Capítulo 18

Klaus,

Olho para ela me soltando de sua mão. Ela só pode estar louca. Ainda tenho 28 anos, estou na fase de curtir sem me amarrar, e ela vem com essa conversa. E por que logo agora?

— Pode esquecer isso, Dona Marisol. Só vou me casar quando me aposentar da máfia, não vou ter uma mulher para ser meu ponto fraco.

— Por isso seria bom você ter uma mulher que soubesse se defender, que fosse sua versão feminina.

— Não, pode parar. Se eu escolher a minha versão feminina, vamos acabar nos matando. Aí você não vai ter neto mesmo.

Ela sorri e me pergunta como foi com os caras do atentado. Eu conto o que fiz e Kiara ri, já minha mãe fica com um brilho nos olhos. Ela adora uma tortura, nunca vi igual.

— Bom, mãe e Kiara, amanhã vamos começar a desenvolver um plano para acabar com a organização. Até onde eu descobri, eles vão começar a filmar os atos sexuais e vender na mídia oculta. Mas até agora não me comunicaram nada, estou apenas sendo o banco deles. Então, vou viajar amanhã para a França e descobrir o que eles não estão me contando. Se eles querem me deixar no escuro, então vou derrubar logo essa merda.

— Eu vou com você... — Minha mãe cutuca Kiara para que ela fique quieta. — Tá bom, mãe, eu vou cuidar da senhora.

Olho para as duas e continuo desconfiado. Elas estão planejando alguma coisa e eu vou descobrir. O médico entra, faz um novo exame na minha mãe e diz que, se ela continuar assim, dará alta para ela amanhã de manhã. Resolvemos ficar nós dois aqui com ela.

Ela liga para o meu pai em chamada de vídeo e os dois ficam um bom tempo conversando, até que ambas acabam dormindo. Eu fico acordado em alerta. Apesar de termos pegado os cinco que atentaram contra a minha mãe, pode ser que haja mais deles por aí. Mas entrar aqui no hospital da máfia é pedir para morrer com um corte na jugular feito com um bisturi.

O dia amanhece e, enfim, o médico entra, examina a minha mãe mais uma vez e, em seguida, dá alta. Seguimos para o meu carro e Kiara leva o outro carro para casa. Ao chegarmos, a casa está bem silenciosa, mas, de repente, Maitê desce as escadas com a sua mochila nas costas.

— Onde você vai, Maitê? — Minha mãe pergunta e ela parece ficar surpresa.

— Vou voltar para Nova York. Acho que já passei dias demais aqui.

— Ah, não. Quero que você fique mais um pouco comigo. Por favor, Maitê, gosto muito da sua companhia. — Kiara fala, deixando Maitê sem jeito.

— O que tem na mochila? — Pergunto, pois parece que só eu vi essa mochila agora. Quando ela veio para cá, não trouxe nada e ainda estava usando as roupas da Kiara.

— Ontem à noite fui ao hotel, peguei as minhas coisas e paguei a conta. Hoje pretendia ir para casa...

— Ah, não. Sofremos um acidente, eu quero que você fique mais um pouco. Quero agradecer por você ter nos salvado, se você não tivesse agido, nós duas estaríamos bem longe de casa. Quem te ensinou a atirar?

— Minha... Minha tutora, no clube de tiros.

— Você foi perfeitamente bem, agora entendo por que você não queria lutar lá na arena do centro, você não queria humilhar aquelas mulheres, não é?

— Não, senhora, é que eu não sei lutar mesmo.

Sorrio com sua mentira, pois está na cara que ela está inventando isso. Sem que ela e ninguém percebam, pego um dos vasos da minha mãe e atiro contra ela. Ela segura o vaso no ar, seu reflexo foi perfeito.

Ela percebe que todos nós olhamos para ela e atira o vaso de volta em mim, com muita raiva nos olhos. Ela é esperta, sabe mais do que deixa transparecer, mas nas suas redes sociais, não encontro nada que a ligue à organização.

Com a insistência da minha mãe e de Kiara, ela diz que ficará mais alguns dias, mas que não pode demorar, pois tem que voltar logo para Nova York. Levo a minha mãe até o quarto, e ela chama as duas para acompanhar. Deito-a na cama, e ela começa a falar com as duas. Ela trata Maitê como se fosse filha dela, o que me deixa um pouco incomodado, pois não quero que a minha mãe se decepcione.

— Kiara, vou para o meu escritório, te espero lá para começarmos a trabalhar.

— Tá bom. Maitê, você fica um pouco aqui com a minha mãe até eu voltar?

— Claro que sim, pode ir, será um prazer ficar aqui com ela.

Eu saio pela porta com Kiara ao meu lado, falando mais que um papagaio.

— Ai, Klaus, ela defendeu a mãe, acho que a Maitê merece entrar na família, não acha?

— Você já está com casamento marcado, então aquieta o facho, já basta um homossexual na família.

— Ei, não seria para mim, seria... — Ela para de falar ao me ver olhando para ela bem sério, pois eu já até sei o que ela ia falar. — Qual é, Klaus, ela é linda e sabe atirar, seria uma esposa perfeita para você. E não é querendo jogar na sua cara não, mas eu vi como vocês dois estavam dançando, vocês quase se beijaram, não foi?

— Você não estava bêbada? — Pergunto, e ela começa a gargalhar. Não acredito que ela estava vendo aquela cena desastrosa. Como poderia me casar com uma mulher que nem sequer me deixou beijá-la?

— Além disso, ela não deixou você beijar ela, isso mostra que ela é uma mulher de respeito. Você deveria tentar. Apesar de que ela fala do namorado dela com muita dor, seus olhos se enchem de lágrimas ao lembrar do namorado que morreu no dia que a pediu em namoro. Vai ser trabalhoso, mas vai com tudo, maninho, que você conquista o coração dela.

— Eu não quero conquistar nada, para de falar, e vamos trabalhar, sua irritante. Lembre-se de que vai depender desse nosso serviço para herdar a máfia e as Damas Carrillo, então, bora trabalhar e parar de falar bobagem.

Ela dá risada, pega seu notebook e começa a pesquisar onde estão agora os mais poderosos da organização, se é na França ainda, ou em outro país.

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