20– Encontro

 Ronni observou Aretha entrar na casa. Só então conseguiu ter controle sobre si, era uma experiência nova para ele. Ao perceber que o seu "desconforto" havia acabado, levantou-se e foi direto para o seu chalé, precisava com urgência de um banho frio.

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Na noite escura ele corria por entre a vegetação, desviando de algumas árvores, deixando a fera adormecida livre. Após a caça, correr como o vento era o que ele mais gostava, o lobo se acalmava e Ronni, com isso tentava tirar do seu íntimo a imensa vontade de estar com aquela moça, de toma-la num abraço e a possuir…

Aretha era a mulher daquele prostibulo em Londres e também no aeroporto. Ele reconhecia aquele cheiro que o fascinava e o deixava com pensamentos de pura luxúria.

Não entendia o que era aquela fome incontrolável que sentia por ela. Nunca havia sentido algo assim, nem mesmo antes de se tornar uma fera, uma mulher mexeu com ele assim. Aquela confusão de sentimentos era algo novo para ele e o incomodava muito, pois gostava de ter o controle. Tinha apenas uma vaga lembrança do que o seu amigo Marcus sentiu por Linda, foi algo avassalador, como se eles fossem predestinados.

 Não acreditava que uma fera pudesse amar, certamente aquilo era apenas uma atração, falta de sexo, bastaria jogá-la na sua cama e tudo se acalmaria. Não seria difícil, pensou com um sorriso confiante, ele sempre teve muitas mulheres aos seus pés e uma mulher como ela, de vida " fácil ", não o recusaria. Depois voltaria a ser o mesmo de antes, sim... era isso! Iria possuí-la, virar as costas e seguir com a sua vida errante de antes, essa era a sua realidade, não havia espaço para mulheres ou para sentimentos, ele era um caçador de lobo mau.

 Com esse pensamento, correu com mais ânimo por entre as árvores, estava livre de qualquer culpa, medo ou de qualquer preocupação. Resolveu o seu dilema, não tinha mais dúvidas, era apenas algo corporal, apenas sexo e nada além disso e, se conseguir se enfiar nela fosse a solução, era o que faria. Se livraria de um incômodo e ao mesmo tempo se satisfaria.

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 Aretha resolveu que naquela manhã precisava limpar o chalé azul, afinal de contas ele estava ocupado há mais tempo que os outros, como continuaria com aquele locatário por mais uns dias, era necessário organizar tudo.

 De bermuda jeans, camiseta rosa e o cabelo amarrado no alto da cabeça, bateu a porta segurando um balde com produtos de limpeza. Para a sua surpresa, a porta estava apenas encostada, estranho.

 Empurrou lentamente a porta e deu uma olhadinha, cama estava desarrumada, mas vazia.

 Certamente ele havia saído para caminhar, seu avô comentou algo sobre ele gostar de caminhar pela mata.

Sem pensar duas vezes, entrou, deixou o balde no meio do quarto e foi direto para a cama. Se tivesse sorte, deixaria tudo pronto antes que ele retornasse.

Os seus avós terminavam de preparar o desjejum para os locatários, alguns já andavam pelo jardim e logo mais chegariam os visitantes para o almoço, tinha de ser rápida.

 Esticou os lençóis e cobriu a cama com a colcha. Ao arrumar as almofadas, sentiu um cheiro que a fez se arrepiar. Era o cheiro dele, meio amadeirado, provocante ...

 Pegou o balde e foi limpar o banheiro.

 "Pensamentos tolos nos leva a fazer tolices ".

 Isso era um fato. A melhor forma de livrar-se desses pensamentos era ocupar a mente e as mãos, o trabalho era uma solução. Com isso na cabeça, limpou rapidamente o banheiro, deixando tudo com cheiro de limpeza.

 Voltando ao quarto recolheu o lixo e várias embalagens vazias de biscoitos.

" Aquele homem estava se alimentando apenas disso?"

 Não entendia o porquê dele se recusar a uma comida caseira e saudável, para comer essas coisas. Definitivamente não entendia as pessoas, por isso preferia ficar afastada, assim não criava expectativas que iriam decepcina-la no futuro.

Pronto! Foi rápida, terminou antes que o ocupante do chalé retornasse. Juntou todos os materiais de limpeza, colocou no balde, deu uma última olhada:

— Perfeito!

O chão limpo, cama arrumada, tudo organizado, sem sombra de dúvidas ela foi rápida, sairia dali sem ser vista.

Virou-se para sair, cheia de contentamento pelo serviço concluído. Só não contava com uma muralha a sua frente. O balde foi ao chão e ela só não caiu porque um par de braços a segurou firmemente, as suas mãos espalmadas sentiram cada músculo daquele tórax. Ergueu o olhar e lá estava o senhor O'Maile, o rosto não demonstrava nenhuma emoção, mas as mãos na sua cintura eram quentes e a seguravam, puxando-a para mais perto.

Ela podia sentir o leve perfume madeirado misturado com suor, mas era um cheiro bom. Ele estava suado, como se estivesse a correr, a sua pele estava quente e o coração acelerado…

Aretha tinha uma leve percepção de que devia sair dali o mais rápido possível, mas uma força estranha a fazia ficar onde estava, como uma boba, de olhos arregalados, olhando para aquele rosto enigmático imaginando o sabor daquela boca.



A sua mente estava apagada, o seu único pensamento era em como aquelas mãos na sua cintura a deixava mole e aqueles olhos a fazia querer se perder no seu interior.

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Quando Ronni voltava da mata, já vestido com a sua calça que pegou no esconderijo, o sol já despontava e alguns ruídos dos chalés vizinhos já podia ser ouvidos. Antes de sair da proteção das árvores, sentiu aquele cheiro…

Ela estava por perto, precisava tomar um banho e se vestir, só não imaginava que ela estaria no seu chalé.

Segurou-a para que não caísse, teve uma leve percepção do balde que caía, mas o seu foco estava nela, em como ela cheirava bem, na cintura fina e nas mãos delicadas em seu peito.

O que era aquilo?

Ronni tinha aquela sensação de estar "em casa", que o seu corpo devia sentir o dela, ela era sua, somente sua, mas livraria desse desejo.

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