capítulo 17

Eu consegui escapar de uma bronca da minha mãe, ela estava muito cansada e estava dormindo no sofá. Possivelmente estava me esperando.

Apesar do alívio, me sentia culpada. Afinal não era só eu que estava sofrendo com a perda do meu pai, ela também estava. Para piorar, sua única filha estava dando trabalho na escola.

“Ela não merece isso”

Fui para meu quarto e dormi.

No dia seguinte eu sabia que não teria escapatória,teria que enfrentar o erro de frente.

Me arrumei para ir à escola e assim que desci as escadas, encontrei minha mãe sentada na mesa, com café da manhã pronto. Em seu rosto não existia uma expressão certa, era uma expressão fria e misteriosa.

— Precisamos conversar! — Falou ela em um tom firme.

Me aproximei da mesa, com o coração acelerado. Estava com muito medo.

— O que houve mamãe? — Minha voz saiu contida e baixa.

— Você sabe o que houve — lança um olhar matador — Primeiro agrediu uma colega, depois fugiu da escola e só voltou tarde da noite…

— Me desculpe…

— Infelizmente desculpas não vão resolver o problema não é mesmo? Você me deixou preocupada, nem se quer me ligou para dizer onde estava!!! — Ao ver que estava perdendo o controle, minha mãe respira e se acalma — Me diga o que aconteceu ontem, porque eu ainda não estou acreditando… Você não é de fazer isso. O que aconteceu?!

— Eu… — faço uma pausa para respirar, pois estava bastante nervosa — Eu não queria fazer aquilo… Mas aquela garota falou coisas ruins. Disse que matei meu pai!

— E o que você pensa disso, se acha culpada pela morte de seu pai Annabeth?!

Eu não consegui responder, pois comecei a soluçar e a chorar. Eu sabia no meu interior que era realmente a culpada por ele ter morrido.

“Rebecca Lewis tem razão, eu matei meu pai”

— Anna… Seu pai fez o que qualquer pai faria, ele te protegeu. Os únicos culpados, foram aqueles homens… Que agora estão presos.

— Isso não tira minha parte da culpa. Eu fui o estopim do que aconteceu.

— Entenda uma coisa Anna… Seu pai jamais deixaria aqueles homens levarem você. Tenha certeza de uma coisa, se ele pudesse morrer novamente para te salvar das mãos daqueles estupradores… Ele faria novamente.

Em minha versão na delegacia eu tinha dito que aqueles homens queriam me violentar. Eu não tive coragem de contar a verdade, que eles estavam atrás de mim por causa da fórmula do Dr. David que está no meu sangue.

Eu queria me abrir para minha mãe e dizer o que realmente tinha acontecido. Mas, tem coisas que têm que ser mantidas em segredo até mesmo das pessoas que ama.

— Está quase na hora de ir para escola — fala minha mãe enquanto olha o relógio de ponteiro em seu pulso — Mas antes de ir, tem mais uma coisa que preciso te dizer… O que você fez ontem, quase fez com que fosse reprovada de forma automática. 

— Como assim quase fui reprovada de forma automática?

— Anna, com quem você acha que se meteu? Rebecca Lewis é uma garota importante… O pai dela quando soube, pediu para que você fosse reprovada automaticamente, por ter agredido seriamente a filha dele. Ele não só consegui, por causa do pai da Emme — Ela se levanta da cadeira e leva uma de suas mãos ao meu ombro — Mas ele não vai poder fazer isso por você sempre… Olha faltam poucos dias, se segure… Mantenha o controle… Anna, não pode perder seu progresso anual por causa de briguinhas!

— Isso não é justo… Não fui eu quem começou, além disso Rebecca…

— Entenda uma coisa Anna, ponha na sua cabeça… Não importa o que a Rebecca Lewis fala contra você, por mais terríveis que sejam as palavras dela… Ela pode fazer isso porque o pai dela é rico, mas você não pode reagir por nada ou pode ser destruída. Eles tem o poder… Existe um ditado Anna… Manda quem pode e obedece quem tem juízo. E eles mandam, os poderosos mandam! Está claro?! — pergunta ela olhando séria para meus olhos.

— Claro mamãe.

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