11– Preparativos

 Dois dias já haviam se passado, e Aretha estava exausta, mas feliz. Chegava o fim de semana, ela limpou com capricho cada chalé, deixando-os prontos para a chegada dos locatários. Caprichou em especial no chalé azul, o senhor aposentado antes que os outros, a reserva já havia sido feita.

 Vô Owen avisou que a reserva já estava confirmada e a chegada seria para a quinta após o almoço. Então ela arejou bem o local, deixando sobre a pequena mesa um vaso com flores que colheu do jardim. Se ele era um fiel locatário, merecia cuidados especiais.

 No final do dia, ao fechar a porta do chalé azul, sorriu com a idéia que teve. Faria um suco fresco e um bom sanduíche frio para assim que o homem chegasse, pudesse se alimentar. Seria um agrado que qualquer idoso gostaria de receber e não se esqueceria.

  Correu pelo gramado, indo até o seu lugar preferido.

 Ela encontrou uma enorme pedra numa pequena clareira entre as árvores, gostava de ir até lá ao final do dia para se despedir do sol, era muito lindo ali em cima. Ficava apenas uns 2 m do chão, mas podia ver a imensidão verde e um pequeno lago por entre as árvores.

 Ainda não teve tempo de ir até lá, mas logo iria. Ela queria conhecer toda a propriedade, sentia-se mais próxima do seu pai.

 Abriu os braços sentindo vento no seu rosto, era bom ficar assim sentindo a natureza tão próxima de si, era uma sensação de liberdade que há muito tempo não despertava. Ficou assim por um tempo, com coração livre, então gritou para o vento e sorrindo, correu para casa.

 Sentia-se como uma menina começando a viver, já que, desde que a sua mãe separou-se do seu pai, ela não teve vida e quando aquele homem entrou na vida da sua mãe, as coisas só pioraram. Podia ser mesquinho da parte dela, mas estava feliz com a morte dos dois, Sofia poderia ter uma existência melhor da que ela teve.

 Jantaram e logo Aretha se dispôs a lavar toda a louça e organizar a cozinha, como fazia todos os dias. Os seus avós e Sofia estavam na varanda, planejando o dia seguinte. Ao terminar, retirou o seu avental secou as mãos e foi se juntar a eles. O seu avô estava tranquilo na sua cadeira de balanço, enquanto Sofia estava quase adormecida no colo de Ema.

 — Amanhã Max e Egon chegam cedo. Eles organizam tudo lá fora cuidam do gramado. Você ajudará a sua avó com a cozinha. Deixamos as coisas quase prontas para que ela não se canse muito andando para lá e para cá.

 — Sim, mas a minha maior preocupação é o que faremos com Sofia. Ela precisa ficar por perto.— Aretha falou sem esconder a sua preocupação.

 — Não se preocupe. — Vô Ema acariciava os cabelos da criança no seu colo. — Seremos cinco pares de olhos sobre ela, os meninos podem ajudar.

 — Ela entenderá se explicarmos para que durante esses dias deverá e comportar e ser obediente Sofia é esperta e entenderá. — O homem olhou para a criança com um sorriso amoroso.

 — Tudo dará certo. Se antes davam conta, agora podem contar com mais um par de mãos dispostas a ajudar.

 — Aretha, minha neta, você fez muito em pouco tempo, mas quero que observe o andamento dos trabalhos desse fim de semana para mudar o que achar melhor. Afinal, tudo isso será seu, como era o desejo do seu pai. — Owen falou.

 Então, ele levantou-se pegando Sofia dos braços da esposa, levando-a para o quarto, já era tarde.

— Estou feliz por você estar conosco. Depois que o seu pai foi-se, os nossos dias eram um eterno esperar. Cuidamos de tudo para quando você nos procurasse, a POUSADA DA LUA estivesse a pleno vapor.

 Nesse momento, o seu marido veio para empurrar a sua cadeira de rodas.

 — Vou descansar, amanhã será o início dos trabalhos. Boa noite Aretha. — Ela falou com voz cansada.

 — Tranque tudo Aretha e durma com os anjos.

Aretha apenas sorriu para o seu avô, juntou as suas pernas sobre a cadeira e abraçou os seus joelhos, apoiando a sua cabeça sobre eles pensativa. Estava ansiosa a chegada dos locatários na sexta feira, queria ver como eram as coisas, ver como tudo funcionava para poder entender , já que tudo seria dela um dia.

 As vezes sentia falta de estar com alguém da sua idade, ir ao cinema ou talvez em uma lanchonete com os amigos. Aos quase vinte e seis anos, nunca havia colocado os pés num “shopping” para passear. O seu padrasto não gostava, a sua mãe simplesmente não permitia. Agora as mulheres da sua idade já tinham família, uma vida a seguir, ela ficou para trás, como se ainda fosse uma adolescente.

 Agora o seu foco seria Sofia e o sonho do seu pai. Iria transformar aquele lugar…

 Assustou-se , o gato de Sofia, que pulou em seu colo. Estava esfriando, já era hora de entrar e descansar, afinal o primeiro hóspede chegaria no dia seguinte.

 O senhor O'Maile era um homem aposentado, deveria receber cuidados especiais e Aretha decidiu que mesmo ele não saindo para as refeições, não levaria o seu prato até o Chalé, talvez ele sentisse fraqueza nas pernas e preferia não se esforçar.

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 Ronni O'Maile saiu do aeroporto puxando as suas malas até o táxi livre.

— Preciso alugar um carro. Leve-me até a locadora de veículos mais próxima, por favor.

 Rodaram por cerca de vinte e cinco minutos até chegar ao destino. Ele optou por uma picape, ela faria o percurso com mais tranquilidade. Dessa vez preferiu não ficar refém de um táxi, já que ficaria ali por mais tempo, seria umas férias necessárias para poder voltar a caça novamente.

Colocou as suas malas no carro e resolveu parar no caminho para comprar alguma cerveja e petiscos. Comprou alguns bifes para deixar no frigobar, gostava de caçar quando ia para a pousada, mas no primeiro dia talvez não tivesse chance.

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