Capítulo 8

Depois de escrever o bilhetinho do coração, sigo para o hotel, tomo meu banho e durmo. De manhã, vou até a frente do prédio dele, mas não quero que o porteiro diga que fui eu. Então, quando passa um menino na rua, dou uma graninha para ele só para entregar a carta. O menino vai correndo e entrega para o porteiro.

Volto para o hotel assim que ele vai embora. Com um sorriso nos lábios por ter pelo menos abalado a estrutura dele, vou continuar fazendo esse joguinho com ele, até fazê-lo se desequilibrar e perder tudo antes de sua queda.

Não tive a minha vingança com o Riccardo, mas por saber que Klaus fazia parte do mesmo esquema que ele, será uma satisfação enorme matá-lo. E se o Júnior quiser tirar o meu distintivo, que ele o faça, mas ficarei feliz por isso.

Pego meu notebook e começo a pesquisar mais sobre os lugares por onde Kiara anda. Eu preciso me aproximar dela, ela é mais fácil de lidar do que Klaus.

Só que, diferente dele, ela não costuma expor a sua vida, o que torna a minha missão um pouco mais difícil. Compro uma moto para que eu possa me locomover melhor e seguir os passos dela.

Ela ainda mora com os pais e a mansão é cercada por muros altos, com vários soldados fazendo a proteção. Isso é diferente do apartamento de Klaus, que por ser um apartamento, fica mais fácil de encontrá-lo.

Fico com a minha moto escondida em uma parte da mata que tem ali. Os minutos se passam, e ela sai de casa com a sua moto. A sigo de longe, vejo-a parando em uma loja de roupas. Ela desce da sua moto e entra. Demora uma eternidade para sair, mas já marquei o nome da loja para depois vir investigar se é apenas uma loja mesmo. Ela sobe na moto, com algumas sacolas, e segue em frente.

Ela para em um local em forma de galpão, com muro alto e o portão com tiras de ferro. Isso chama a minha atenção, por parecer um pouco com o centro de treinamento da minha mãe. Quando ela sai e eu vou sair junto, sou surpreendida por um homem que manda eu descer da minha moto.

— Desça devagar e não olhe para trás, isso é um assalto, é melhor você obedecer.

Vejo a Kiara conversando do outro lado da rua. Poderia derrubar esse enviado do demônio, mas eu preciso me aproximar dela. Então, levanto as mãos e desço da moto. Olho para ele e vejo que não está armado e começo a gritar pedindo socorro.

Kiara, no mesmo instante, vem até mim com um soldado. O ladrão acelera a moto e sai voando. Me sento no chão fingindo estar chorando, e sinto as mãos dela no meu ombro.

— Está tudo bem? — balanço a cabeça e a levanto, olhando para Kiara. — Maitê?

— Kiara? Kiara, o cara roubou a minha moto.

— E você deixou?

— Ele estava armado, o que eu poderia fazer? — Ela pede para eu me levantar, estendendo a sua mão. Ela olha para a minha moto que vai embora.

— Vou resolver isso, vamos para a minha casa. — Concordo com ela e subo na garupa da moto dela. Mas agora percebo que, se ela olhar as câmeras de segurança da via, vai ver que eu estava olhando para ela. Espero que não tenha.

Chegamos na casa dela, onde sua mãe está conversando com Klaus. Ele se vira para mim e se assusta ao me ver.

— Você aqui? Veio roubar a casa da minha mãe também?

— Para, Klaus. Ela foi assaltada em frente ao quartel.

— Quartel? — Pergunto surpresa, e ela apenas olha para mim sorrindo, mas não explica nada.

— Ladrão que rouba ladrão tem 100 anos de perdão.

— Eu fui roubada, não foi igual no cassino. Lá você perdeu para mim, não foi roubo, foi um jogo justo.

A mãe olha para ele e sorri. Ela se aproxima de mim e acaricia o meu rosto.

— Você está bem? — balanço a cabeça concordando. — Você não me é estranha, como você se chama?

— Maitê Fortes. — Ela parece não acreditar, mas seguro firmemente o seu olhar. Parece que estou olhando para a minha mãe, o mesmo tom de desconfiança.

— Maitê, está aqui a passeio ou mora aqui?

— Vim passar uns dias, estou com problemas na minha vida e queria sair de Nova York e vir para Madri para respirar um ar diferente.

— E quando vai embora? — o que estava calado até agora se pronuncia, acho que feri o ego dele só por ganhar na mesa de pôquer, não é possível.

— Vou embora agora mesmo, não quero incomodar. — ele serra os olhos para mim, mas a mãe dele e a Kiara mandam eu ficar para o almoço. Percebo o Klaus revirando os olhos, e todos seguimos para a sala de jantar.

Kiara me puxa pelo braço e me faz sentar ao seu lado, e a refeição é servida.

— Onde você está morando, Maitê?

— Em um hotel, por enquanto. — Olho para o Klaus, que fica sorrindo de cabeça baixa, isso nele é tão... Irritante.

— Você tem namorado? — Kiara me pergunta, mexendo na minha maior ferida. Pois eu tinha aceitado ser a namorada do Léo minutos antes de entrar na casa para resgatar a Cecília.

— Tenho. — Falo baixinho e abaixo a minha cabeça. Tento segurar as lágrimas para não escorrerem dos meus olhos, mas uma escapa sem que eu consiga controlar.

— O que aconteceu? Por que ficou assim?

— Não é nada. — Respondo ficando sem graça, e a mãe dele muda de assunto, percebendo que eu não estou com vontade de falar sobre esse assunto.

Olho para o Klaus, que parece querer ler a minha mente, mas viro a minha cabeça para a Kiara.

— Ele morreu, foi? — Ele pergunta, e eu volto a olhar para ele, e meu sangue ferve de uma forma tão intensa, pois se não fosse pelo amiguinho dele, Léo ainda estaria vivo. — Responde.

— Eu vou embora, me desculpa senhora, sair assim, mas eu...

— Não, pode ficar. Klaus, para de fazer perguntas. — A mãe dele fala, e ele solta um sorriso, e minha vontade agora é agarrar o pescoço dele e apertar até esse infeliz parar de respirar. Se controla, Clara, se controla...

Marisol Carrillo Monserrat, 48 anos, mãe de Klaus.

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