19— Contato

 Owen estranhou a presença daquele cliente mais fiel, ele não costumava sair do chalé.

— Boa noite, senhor O'Maile.

Ronni apenas o cumprimentou com um balanço da cabeça. Apesar de aquele senhor emanar a mais pura bondade, ele não queria fazer laços de amizade, tudo poderia se complicar.

— O cheiro é bom, não é mesmo?— O homem falava cheio de sorrisos, sem perceber que Ronni não lhe dava atenção. — Foi uma ideia da minha neta Aretha. Ela chegou aqui nessa semana e espero que ela fique para sempre. Já estamos velhos e gostaria de que ela assumisse tudo, Esse era o desejo do seu falecido pai, meu filho.

— Aretha. — Ronni repetiu o nome sentindo algo estranho em seu interior. Que pensava nela tudo muito estranho. Só podia estar ficando doente. Se interessou perde essa forma e agora que era um lican, desejava se aproximar de nenhuma.

Ronni ficou em volta do "braseiro" o velho colocava as carnes em cima de uma chapa e os próprios clientes vinham e escolhiam o seu pedaço.

— Pegue pegue um prato, senhor O'Maile e sirva-se. Sei que não gosta de se misturar, mas venha e sinta esse sabor.

Roni acabou por pegar um prato, de uma porção de salada e dirigiu até onde estava a carne mas não pegou a que estava separada para servir-se, pegou alguns bifes quee foram colocados naquele momento na brasa e estavam ainda sangrentos.

Owen olhou com espanto para Ronni, mas não comentou, afinal cada um tem o seu gosto. Ronni por sua vez, sentou-se perto de uma mesa ali, quase ao lado, para saborear aquela refeição. Definitivamente o cheiro da carne o conquistava, era o instinto do seu lobo falando mais alto.

Quando estava por acabar a sua refeição, o senhor Owen trouxe mais algumas fatias de bife mal passado. Apenas quando teve a sua fome aplacada, se deu ao trabalho de observar a movimentação a sua volta.

Alguns casais com seus os filhos conversavam alegres. A maioria terminado a refeição e lá estava ela novamente, agora sabia o seu nome Aretha. Aspirou o ar profundamente tentando concentrar todos os seus sentidos naquele odor maravilhoso: o cheiro da Inocência. Não sabia o porquê sempre que ela estava por perto, era esse o cheiro que predominava e isso mexia com ele.

Era algo muito estranho, não era apenas desejo carnal, era algo bem mais que isso. Isso ia ser um engano, ele jamais se ligaria a uma mulher, ser um lican não era seguro. Foi por isso que a dois anos decidiu viver apenas por ele.

Estava inquieto. Sentia-se incomodado vendo o olhar dos outros homens sobre ela, aqueles imbecis não respeitavam nem as suas companheiras. Um sentimento que ele nunca experimentou, o sentimento de posse. Era como se Aretha pertencesse a ele, por sorte o ruído a sua volta encobriu o pequeno rosnar que saiu da sua garganta.

Ela caminhava sorridente por entre as mesas sem perceber o quanto a calça jeans colada em seu corpo, a deixava sexy. Ronni observava a leveza de seus movimentos como se estivesse em uma dança sensual, ele engoliu em seco... estava tendo uma firme ereçãö com pessoas a sua volta, nem em sua adolescência cometeu uma falta como essa.

Por sorte, a toalha da mesa ajudava a encobrir a sua vergonha, e, quando ela aproximou-se de sua mesa, ele precisou conter a respiração ou faria alguma loucura, era impossível controlar seus instintos animais com aquele cheiro de inocência tão proximo a ele.

Ela falava alguma coisa, mas ele apenas olhava o movimento daquela boca tinha mil fantasias nada decentes. Foi quando ela tocou em seu braço, chamando a sua atenção educadamente.

Ronni O'Maile sentiu-se um condenado. A sua ereção pulsava em suas calças e o seu lobo queria rosnar: MINHA!

Isso era mais pura loucura, mas algo dentro dele havia mudado. Era como o chão, tudo o que acreditava havia se perdido, ele apenas gostaria de se perder naquele olhar e naquele corpo.

— Senhor O'Maile. — a voz era sussuante como de uma amante. — Senhor O'Maile, gostou da novidade? Gostaríamos de saber como foi essa experiência para o senhor.

Ronni raspou a garganta, tentando baixar a voz:

— Foi uma experiência única. — Ele falou com a voz ainda rouca de desejo e com um sorriso sedutor.

Aretha podia sentir a corrente elétrica que passou quando tocou o braço forte daquele homem. A forma que ele olhava para sua boca, fazia com que ela desejasse tocar aqueles lábios com os seus. Era um pensamento estranho visto que nem tinha experiência em beijo. Mas aquele homem tinha algo a fazia querer ficar por perto.

Sentiu estar corada, as suas bochechas ardiam, sentir-se muito envergonhada, e o tom de voz e o sorriso daquele homem, deixava a entender de que ele falava outra coisa e não da novidade daquela refeição. O olhar daquele homem era ouro fogo e a queimava.

Sorriu-lhe e esforçou-se para sair dali, já que as suas pernas não queriam obedecer-lhe. Enquanto se afastava, sentia o olhar dele cravado nas suas costas.

"Céus que homem! Que olhar!"

Ela não entendia aquela sensação louca, de querer estar com ele, ser tocada por ele. Enquanto estava ao lado dele, ela sentiu-se desnudada por aqueles olhos.

Enquanto se afastava com a bandeja nas mãos, olhou mais uma vez para trás e até errou o caminhar ao sentir a força daquele olhar que a queimava por dentro.

Foi até a jarra de água, encheu um copo e tomou de uma só vez, na esperança de aplacar aquele calor que a consumia por dentro. Ele continuou sentado móvel por mais algum tempo.

Aretha foi até a sala para certificar-se da segurança da sua irmã. Sofia dormia no sofá, o sono dos justos.

Passou pela cozinha e de um beijo na sua avó, que estava sentada na sua cadeira de rodas observando o movimento pela janela. Quando Aretha retornou para fora da casa, os seus olhos foram direto para a mesa antes ocupada por Ronni e que agora estava vazia.

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