Capítulo 6

Klaus,

Seu olhar não apenas penetrante, mas também desafiador, transbordando uma intensidade que me deixava desconcertado. E não era apenas o olhar que era assim, mas a própria dona dele, uma mulher misteriosa, que chama a atenção de qualquer homem.

Porém, eu estava até me divertindo com ela assumindo essa postura desafiadora, mas quando a vi espiar pela porta e testemunhar o castigo cruel que eu estava dando ao infeliz, meu sangue ferveu nas veias. Odeio quando as pessoas se metem onde não é chamadas.

Ela parecia assustada, porém não com medo. Percebi um sorriso sutil brincando em seus lábios ao presenciar a cena, revelando uma fascinação sombria que me deixou mais curioso ainda para descobrir quem é ela. E somente depois de perceber que eu estava olhando para ela, que ela mudou sua expressão para uma de medo, se fingindo de medo na verdade, pois parece ser uma bela atriz.

Meus olhos se voltaram novamente para o prisioneiro, cuja agonia era visível em seu rosto contorcido. O rato faminto se contorcia em sua barriga, devorando-o de fora para dentro. A gaiola que o aprisionava é de metal, uma prática cruel que eu adoro usar em quem não quer falar o que eu pergunto.

Em seguida, meu olhar retornou à mulher misteriosa que testemunhava tudo em silêncio. Ela permanecia imóvel, como uma estátua de pedra, recusando-se a se apresentar ou revelar qualquer informação sobre si mesma. Sua presença é perturbadora, deixando-me com uma sensação nada boa.

Eu até considerei a possibilidade de colocá-la naquele lugar sombrio junto ao infeliz, quem sabe assim eu consiga arrancar dela as respostas que tanto quero. No entanto, antes que eu pudesse concretizar meus planos, Kiara surgiu como uma figura salvadora, agindo como uma boa samaritana e interrompendo meu intento sombrio. Minha irmãzinha, sempre presente para atrapalhar meus planos mais divertidos.

Kiara rapidamente conduziu a mulher para longe dali, afastando-a daquela cena de terror que eu havia criado. Enquanto ela desaparecia da minha vista, eu redirecionei minha atenção para o meu coleguinha, que permanecia amarrado e indefeso, paralisado para não assustar mais o rato.

— Por que está fazendo isso, senhor? — Ele perguntou, a voz trêmula de medo. — Eu fiz tudo certo, como vocês me pediram.

Eu o encarei com um olhar frio e calculista, sabendo que precisava encontrar uma justificativa convincente para o que estava prestes a fazer.

— Não fez não. — Respondi com um tom de falsa convicção. — A polícia está nos perseguindo, e seu nome apareceu na ficha deles. Sei que, se você for capturado, vai revelar tudo. Então, é melhor eu te eliminar, não acha?

Eu mentia descaradamente, mas era necessário criar uma desculpa plausível para justificar o assassinato de um dos soldados envolvidos no esquema. O desespero tomou conta da voz do meu colega, suplicando por sua vida.

— Não, por favor. — Ele implora, com os olhos marejados de lágrimas. Medroso. — Eu já disse, o Riccardo caiu, a maioria dos caras caiu. Os que restaram são os pequenos, e eles estão planejando se reerguer.

Eu franzi o cenho, confuso com suas palavras. Como poderiam se reerguer se os grandes líderes da organização haviam sido derrubados?

— Como vão subir, se os grandões se ferraram? — Questionei, intrigado. Eu havia sido testemunha privilegiada da queda daquela organização criminosa, mas aparentemente eles haviam deixado para trás os envolvidos no comércio de escravas sexuais. Eles se esforçaram mais para derrubar o esquema do tráfico de órgãos humanos.

Me chamaram para participar do tráfico de órgãos. A proposta era tentadora, prometendo uma quantia generosa de dinheiro que poderia mudar minha vida para sempre. Mas, ao ouvir as palavras de Riccardo, meu estômago se revirou em repulsa. Ele falava sobre as transações mais lucrativas envolvendo crianças, e o choque percorreu meu corpo como um choque elétrico.

Naquele momento, uma fúria incontrolável tomou conta de mim. Eu queria acabar com a vida daquele monstro ali mesmo, sem pensar nas consequências. Mas eu sabia que precisava manter meu disfarce, infiltrado naquela facção criminosa, para desmantelá-la por completo. Era uma tarefa perigosa e arriscada, mas eu estava disposto a enfrentar tudo para proteger as vítimas inocentes e impedir que mais pessoas caíssem nas garras desse comércio horrendo.

— Me responde ou eu vou ligar o maçarico de novo em cima da caixa, e o ratinho que está dormindo vai acordar e terminar o serviço dele.

As palavras do cara cortaram o ar como uma lâmina afiada, revelando um plano ainda mais sórdido e perverso do que eu jamais poderia imaginar. Ele anunciou com uma voz trêmula que a organização estava prestes a lançar um novo esquema, um que mergulharia ainda mais fundo na escuridão da depravação humana.

O plano era simplesmente horripilante. Eles iriam sequestrar mulheres e forçá-las à prostituição, filmando tudo em tempo real. Essas imagens seriam transmitidas ao vivo na deep web e em outros sites obscuros, onde a fiscalização era praticamente inexistente. Cada acesso a essas transmissões macabras valeria mil dólares, e o mais perturbador de tudo era que os telespectadores teriam a oportunidade de participar ativamente, ditando o que queriam ver nas cenas. Era um verdadeiro pesadelo distorcido, onde todas as perversões e desejos mais obscuros seriam permitidos.

A sensação de repulsa se apoderou de mim, deixando um gosto amargo na boca. Como poderia existir tanta crueldade e falta de humanidade no mundo? Era como se as fronteiras entre a realidade e o inferno se quebrassem, e eu me encontrava em um lugar onde a moralidade e a decência não tinham mais significado.

Eu precisava agir rápido, não posso deixar que esses merdas consigam colocar esse plano em ação. Uma revolta grande cresce dentro de mim, a vontade de sair socando a cara de todos eles era grande de mais. Vou dar o melhor, ou até mesmo a minha vida para que esse sonho deles seja derrubado antes mesmo de irem para o ar.

Para cada coisa que eu vejo nesse mundo, achando que é a pior coisa que eu já vi, me aparece outra pior onde eu penso muitas vezes que o mundo não tem salvação não. Mas antes de eu morrer, vou levar a metade desses vermes comigo, e vou ensinar meu futuro filho, a ser igual a mim, para continuar o legado. Só falta encontrar uma boa esposa.

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