Névoa Da Noite: Desejo De Vingança
Posso ouvir o som de chuva caindo, era relaxante e calmo. Era tudo que eu precisava para relaxar, principalmente depois de um dia fatídico e ruim.
Permaneci de olhos fechados e me concentrei o máximo para voltar a dormir, porém algo não parecia certo. Minha cama parecia dura como pedra e um pouco úmida, meu corpo estava molhado e frio. Talvez uma consequência do meu dia estressante, ou talvez pelos pesadelos que tenho todos os dias desde que aquela tragédia aconteceu.
Minhas noites sempre são uma tortura, pois sou assombrada por fragmentos de memórias, misturadas com um toque da minha imaginação. Todas as noites quando fecho meus olhos, tenho o desprazer de reviver aquela cena de várias maneiras diferentes, uma pior do que a outra.
Por isso geralmente, quando tenho escolha prefiro não dormir. Só durmo quando sou forçada e vencida pelos limites do meu corpo.
Mas hoje é diferente, eu precisava dormir. Eu precisava ver aquela cena novamente e entender, por que minha mãe me traiu, por que ela cruzou os braços para algo que desmanchou nossa família? Será que não era passível de justiça? Ou será que não tinha importância para ela?
Um barulho forte como uma grande explosão toma conta do ambiente, silenciando o som da chuva. Me assustei e levantei da minha cama.
Porém, qual foi minha surpresa ao ver que não estava no meu quarto e sim em cima do teto de uma igreja, com visão para um cemitério.
Me levantei assustada, sem entender o que estava acontecendo, mas por pouco não cai de uma altura aproximada de 9 metros. Sorte que me segurei em uma das estátuas que existia próximo a beirada.
Assim que fiquei um pouco mais calma, olhei para minhas mãos, e para meu corpo, estava completamente molhado e frio, mas não era suor como imaginava e sim consequências da chuva que estava tomando todo esse tempo.
Além disso, não estava usando meu pijama, estava usando minha jaqueta de couro, calça preta, camisa preta com capuz, além de alguns acessórios, como cinto, luvas e algumas correntinhas. Além disso, estava armada com as armas ninja do meu clã.
Me virei e olhei diretamente para o sino reluzente da igreja, pude contemplar através do reflexo o meu visual. Arregalei meus olhos a ver que no meu rosto estava a lendária máscara kunoichi, que era chamada de Névoa da Noite.
— Mas o que significa isso?! — falei enquanto levava minhas mãos até meu rosto.
Não estava entendendo nada, minha cabeça tinha se transformado em uma violenta tempestade cheia de dúvidas. Não sabia como tinha parado ali, quem colocou aquela roupa em mim, se aquilo era realmente real ou fruto da minha imaginação, nem como peguei a máscara da lendária Kunoichi… afinal ela ficava no secreto dojo do meu sensei.
Voltei minha atenção para o cemitério e vejo que um caixão está saindo da igreja, juntamente com uma multidão que chorava pelo morto.
Sinto uma fisgada na minha cabeça e com ela vêm uma memória de anos atrás, uma memória dolorosa que nunca irei esquecer. Me apoio na estátua para me recuperar e assim que a dor passa voltei a olhar para a multidão.
Pude ouvir que o pobre coitado que estava sendo levado para seu destino final, tinha sido assassinado. Sua vida tinha sido roubada por um criminoso qualquer.
Assim que escuto isso, sinto outra forte dor de cabeça. Uma imagem de uma arma é projetada em minha mente. Me apoio novamente na estátua, mas desta vez ela acaba caído em direção ao chão e se espatifando, por sorte ninguém se machucou.
Contudo isso chamou atenção de algumas pessoas, que olharam diretamente para o teto. Por sorte uma kunoichi como eu, sabe quando desaparecer.
Em outro local, acompanhei o enterro de longe. A chuva continuava intensa, mas as pessoas se recusaram a abandonar o local, afinal aquele era o último momento em que veriam aquela pessoa e que não iria voltar mais. Tudo porque alguém se achou no direito de tirar sua vida.
Minha pergunta é “Será que a justiça será feita?”
Alguns anos antes…
Filadélfia — EUA
Eu era uma simples adolescente na época, como sinto saudades daquele tempo. O tempo em que eu tinha meus problemas, mas desconhecia o potencial da maldade humana. Uma coisa é vermos através da TV, outra é sentir na pele.
Quando era pequena eu e minha família, morávamos no Brasil. Especialmente no Rio de Janeiro. Minha mãe e meu pai trabalhavam para uma família bastante rica e poderosa, os Roseberg’s. Minha mãe, Sarah, era cozinheira e meu pai,Richard, motorista, mas ele tinha um segundo emprego, meu pai tinha uma academia de artes marciais. Foi com uma grande parte do dinheiro dela que conseguimos ir para Filadélfia(EUA) , a terra natal de meu pai.
Segundo ele seria melhor assim, afinal considerava o Brasil um lugar violento demais, principalmente para se criar um filho.
Chegamos aqui, mas para minha surpresa, não tinha ninguém da família do meu pai. Segundo ele, os pais dele ficaram decepcionados por ele ter largado o negócio da família, para ficar no Brasil. Porém, ele não se arrependia, afinal foi onde conheceu minha mãe e foi lá onde ele me teve.
Porém, sempre que ele me contava essa história, podia sentir que tinha algo mais. tinha algo faltando naquele quebra cabeça, mas nunca soube exatamente o que.
Apesar de ter uma dupla cidadania brasileira/americana, as pessoas desse país sempre me viram como uma estrangeira. Me dei conta que se eu quisesse merecer morar e crescer de todas as formas neste lugar, precisaria dar o melhor de mim. Me dediquei aos estudos como nunca, e descobri que tinha uma inteligência e facilidade de aprender bem fora do normal, pelo menos para minha idade. Com menos de um ano já dominava o inglês completamente, inclusive perdi meu sotaque carioca.
as coisas estavam indo muito bem, mas poderia ficar ainda melhores, eu queria ser melhor eu precisava… Eu via o quanto, meus pais se sacrificaram o quanto trabalham duro, para manter a casa e colocar comida na mesa e pagar as contas. Me sentia na obrigação de retribuir o favor e jurei a mim mesma, que teria um emprego a qual eles não precisam mais trabalhar de forma tão dura, prometi a mim mesma dar uma melhor condição a eles.
Foi então que uma chance apareceu, uma chance para estudar na melhor escola do ensino médio da Filadélfia. Mas para isso, precisava eu tinha que participar de uma prova, mas não era só isso, eu teria que fechar a prova para garantir uma bolsa 100%, 90% 80% não era uma opção, pois meus pais não teriam condições para pagar as parcelas mensais que eram caríssimas.
Entrei nervosa e sai ansiosa, após alguns dias o resultado saiu… Fui a única a passar em primeiro lugar, uma estrangeira conseguiu passar em primeiro lugar. isso surpreendeu inclusive o dono do colégio, que no primeiro dia de aula, fez questão de me conhecer pessoalmente.
Mas nem sempre o que parece bom é algo realmente bom. Eu tinha esperanças de ter acesso a melhor faculdade possível, entrando em uma escola respeitável. Mas, como sempre, há sempre uma pedra no caminho para nos atrapalhar.
A escola foi um inferno, durante três anos passei a comer o pão que o diabo amassou, nas mãos dos riquinhos mimados daquela escola. Mas ninguém era pior que Rebecca Lewis, a garota que fazia questão de me lembrar que aquela escola não era para mim, que aquele não era meu lugar, não era lugar para uma pobre como eu, que não tinha bilhões nas contas, que não tinha carros de luxo, mordomos ou mansões gigantescas.
“Talvez ela tenha razão… Pessoas ricas e importantes, não se misturam com pessoas como eu. Não importa o quanto sou inteligente, não importa o quanto sou a frente da minha idade, o que importa são as notas verdes na carteira”
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Marcia Cristina Carneiro
começando hoje dia 01/01/25/
2025-01-02
0
sn
interessante gostei/Rose/
2024-12-30
1
Mellika Duarte
difícil
2024-05-03
2