12– Inocência...

Ronni seguia pela estrada, já com o seu lobo inquieto dentro dele. O cão sabia que iria ficar em liberdade e isso o deixava agitado. Ronni queria aproveitar aquele isolamento para aprimorar os seus instintos e com isso tornar-se ainda mais mortal.

 O vento que entrava pela janela do carro, bagunçava os seus cabelos, mas ele também gostava daquela liberdade. Das outras vezes em que esteve ali, nunca foi incomodado pelo casal dono da Pousada da lua ou pelos dois garotos que os ajudava. Ficaria mais tempo que o de costume, já que estava sem pistas dos lobos naquela região, aproveitaria para ir até Marcus e Linda para saber como estavam os seus amigos. Marcus Petrus era dono de uma ilha próxima da Cornualha.

 Entrou na estrada secundária que levava até a pousada. Passou pela porteira aberta e seguiu direto para o "Chalé Azul", sabia que alguém iria até ele com as chaves, já era o seu costume.

 Não demorou muito e um dos rapazes que cortava a grama foi até ele para entregar as chaves. Ronni dispensou a ajuda que ele oferecia para descarregar o carro, preferia ter o mínimo de contato com o povo local.

Ao abrir a porta, sentiu o cheiro agradável de limpeza e de flores. Sobre um aparador um vaso com flores silvestres, mas tinha algo mais , um cheiro familiar... cheiro de inocência.

 De novo esse cheiro... Ronni pensou estar com problemas de olfato. Abriu a janela para que o ar novo entrasse e levasse todo aquele odor embora.

 O seu lobo estava agitado. Provavelmente por sentir a natureza a sua volta, mas teria que esperar até a noite, quando todos fossem dormir, aí sim poderia correr pela mata.

 Abriu o frigobar para guardar as suas coisas e encontrou uma pequena jarra de suco de laranja e um sanduíche frio. Sorriu, estava com fome e pelo visto mudaram a forma de recepcionar os visitantes.

 Tirou a sua camisa e os seus sapatos, sentou-se perto da janela de onde podia ver a imensidão verde lá fora. Com os pés apoiados numa banqueta saboreou o lanche e o suco gelado, lembrou-se de quando ainda tinha a sua mãe, fazia tempo que não era "mimado".

 Acabou por distrair-se e o sol já estava quase se pondo quando percebeu que o barulho lá fora havia diminuído. Foi até a pequena varanda e observou os dois ajudantes nas suas bicicletas pedalando para fora da propriedade. O senhor, dono da Pousada, virou-se em direção ao chalé e caminhou até lá.

 Ronni entendia que deveria ter o mínimo de contato, mesmo não querendo se expor.Tentou demonstrar calma e respeito.

 — Boa tarde, senhor O'Maile. — O velho disse.

 — Boa tarde, senhor Owen.

 — Encontrou tudo a seu gosto? Tem toalhas suficientes, cobertores…

 — Sim. Encontrei um suco e um delicioso lanche.

 Owen sorriu e coçou a cabeça antes de colocar o chapéu de volta.

 — Foi Agatha. Coisa dela...

— Obrigado pela atenção, estava faminto.

— Sim, foi o que ela pensou. Agora irei entrar, estamos com os preparativos para o fim de semana, ele promete ser agitado. Se precisar de algo, é só chamar. — falou estendendo a mão para um firme aperto de mão.

Ronni ficou por um tempo na varanda, deitado na rede, até que as luzes do pátio se ascenderam. Já era tarde. Levantou-se e foi para o banheiro, tomou uma ducha demorada para relaxar.

Estava com uma toalha na cintura e a outra nas mãos secando os cabelos, quando ouviu uma leve batida na porta, fez uma careta. O senhor Owen deve ter esquecido de algo, não tinha o costume de aparecer. Respirou fundo, parou o que fazia e foi atender.

 Abriu a porta, para a sua surpresa, havia uma jovem na sua frente segurando um prato de comida, ela estava paralisada. Ele só podia sentir o seu animal interior quase saindo. Foi algo estranho, que o deixou sem ação. O cheiro... esse cheiro o incomodava, deixava as suas entranhas em total alvoroço, era como se o lobo quisesse falar algo.

— Eu... Eu trouxe o seu jantar, senhor O'Maile.

 Ele podia ouvir o tom aveludado daquela voz com uma pitada de nervosismo. O som parecia uma suave melodia, ao mesmo tempo que provocava uma guerra interior.

 Esticou a mão e pegou o prato antes que ela o derrubasse. A garota levantou os olhos rapidamente, mas logo desviou o olhar e com o rosto corado, virou-se sem dizer nada e saiu em disparada rumo a casa.

 Ao olhar aquelas pernas bem torneadas e aquelas nadeg@s firmes, cobertas por uma bermuda jeans, veio em sua mente a mulher do aeroporto.

......................

 Aretha montou um prato com capricho e foi levar para o senhor O'Maile, ele era um cliente fiel, então teria uma atenção especial.

 Atravessou o gramado iluminado pelas luzes dos postes, subiu os dois degraus que davam acesso a pequena varanda e bateu à porta. Apenas na terceira batida que a porta foi aberta. O que viu a deixou de boca aberta e de "queixo caído".

"O velho senhor O'Maile não era tão velho assim."

Sentiu as pernas bambas ao ver parado a sua frente, uma montanha de músculos. A pele bronzeada estava cheia de gotinhas de água que escorriam pelo peito largo, aquela toalha branca em sua cintura...

 Aretha sentiu-se uma menina, mas com algo queimando dentro dela. Quando percebeu estar muda, olhando para as partes baixas do homem. Limpou a garganta e falou com voz falha:

 — Eu... Eu trouxe o seu jantar, senhor O'Maile.

 Ao levantar os olhos e ver o rosto bonito, de traços fortes, o cabelo que chegava até os ombros, estavam úmidos pelo banho. O brilho nos olhos daquele homem fez com que ela se sentisse nua, fazendo-a se arrepiar. Não era como os olhares que recebia no prostibulo em que trabalhou.

 Nunca na sua vida havia visto de perto, um homem seminú e aquele era um belo homem.

 Como uma idiota, virou o rosto e correu para a segurança da casa dos avós, com o rosto em brasa.

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Comments

Maria Izabel

Maria Izabel

Ronni e com certeza muito lindo 😍♥️😍

2024-03-16

8

Léa Aparecida Ribeiro

Léa Aparecida Ribeiro

Nossa o Ronni é lindo demais!!!
Bora colocar para ferver....kkkk

2024-03-14

1

Edilaine ❤️ (Dika)

Edilaine ❤️ (Dika)

mais capítulos autora 🥰👏

2024-03-13

0

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