca e em seguida sendo finalizada com a dor incomoda em todo meu corpo. E é nesse momento que a ficha cai.
É nesse momento que eu percebo o que eu fiz, o que aconteceu na noite passada enquanto todos estavam dormindo ao meu lado.
Me levanto rápido, gemendo de dor, mas me mantenho de pé. Meu tornozelo está um pouco melhor, inchado, mas um pouco melhor, e ainda que eu manque estou conseguindo finalmente andar tranquilamente. Estou vestindo uma roupa nova, cheirosa e meu corpo aparentemente parece limpo, mas sei que não estou pela quantidade abundante que mela minha calcinha. Estou ficando encharcada e o líquido branco e grosso escorrega pelas minhas coxas, onde a mordida vermelha está cravada em minha pele como uma amostra de que não foi um sonho.
Céus, preciso ir pra casa, preciso falar com Ares. Preciso entender que porra está acontecendo e porque ele se parece tanto com aquele homem.
— Bea? Está acordada? — escuto Gabi perguntar.
— Estou indo! — grito enquanto tento limpar aquela bagunça em mim.
Assim que tenho certeza que estou tampada e que não tenho mais que me preocupar, saio da barraca com a mochila nas costas.
— Bom dia, dormiu bem ? — ela me pergunta servindo-me um sanduíche feito.
— Dormi sim. Obrigada por tudo... Me sinto um pouco melhor depois que pude finalmente ficar na tranquilidade da floresta.
— Esse é o espírito! — ela dar pulinhos felizes, posso ver a marca de chupão em seu pescoço, então tenho certeza que não fui a única que passou a noite fazendo coisas — Não se preocupe com a barraca. Eu vou desmontar e entregar para seu dono, acho que ele está cansado já que nem sequer saiu da barraca ainda.
— Com certeza está — murmuro, mordendo o pão que parece tão gostoso e recheado. E eu estava certa, está maravilhoso.
— Muitos já foram pra casa, se quiser pode ir na frente, tem muita gente dormindo ainda, preciso aqui e vigiar para que não fique nenhum sozinho aqui.
— Sério? não vai se importar de eu ir e te deixar aqui quando foi você que me trouxe?
— Não seja boba, tenho outras coisas para me preocupar. Volte para casa, tome um banho e descanse — ela me abraça — Não saia da trilha, ouviu?
— Pode deixar — me despeço dela e ando pela a trilha, assim como ela falou. Porém o som de um rio me faz desviar do meu caminho.
É lá que encontro Ares, calmamente se banhando no rio. Seu corpo nu, metade mergulhado na água, seus cabelos longos molhados e caídos para trás.
— Ares... — sussurro, e ele abre os olhos, me encarando seriamente — O que está fazendo tomando banho aqui?
— Fazer as coisas ao ar livre sempre torna tudo melhor — ele sai da água, sem se importar com a visão de seu corpo que agora tenho. Desvio os olhos timidamente, e posso sentir sua risada ao perceber meu constrangimento.
— Você não parecia tão tímida ontem...
Sua fala me deixa atordoada. Olho para ele, já vestido, enquanto se aproxima.
— Então você sabia? Sabia de tudo que ele estava fazendo comigo e não fez nada?
— Bea... — ele segura meu rosto — Você prefere ele, é isso? Foi por isso que transou com ele, foi por isso que se entregou tanto a ele que posso sentir seu cheiro a quilômetros de distância?
— O quê?! Ares?! Eu não estou entendendo!
— Era só uma brincadeira, Bea. Eu seria o bom da história e ele o vilão que adorava ir ao seu quarto à noite, não que ele seja a pessoa mais boa do mundo, mas ele conseguiu ser ainda pior do que o habitual.
— Brincou comigo...? — sussurro, as lágrimas escapando.
— Tornamos as coisas divertidas para nós três, hum... Acontecendo ou não, você seria nossa de qualquer maneira. Não pode sair por aí espalhando o cheiro do seu cio e não esperar que nada aconteça.
— Cio? Ares, do que está falando? Eu não sou um animal para entrar no cio!
— Não estou mais brincando, Beatriz. Não precisa mais mentir, já sabemos que você é uma loba.
— Não sou! Isso é impossível! — Empurro-o para longe de mim — Chega, eu não vou mais falar com você. Fique longe de mim.
Ele rosna quando o empurro, e viro as costas. O som de ossos se quebrando faz meu coração falhar uma batida. Lentamente, viro-me em sua direção, vendo a cena de seu corpo se transformando, grande e aterrorizante. Grito, corro, mas ele me derruba e sobe em cima de mim.
Sou forçada a olhar para seus olhos, os olhos mais belos que já vi. Eles olham para mim com carinho, e o medo que tanto me consumia desaparece, substituído por uma sensação de segurança e proteção em seus braços.
Minhas mãos encontram os pelos de seu peito, macios e ruivos. Ele ronrona como um gato, seu focinho se aproximando do meu rosto, onde ele esfrega suavemente minha bochecha antes de lamber meu rosto com delicadeza.
— Eu deveria estar com medo... — sussurro para ele como se fosse um segredo entre nós dois. — O que você é?
Um lobisomem?
Então, é assim que um lobisomem se parece?
— Não sei do que estava falando, mas não estou no cio, Ares. Não sou como você. Nem sabia o que era isso até ver você se transformar nisso. Me deixe ir...
Peço para ir embora, mas meus dedos continuam a acariciar seus pelos, apreciando a sensação macia contra minha pele. Me vejo imaginando deitar em seus braços, sendo aquecida e acalentada em uma noite fria. Um lado meu deseja descobrir, deseja sentir a sensação e não apenas imaginá-la.
— Me deixe... — o som de um tiro ecoa pela floresta. Tudo acontece rápido demais.
Ares geme enquanto cai contra o chão, em um grito que parte meu coração. Seu pelo se torna úmido e avermelhado. Meu coração quase para quando ouço os gritos masculinos logo atrás.
"Eu acertei, eu acertei ele."
Meus olhos captam a espingarda, e as lágrimas começam a escorrer sem parar enquanto encontro forças para me levantar e correr para o lado de Ares.
— Ares! Ares, levante-se! — ele não se move.
— Essa vadia! — alguém puxa meu cabelo.
— Não, me solte! — grito, e o homem ri — Ares!
— Depois que tirarmos a pele dele e cortarmos sua cabeça para exibir e empalhar, faremos o mesmo com você, gracinha. A diferença é que você terá um bom uso até lá.
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Atualizado até capítulo 63
Comments
daddi
meu Deus essa autora e louca só tem maldade nesse livro.jesus Cristo
2025-01-29
0
Ana Regina Fernandes Raposo
COITADO ELE NÃO TEVE CHANCE. CADE O IRMÃO.
2024-12-06
1
Julia Santos
eita kkkkkk
kkkkk
está vendo só
2024-10-06
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